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Aramis

Afinal, o Paraná tem uma divisão para nossa MPB

Afinal, a música popular ganhou uma divisão específica na estrutura da Secretaria da Cultura. E chega com atraso: há exatamente um ano, no XVI Festival de Música Regional de Cascavel, houve a promessa da mesma quando se anunciou a criação da Sala Janguito do Rosário - para cuidar da área de MPB, enquanto a chamada música erudita (sic) ficaria agrupada em torno da já existente (na época) Sala Bento Mossurunga. Antes tarde do que nunca! A divisão de Música Popular, criada por resolução interna da Secretaria da Cultura, em 30 de junho último, prevê uma estrutura ampla, que, acredita-se, deva ser preenchida lentamente, de acordo com as reais necessidades - e não servir para empreguismo - pois isto contraria inclusive, a política do governo Álvaro Dias. Felizmente, a escolha para a direção da divisão foi feliz: Cláudio Ribeiro, 36 anos - a serem completados no próximo dia 29 de setembro - é no mínimo um entusiasta animador cultural. Compositor há muitos anos - com parcerias que vão de seu amigo de infância Homero Rebolli a Cartola e, especialmente, Claudionor Cruz, ex-presidente da Associação das Escolas de Samba de Curitiba, idealizador e coordenador do projeto "Abre Alas" (que resultou em dois discos, com músicas carnavalescas de compositores paranaense), Cláudio há anos vem fazendo das tripas coração para tentar organizar o até hoje esquecido setor da música popular no Paraná. xxx Planos não faltam para Cláudio tocar a divisão. Sabendo buscar sugestões, somando experiências anteriores e tendo a felicidade de, por várias vezes, ouvir os sábios conselhos de Hermínio Bello de Carvalho, quando diretor da divisão de música popular no INM/Funarte, Cláudio soube elaborar um bom programa de ação. Ambicioso, naturalmente, a princípio mas que se for bem equacionado, e, especialmente, tiver a mínima dotação orçamentária, poderá fazer com que se faça efetivamente muito em favor de nossa cultura popular na área musical. Mas do que a letra fria do artigo 2º de seu regimento interno, Cláudio quer que a DMPB "coordene e harmonize a execução das atividades musicais da Secretaria da Cultura do Paraná, coletando, preservando, organizando e oferecendo à comunidade o acervo musical do Estado, amparando técnica e financeiramente, instituições, grupos e pessoas que para ele contribuíram, de forma especial, nas áreas de pesquisa, documentação e difusão". xxx De princípio, Cláudio vai se empenhar para desenvolver no mínimo três projetos. No campo da promoção artística, imediata, levar espetáculos de música popular a espaços de grande concentração popular, preferencialmente ao ar livre, como a Boca Maldita (embora ali já ocorram vários outros eventos). No campo da documentação, estimular concursos de monografias - a exemplo do que a Funarte/INM faz, desde 1977, com o Concurso Lúcio Rangel de Monografias. Os temas para o primeiro concurso serão o próprio patrono da divisão, o instrumentista (e compositor, mas com obra praticamente inédita) Janguito do Rosário, falecido há cinco anos e Belarmino (Salvador Graciano, 1920-1984). Finalmente, o projeto "Documento", através de shows especiais (nos auditórios Glauco Flores de Sá Brito ou na Sala Antônio Mililo, na própria secretaria), com artistas paranaenses - como Stelinha Egg e Paulo Soledade (finalmente, lembrado, ele cujos 70 anos de vida, no último dia 29 de junho foi esquecido no Paraná). Enfim, projetos, idéias, sugestões não faltam. Espera-se que Cláudio Ribeiro tenha condições de fazer um bom trabalho (capacidade para tanto não lhe falta) e, finalmente, se concretize algo realmente organizado e disciplinado em favor da MPP - Música Popular Paranaense.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/07/1989

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