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Aramis

Além dos filmes da mostra, há três lançamentos

Felizmente apenas três estréias regulares - todas com possibilidades de emplacarem segundas semanas - facilitam a vida dos cinéfilos, massacrados em termos de opções com a dupla dose de filmes inéditos e especiais que, de uma só vez, estão nas salas da Fucucu. Enquanto que na incômoda sala da Cinemateca há o desperdício de três filmes inéditos trazidos pelo governo de Portugal - e que se exibidos numa sala como o Luz, em outra ocasião, teriam muito maior público - no Ritz acontece uma mostra com alguns dos filmes que Leon Cakoff reuniu em São Paulo, na 13ª edição de sua Mostra Internacional de Cinema. Mesmo os mais entusiastas em conhecerem as produções da fase 1987/89 que Leon autorizou que viessem a Curitiba (pelo pagamento de NCz$ 200 mil, generosamente cobertos pelo Banestado), estão tendo que usar colírios para poder acompanhar os programas oferecidos todos os dias. Além de muitos dos filmes mais importantes que foram mostrados em São Paulo não terem sido autorizados para virem a Curitiba, alguns dos títulos pelos quais esta promoção teve que dar uma substancial subvenção são de obras já adquiridas por uma nova distribuidora - a Pandora Filmes e Vídeo (de André Sturman), para serem comercializados tanto em vídeo como nos circuitos de 35mm, entre os quais os dois filmes mais importantes trazidos a Curitiba, obras do cineasta polonês Krzyztof Kiedowski - "Não Matarás" (hoje 19:30 horas, única projeção) e "Não Amarás" (hoje 22 horas, reprise amanhã às 17:30 horas). Também "Mistery Train", de Kim Marmush - que abriu o festival; "O Filósofo", de Rudolf Thome (dia 14, 22 horas) e "Cidade Zero" (URSS, de Karen Chaknazarov, a ser reprisado hoje, 17:30 horas) e terão, em 1990, distribuição assegurada. Portanto, quem as deixar de ver agora poderá, tranqüilamente, assisti-las no próximo ano, desde que a Fucucu, pelo seu setor de cinema, se interesse em programá-las normalmente. De qualquer forma, a mostra que prosseguirá até quarta-feira (com um segundo tempo no Instituto Goethe, com os dez vídeos da série "Dekalog", de Kieslowski), vale como uma antecipação. As estréias - No campo das estréias, são as seguintes as opções: no Plaza, uma comédia com tudo para entusiasmar o grande público, reunindo a dupla Richard Pryor e Gene Wilder - "Cegos, Surdos e Loucos" (See no Evil, Hear no Evil), de Arthur Hiller - que já teve nada menos que quatro pré-estréias. Reunindo a dupla Pryor e Wilder (que juntos fizeram "O Expresso de Chicago" e "Loucos de Dar Nó"), é uma comédia sobre um cego, Wally (Pryor) e um surdo, Dave (Wilder), que de modestos donos de uma banca de jornais se envolvem numa aventura policial, nas trapalhadas que se possa imaginar. Arthur Hiller, 66 anos, 31 de cinema, de altos e baixos em sua filmografia, tem buscado a comédia ("O Expresso de Chicago", "Casamento de Alto Risco", "Que Sorte Danada"), após açucaradas comédias ("Love Story", 70) e frustrações musicais ("O Homem de la Mancha", 72). De qualquer forma, uma comédia que não faz mal a ninguém e cuja trilha sonora traz Stewart Coepland, o ex-Police. xxx Enquanto as opções em vídeo incluem até episódios inéditos, a série "Jornada nas Estrelas", na tela ampla, chega em seu quinto episódio: "A Última Fronteira". Depois que Leonard Nimoy (Dr. Spock) dirigiu dois dos episódios (o primeiro da série no cinema foi de Roberto Wise, "Star Treck, The Movie", 1979), chega a vez de outro ator da série, William Shatner (capitão James T. Kirk) acumular também esta função. A ação se passa no século XXIII e desta vez as filmagens foram feitas no Parque Nacional de Yosemit e no deserto da Califórnia. Naturalmente muitos efeitos especiais para uma história com elementos fantásticos, dentro da magia da science fiction neste final de século. xxx Misturando muita