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Aramis

33 anos depois, cinema catarinense renascendo

Foi em boa e feliz hora que Valêncio Xavier conseguiu vencer o cipoal burocrático e adquirir (por apenas Ncz$ 2 mil) uma excelente moviola que tanta falta fazia no Museu da Imagem e do Som. Apesar dos muitos anos em que esta moviola serviu para a montagem de milhões de pés de filmes em 35mm na Fundação Armando Álvares Penteado (SP), nas mãos do veterano Máximo Barro, que a vendeu agora. O aparelho continua em plena forma e com sua instalação na nova sede do MIS está possibilitando que nossos realizadores possam ali fazer as edições dos filmes, livrando-se de pesadas despesas que teriam se fossem recorrer a moviolas pertencentes a laboratórios particulares - que além do mais, no caso de Curitiba, não têm nenhum interesse de cedê-los para produções de terceiros. Além de Fernando Severo já ter feito na moviola Arriflex a primeira montagem de seu "Longas Sombras no Fim da Tarde" e Fernanda Morini ali trabalhar com o material de seu "Loira Fantasma" - dois dos quatro curtas co-financiados pela Secretaria de Cultura, que, se espera, sejam finalmente concluídos a tempo de tentarem o próximo Festival de Gramado, outros realizadores também buscam as asas protetoras do MIS. É o caso dos catarinenses José Henrique Nunes Pires e Norberto Verani Depizzolatti, que conseguiram rodar um curta em 35 mm, inspirado no poema "Morte do Leiteiro" de Carlos Drummond de Andrade (que poucos dias antes de sua morte, em 1987, cedeu os direitos do texto). Rodado em setembro de 1989 nas cidades de Anitápolis e Rancho Queimado, o material agora está sendo montado para um curta que terá o título "Manhã" - e que retoma 33 anos depois a busca de um cinema catarinense. Foi em 1957 que em Florianópolis um grupo de intelectuais ali tentou realizar o longa-metragem "O Preço da Ilusão". Numa ironia, o preço foi caro para a ilusão de fazer um filme de ficção naquele tempo: a obra ficou inacabada, perderam-se os negativos e dos integrantes do Grupo Sul, entre os quais nomes da expressão de Salim Miguel, ficou uma decepção que os levou a trocar o cinema pela literatura. Agora, uma nova geração representada por Nunes Pires e Depizzolatti quer com "Manhã" colocar Santa Catarina no mapa cinematográfico nacional. LEGENDA FOTO - Os diretores do curta "Manhã" e o diretor de fotografia, Cido Marques, durante as filmagens em Rancho Queimado. Agora o filme está sendo montado na moviola do MIS-PR.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/01/1990

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