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Aramis

Airto na terra e os da terra na América

Como faz anualmente, Airto Guimorvan Moreira veio passar o natal com sua mãe, dona Zelinda e seus sobrinhos. Antes de chegar a curitiba, ficou alguns dias no Rio de Janeiro, acertando detalhes iniciais de apresentações que deverá fazer no primeiro semestre de 1986 em algumas capitais brasileiras - Rio,São Paulo e possivelmente Curitiba - ao lado de Flora Purim, sua esposa, há 17 anos sem voltar ao Brasil. Também a TV Cultura, do Rio, adquiriu da WDR, da República Federal da Alemanha, os direitos para apresentar, finalmente, a "Missa Espiritual", que Airto compôs há três anos e que teve apresentações na Catedral de San Martin, em colônia, nos dias 10 e 11 de dezembro de 1983, sendo transmitida pela WDR e editada em lp pela Harmoni Mundi. Nos Estados Unidos, a "Missa Espiritual"- com arranjos do famoso Gil Evans - e a participação de instrumentistas como Philip Catherine (guitarra), Marcus Silva (sintetizador), trilok Curtu e Fredy Santiago (percussão), foi apresentado também no Natal, através da rede nacional de televisão educativa. A Odeon editou há alguns meses - o embora sem dar a promoção devida - o primeiro dos dois álbuns que Airto fez com o guitarrista Al Di Miola ("Cielo & Tierra"), com quem tem desenvolvido algumas turnées. E o novo álbum de Airto e Flora ("Humble People"), já lançado nos Estados Unidos há meses, também possivelmente terá edição no Brasil - dentro de um pacote de eventos que deverão marcar o retorno deste casal de artistas, com toda justiça, consagrados hoje internacionamente, como há anos sempre divulgamos em nossos espaços. xxx O sucesso de Airto (e outros músicos brasileiros) nos Estados Unidos, tem estimulado jovens de Curitiba a também tentarem a América. Celso Alberti, baterista, ex-integrante do Improvyso, já está há dois anos nos EUA, trabalhando atualmente com o grupo de Marcus Silva. Celso Locker (Pirata), advogado da Prefeitura, flautista e guitarrista, após ter passado quase um ano em Nova Iorque, voltou aos Estados Unidos em setembro último e vem fazendo algumas apresentações - tocando, entre outros, com um flautista de relativa fama Jeremy Staig. xxx Mas quem está desenvolvendo um aprendizado mais sólido - inclusive tendo investido quase US$ 10 mil para frequentar escolas musicais - é o curitiba Carlos Alberto Bastos Olive ("Polaco"), 24 anos desde setembro de 1984 em Los Angeles, cursando o Musician Institute e procurando dar fôlego `a sua própria carreira. Foi citado na seção "Guitar Player"(outubro/85, US$ 2,50), na nota Action, a propósito de uma apresentação que dividiu com o guitarrista Al Farlow, no Silver Screen Jazz Club de Hollywood, em julho último. No último dia 8 de dezembro, Polaco também tocou com a banda que acompanhava Flora Purim num "night club", em Los Angeles. "Apesar de pouco experiente, o rapaz tem vigor"diz Airto Moreira, que dentro do possível tem sempre ajudado os brasileiros que pintam nos Estados Unidos. Em carta ao seu irmão. José Oliva, o Polaco fala com deslumbramento da experiência de ter acompanhado Flora. Fala também da convivência com músicos de peso como Carl Schoereder. Loboreal, Joe pass e o percussionista Paulinho da Costa, de quem diz, estar recebendo lições de vida. Agora, Polaco quer formar a sua própria banda - junto com uma brasileira, Rosinha Minari, que também tenta seu espaço na América. Mais recentemente, durante os ensaios do grupo que se preparava para as "gigs"de final de ano, outra enorme colher de chá: a revista "Down Beat"(novembro/85, US$ 1,75) lhe dedicou 30 linhas (e fotografia) na seção "Äuditions", onde entrevista "estudantes e novos músicos que merecem reconhecimento". xxx Em curitiba, Oliva - bem como Celso Alberti - integrava o grupo Improvyso, do qual também faziam parte o saxofonista Helinho Brandão e o múltiplo (violão,tecados etc.) Chico Mello (os dois, aliás fizeram um esplêndido álbum instrumental em 1984). "Polaco"estudou com os guitarristas Paulo Belinatti (gupo Pau Brasil) e Cândido Serra (D'Alma), além de teoria com Koelreutter. Com esta base e reunindo economias e os dólares que lhe couberam na partilha dos bens paternos, partiu para Los Angeles. Mas até que as portas começassem a se abrir houveram todas as dúvidas e medos misturando acordes, partituras, hamburgueres e cheeses, enquanto trabalhava como cozinheiro num restaurante de Los Angeles, para sobreviver. - "Eu sei que é só o começo e que vai pintar muita barra. Mas é bom e não reclamo. Amo"- diz Carlos Oliva, "Polaco".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
24/12/1985

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