Com toda razão a Metro Goldwyn Mayer foi muito cautelosa em entrar no mercado de vídeo no Brasil. De princípio, esperou que houvesse o necessário saneamento da pirataria - que se ainda não atingiu a 100%, eliminou pelo menos os gangsters mais conhecidos. Depois, havia necessidade de escolher bem quem cuidaria de sua representação, já que dispõe de um dos acervos mais valiosos da indústria cinematográfica mundial. As várias operações que fizeram os controles da outrora poderosa MGM mudar de donos várias vezes, interferiram, obviamente, na parte da comercialização de seu tesouro cinematográfico - com mais de 5 mil títulos, entre os quais muitas obras primas do cinema, em vários gêneros. Finalmente, na corrida de candidatos a ficar com a representação da MGM no Brasil venceu a Vídeo Arte do Brasil (Avenida Dr. Arnaldo, 2117 / 2143, Sumaré, São Paulo), que está se firmando para ser a grande distribuidora, em termos de qualidade. Afinal, há dez anos - antes mesmo do boom do vídeo home, a Vídeo Arte do Brasil está no mercado, com vídeos educativos, propostas inovadoras de trabalho e que a levou, também, a conseguir a representação do "National Geography" - já com oito títulos lançados. O namoro entre a VAB e a MGM começou há quatro anos e se consolidou agora, com o lançamento dos primeiros títulos - experimentalmente feitos durante o II Trade Vídeo Show e que deverão solidificar-se a partir de junho, com o lançamento de musts como "...E o Vento Levou" e "O Mágico de Oz" - ambos produzidos em 1939 - mais desenhos da série "A Pantera Cor de Rosa" e "Tom & Jerry", que estão completando 25 anos. Estes são os primeiros títulos da MGM colocados no Brasil, depois da Vídeo Arte ter investido US$ 20 milhões em viagens, pesquisas, aquisições de direitos e campanha publicitária. Foi assim a vencedora de uma disputa que reuniu, depois de selecionados mais de 30 concorrentes, distribuidores como a Globo Vídeo, Abril Vídeo, Herbert Richers, Look e Transvídeos - todas empresas de grande poder de fogo. xxx Até o final deverão sair clássicos como os musicais "Cantando na Chuva" (Singing in the Rain", 1952, de Stanley Donen e Genne Kelly) e "Sinfonia em Paris" (An American in Paris", 1950, de Vincent Minelli) - duas obras primas que, em edições importadas (existentes no mercado americano há mais de 10 anos) fazem a delícia de quem curte a era de ouro das produções musicais. Entretanto, dentro das regras do mercado, virão produções mais recentes - como "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1959, de Stanley Rubrick) e sua continuação ("2010: Ano em que Faremos Contato"), um sucesso do gênero terror ("Poltergeist"), "Fama" (de Alan Parker), "O Campeão" (de Franco Zeffireli), "Victor ou Victória" (de Black Edwards), e sucessos recentíssimos como "Um Peixe Chamado Wanda" e "Feitiço da Lua". Enfim, a chegada da MGM no mercado significa qualidade! xxx Paralelamente ao lançamento de "Império do Sol" (Empire of the Sun), 1987, de Steven Spielberg, a Warner também colocou nas locadoras o documentário "Uma Odisséia na China", que Les Mayfeld realizou do filme de Steven Spielberg. Originalmente este documentário (interessantíssimo por mostrar todas as etapas da produção de "O Império do Sol") foi apresentado pela TVS (no Paraná, TVs Iguaçu e Tibagi). O documentário está dublado em português. xxx O espaço é pequeno e são tantos os lançamentos em vídeos, que nem compensa perder tempo para registrar edições medíocres - que naturalmente só podem atrair o público menos exigente. Do pacote da Tec Home Vídeo, pouca coisa se salva. Há uma imitação do clássico "A Janela Indiscreta" (The Rear Window, 1954, de Alfred Hitchcook), com o nome de "Janela Suspeita" (The Bedroom Window (realizado pelo desconhecido Curtis Hanson e com duas atrizes conhecidas: a francesa Isabelle Huppert e Elizabeth McGovern. A verificar, por quem disponha de tempo.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Nenhum

Página: 8

Data: 15/06/1989

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