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Aramis

Afinal, filmes de ação para lotar os cinemas da cidade

Para que Aleixo Zonari, o simpático comandante local do circuito Fama Filmes, volte a sorrir - após semanas de rendas indigentes na maioria dos cinemas de seu grupo - estreou ontem "Máquina Mortífera 2", que no esquema de violência-ação pretende repetir o êxito de bilheteria da primeira parte, realizada há dois anos e que foi um dos grandes êxitos de bilheteria da temporada de 1987/88. Em termos de qualidade, não há que se esperar muito... Se não dá para fazer continuações, refilma-se. Foi o que fez Frank Oz, abandonando o gênero infantil e aproveitando o mesmo argumento que, há 25 anos, reunia Marlon Brando e David Niven em "Dois Farristas Irresistíveis" (Bedtime Story), de Ralph Levy. "Os Safados", agora com Steve Martin e Michael Caine é no mesmo esquema e está fazendo uma boa carreira nos cinemas. No mais, são reprises - como "Um Amor de Swaan", que o alemão Volker Schlondorff adaptou do primeiro volume de "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust, com Ornela Mutti, Jeremy Irons e Alain Delon (Cine Luz); "Rosa de Luxemburgo", de Margarethe Von Trotta, que há três anos valeu o prêmio de melhor atriz a Barbara Sukowa em Cannes (dividido com Fernandinha Torres, por "Eu Sei que Vou te Amar", no Groff); 9 ½ Semanas de Amor", de Alan Lyne - o filme cult que as adolescente adoram (e se identificam) no Cinema I; "O Último Imperador" no distante Cine Guarani e "Kuarup", de Ruy Guerra, que permanece até domingo no Ritz. Ali, a partir de segunda-feira, acontece o I Festival de Cinema Texaco - Cidade de Curitiba, organizado pelo colunista Alcy Ramalho Filho, com patrocínio da Texaco / Lufthansa. Máquina Mortífera 2 - Não tem a mesma garra da primeira parte. Pelo menos esta é a opinião de quem já viu esta produção da Warner, tentando repetir o mesmo esquema do "Lethal Weapon", embora traga os mesmos astros - Mel Gibson e Dany Glover como os detetives Martin Riggs e Roger Murtaugh e a produção seja do próprio diretor Richard Donner que também fica na fórmula de que não se modifica time que está ganhando. Novamente, Martin e Roger estão junto para solucionar um caso de polícia em Los Angeles. A hostilidade inicial, de quando se conheceram há três anos, foi substituída por admiração e amizade, embora atuem de formas diferentes: Murtaugh procura ser fiel às regras e às leis escritas no livro, enquanto Riggs é violento e pouco liga às instruções. Como a droga está na ordem do dia, os dois detetives são encarregados de investigar a ação de uma quadrilha que atua em Los Angeles. Entretanto, recebem outra tarefa: proteger Leo Getz (Joe Pesci), um contador que usa sua criatividade e habilidade para limpar dinheiro sujo, fruto do lucrativo mercado de narcóticos. O filme usa e abusa de chavões que entusiasmam o grande público: corridas de automóveis pelas ruas de Los Angeles, quedas do sétimo andar de um edifício, tiroteios, etc. A música reúne temas de Michael Kamen, Eric Clapton (guitarra) e David Sanborn (sax). Em exibição nos cines Bristol e São João. Os Safados - Depois do musical-horror "A Pequena Loja dos Horrores", o ex-ator Frank Oz ("The Blues Brothers / Os Irmãos Cara de Pau", "Um Lobisomem Americano em Londres", "Os Espiões que Entraram numa Fria"), resolveu refilmar um argumento que, há 25 anos, rendeu uma das raras aparições de Marlon Brando como comediante: "Dois Farristas Irresistíveis", aqui lançado no saudoso Cine Rivoli. A história foi modernizada e a ação se passa em turísticos cenários da Riviera Francesa onde Lawrence Jamison (Michael Caine, ator pouco afeito a comédias), um elegante golpista, se apresenta como um príncipe destronado, angariando fundos para a libertação de seu povo. Só que assim envolve generosas damas, que caem pelo seu encanto. Freddy Benson (Steve Martin) é outro vigarista que também disputa