ação, toques de comédia - mas também violência, vingança e sangue - "Encurralado em Las Vegas" (Heat), produção de 1987, direção de Burt Reynolds, é mais uma daquelas produções baratas que a Paris Filmes compra em pacotes para lançar em seu circuito e também em vídeo. Desta vez o herói é Nicky Escalante (Burt Reynolds), uma espécie de leão-de-chácara sensível que se envolve em várias aventuras brutais, mas justifica tudo pelo seu sonho de trocar os Estados Unidos pela placidez de Veneza. Mas só que para tanto necessita de muitos mil dólares e isto só fazendo aquilo que, como ex-mercenário e ex-veterano do Vietnã, aprendeu a fazer: matando, brigando, lutando... em exibição no Cine Itália, desde ontem. Outras Opções - As opções que continuam em exibição já são conhecidas. "Batman", é claro, se mantém firme no São João e Bristol, enquanto "9 ½ Semanas de Amor", de Adrian Lyne, em sua enésima reprise (Cinema I) também confirma sua condição, inexplicável, de ser o maior sucesso de bilheteria destes últimos anos - apesar de não passar de um vazio e insosso vídeo clip. É bem verdade que as seqüências de sexo (quase) explícito, especialmente de sexo oral, faz com que a principal faixa vibre com o filme - as adolescentes (a censura é de 16 anos, mas ninfetas de 10 ou 12 anos lotam as sessões nos fins de semana) tenham orgasmos em suas fantasias eróticas, imaginado-se como a personagem Kim Bassinger, amada e possuída por Mickey Rourke. Não há dúvida, que "9 ½ Weeks" é um filme que mereceria ser analisado por sexólogos, para explicar porque o seu erotismo - meio sadomasoquista - tem tanta identificação com as platéias juvenis, especialmente as ninfetas... Outro filme que parece estar conquistando o mesmo público - o erotismo explícito, só que com um tratamento bem mais inteligente, é "A Armadilha de Vênus" (Die Venusfalle), com a esplendorosa Sonja Kircheberger e Muriam Roussel, dividindo as transas com Horst-Gunther Marx. Felizmente, graças exclusivamente a justa indignação da comunidade israelita, a sabotagem que os programadores de cinema da Fucucu pretendiam fazer com "Shoah", retirando-o de cartaz, foi abortada a tempo. E assim, o esplêndido documentário de Claude Lanzmann - um filme de visão indispensável a todos que tiverem o mínimo interesse pela história contemporânea - terá sua segunda parte em exibição até a próxima quarta-feira. Pena que até agora, devido a campanha pró-Brizola na qual está mergulhado até o pescoço, tenha impedido que o prefeito Jaime Lerner, sempre um cinéfilo entusiasta, não tenha podido ver este filme que fala do genocídio sofrido pelo seu povo. Felizmente, com a indignação das entidades israelitas - e as denúncias encampadas no programa "A Voz Israelita", Jaime determinou, pessoalmente, que o filme fosse exibido. Assim, quem se interessa pela chamada questão judaica, no genocídio que sacrificou milhões de pessoas, terá, por mais seis dias, a (rara) oportunidade de conhecer este filme esplêndido. São quatro horas e meia de projeção (sessões às 14 e 19:30 horas), mas que compensam o cansaço. Basta que o espectador tenha real interesse em assisti-lo. No mais, "Kuarup", de Ruy Guerra, voltou ao Cine Guarani, enquanto no Lido I continua em cartaz "Cyborg", e no Lido II, provando que há público para um certo tipo de cinema brasileiro, "Doida Demais", de Sérgio Rezende (e que não deixa de ter suas aproximações com "9 ½ Semanas de Amor") também atrair uma faixa. Razão principal: a presença no elenco de Vera Fischer, deliciosamente nua em algumas seqüências. LEGENDA FOTO 1 - "Jornada nas Estrelas - A Última Fronteira", quinta parte da série para cinema, agora no Condor. LEGENDA FOTO 2 - Gene Wilder e Richard Pryor, em "Cegos, Surdos e Loucos", comédia em exibição no Plaza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
10/11/1989

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