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Aramis

Afinal, um piano bar

Parece que, finalmente, a cidade vai ganhar um piano bar digno do nome. Até hoje, os ditos "piano bar" existentes - ou do passado - não passaram de improvisações em ambientes confinados, nos quais poucos podiam curtir o pianista propriamente dito. Um empresário de caixa altíssima - mas que, por enquanto, prefere o anonimato, associou-se a uma mulher bonita, simpática e bem relacionada, Maria da Glória Teixeira de Mello, para instalar nas Mercês um ambiente que, em termos tupiniquins, pretende ser uma espécie de "Choko's Bar", ainda o melhor endereço na noite carioca. xxx O nome será o próprio endereço: Clube 505 - Piano Bar, na Avenida Manoel Ribas, em trecho que começa a se tornar outro dos eixos da vida noturna da cidade. Afinal, ao lado do histórico e sempre simpático Tortuga, já espalham-se hoje restaurantes, danceterias, bares, e agora, este piano bar. Um jovem decorador, Gabriel Valente, vem cruzando madrugadas para terminar a tempo a decoração, já que a casa abre dia 8 de agosto. Ambiente acolhedor e pequeno - 120 pessoas bem acomodadas, "não mais, nunca mais, para todos sentirem-se bem", garante Maria da Glória, mulher de vivência em várias partes do mundo - de Londrina a Miami, e que, confessa, agora vai realizar o seu grande sonho: "dirigir uma casa de classe, para gente de classe". xxx O piano de meia cauda já ocupa 60% do mini-palco, no qual, se espera, aconteçam pockets shows que tanta falta fazem na cidade. Até agora, Maria da Glória não se decidiu por um pianista especificamente. Otimista, quer fazer uma experiência: contratar de 3 a 5 profissionais para um revezamento na casa. A questão é se encontrará pianistas disponíveis. Afinal, cada vez que algum mini-empresário da noite busca um pianista, o talentoso (mas irritado) Lázaro sempre engorda sua conta bancária: é "roubado" de uma casa para outra. Desta vez, porém, Lázaro não está nas cogitações. Nem outro simpático pianista da madrugada, o Acádio "Beethoven", que além das teclas é também um virtuose no cavaquinho e se defende no violão. Fernando Montanari, contratado há anos do restaurante Le Doyen, no Hotel Slavieiro, resiste às propostas. xxx Habilidosamente, Maria da Glória, com seu charme loiro, já se aproximou do pessoal do Jazz Clube Blue Note e quer abrir, ao menos uma noite por semana, a casa para que o Sigma Jazz Group oficialmente ou não, também seja uma opção. Afinal, percebeu, astutamente, que onde existe bom jazz aparecem instrumentistas querendo dar canja, ou seja, fazer jazz sem nada cobrar. E público existe, haja visto que Toninho, do Old Friend's, já lotou, por três vezes, sua casa, com as reuniões do Jazz Club ali realizadas. Curitiba precisa de um ambiente musical inteligente. Bem programado em termos musicais. Maria da Glória, em sua esperança loira, promete que terá critérios rígidos nesta área. Esperemos que sim!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/07/1987

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