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Adélia, os caminhos de uma jovem artista

Contrariando o adágio popular, a atriz Maria Adélia Ferreira foi para Portugal mas não perdeu o seu lugar. Ao contrário, ao voltar a Curitiba, há três meses, encontrou não só o carinho de seus muitos amigos e colegas como um imediato convite para integrar o elenco de "Noite na Taverna". Revelando-se também uma cantora afinada - tem sabido trabalhar com a voz - Maria Adélia foi um dos (poucos) destaques no espetáculo que Ademar Guerra e Oswaldo Mendes desenvolveram a partir dos textos e poemas de Alvarez de Azevedo - e que após uma primeira temporada no auditório Salvador de Ferrante, será levada a São Paulo. Os oito meses que passou em Lisboa - fazendo cursos, gravando três comerciais de televisão e sentindo as possibilidades artísticas na terrinha de seus avós - deram a Maria Adélia uma visão mais ampla do mundo. Se quisesse, poderia agora retornar a Portugal, pois recebeu até o convite para fazer um filme de longa-metragem (que terá Paulo Autran num dos papéis centrais), mas entre desenvolver vários projetos curitibanos e ser mais um a lutar por um espaço em terras distantes, está preferindo, de momento, "ficar por aqui mais algum tempo". Paulista de Ipauçu, 28 anos, desde 1980 em Curitiba, formada pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná - a perspectiva de uma carreira como cenógrafa e figurinista é sempre uma opção (inclusive para evitar que oportunidades cariocas continuem e sugar as produções locais), Adélia tem um curriculum expressivo. Já fez uma dezena de peças, gravou bons comerciais e, na modéstia de quem tem real talento, está sempre interessada em aprender cada vez mais. O que a levou, em outubro do ano passado, aproveitando a oportunidade de um convite familiar, a viajar a Portugal. Após um curso de arte dramática e também de manequim, surgiram três oportunidades para fazer comerciais destinados a televisão. O primeiro foi para o "Pronto", um sabão instantâneo, da Johnson & Johnson. Depois, vieram os comerciais do "Sumol" (refrigerante) e da revista "Xana" - todos veiculados nas duas redes nacionais de televisão de Portugal. Há um mês, quando sua prima lisboeta, Maria Manuel, veio a Curitiba, lhe trouxe a boa notícia: após o seu retorno, os coordenadores de elenco de um longa-metragem (que começa a ser rodado agora) haviam tentado encontrá-la para convocá-la a fazer um papel de relativo destaque numa produção ambiciosa. Sua imagem vista nos comerciais, seu tipo característico e a facilidade com que se ajustou ao sotaque lusitano contaram para este destaque. Depois de "Noite na Taverna", Adélia Maria Ferreira começa a se preparar para um projeto mais audacioso: seu amigo Edson Bueno - que há 5 anos, lhe confiou um dos papéis de destaque em "Um Rato na Família", a convidou para o papel central de "Quartett", na personagem que Tônia Carrero interpretou na vanguardista montagem carioca deste texto difícil, denso, livremente inspirado em "As Ligações Perigosas" de Chanderlos de Laclos. "A oportunidade de fazer "Quartett" é sempre uma expectativa artística que compensa. E entre ser apenas mais uma coadjuvante em Lisboa ou São Paulo, ou fazer algo de mais substancioso por aqui, de momento pelo menos fico com esta opção" - justifica sua permanência. "Ao contrário de tantos colegas que se cansam e desanimam ou sonham apenas com oportunidade lá fora - acho que ainda há muito de bom a ser feito em termos locais. Apenas há que se ter disposição e garra..."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/11/1989

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