o mesmo pedaço. Conta as histórias mais trágicas sobre sua pobre avó doente, retirando todas as doenças de um livro de anatomia. Mas o que ele quer é conhecer anatomia de damas generosas. Dois malandros num mesmo balneário (Besumont-sur-Mer) são demais e assim fazem um acordo: o primeiro que conseguir arrancar US$ 50 mil da próxima vítima ficará com o território livre. A partir deste plot, Dale Launer, Stanley Shapiro e Paul Henning construíram o roteiro com boas piadas e que, pelos belos cenários, possibilita ao fotógrafo Michael Balhaus fazer um turístico trabalho, ao som da trilha sonora de Miles Goodman. Uma comédia descompromissada, para o público sem maiores exigências. Em exibição no Cine Astor. Opções da meia-noite - Enquanto "Matador de Aluguel", um misto de thrilling-comédia continua aguardando vaga para entrar no Lido I (e portanto tem amanhã uma nova pré-estréia, às 22 horas), a Fucucu promove no incômodo horário corujão (meia-noite) o lançamento de um belíssimo filme: "Doces Ecos do Passado" (Les Portes Torunantes), produção canadense, direção de Fancis Mankieicz, que concorreu no V FestRio (novembro/88), ficando, imerecidamente, sem nenhuma premiação. No incômodo Cine Groff, "Les Portes Torunantes" terá amanhã a sua primeira projeção, antecedendo a estréia na próxima quinta-feira. "Doces Ecos do Passado" - não confundir o título em português com "Doces Momentos" (Dulce Horas, 81, do espanhol Carlos Saura) é um terno e poético filme sobre as memórias de uma pianista de jazz, Celeste Beaumont (Monique Spaziani), que de Nova Iorque, onde vive há anos, envia suas memórias gravadas para seu filho, um artista que ela não vê há muitos anos. Mas quem acaba ouvindo as reminiscências da avó é o neto Antoine e, através de seus olhos, o espectador mergulha na vida da pianista, a partir de sua adolescência, em 1922. Aos 18 anos, Celeste torna-se a pianista de um cinema na pequena cidade de Campbelton, Canadá, acompanhando os filmes mudos. O cinema falado obriga Celeste a abandonar uma carreira que a entusiasmava. Casa-se com Pierre Blaudelle (Gabriel Arcand), família importante na cidade, mas dominada pela matriarcal Simone (Françoise Faucher), sua mãe. Com a II Guerra, Celeste afasta-se do marido e muda-se para Nova Iorque, onde começa uma nova vida com John Devil. A história termina em 1987, com o neto Antoine a procurando na Big Apple - levando no seu walkman a música "You don't Kill a Piano Player", que durante anos foi o prefixo musical da avó. Festival do Cinema Brasileiro - Modestamente, sem mordomias - afinal a verba foi reduzida apesar do patrocínio da Texaco (a Lufthansa oferece as passagens Rio-Frankfurt, para o produtor do melhor filme e o melhor diretor), inicia segunda-feira, 25, o I Festival de Cinema Texaco - Cidade de Curitiba. Wilmar Klein, coordenador executivo e Alcy Ramalho Filho, idealizador desta mostra, foram liberais e com isto todos os filmes enviados serão exibidos. No auditório Brasílio Itiberê, as 17h, 60 curtas e 12 médias-metragens; no Ritz, às 20h30, sete longas, iniciando com "1º de Abril, Brasil", de Maria Letícia, no dia 25, e prosseguindo com "Fugindo do Passado", de Adelia Sampaio; "Rio-Leningrado Sem Fronteiras", de Carlos Ribeiro Prestes e "Ori", de Raquel Gerber - dois documentários, na quarta-feira; "Atração Satânica", de Fauzi Mansur (dia 28); "Sonhos de Menina Moça", de Tereza Trautman (dia 29) e, finalmente, "Lua Cheia", de Alain Fresnot (30). Durante a semana maiores detalhes do Festival, que tem duas mostras paralelas: clássicos do cinema francês no auditório Brasílio Itiberê (15h) e filmes alemães recentes (alguns inéditos) no auditório do Goethe Institut. LEGENDA FOTO - "Matador de Aluguel", com Patrick Swayze ("Dirty Dancing") e Kelly Lynch, tem pré-estréia amanhã no Lido I.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
22/09/1989

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