All That's Jazz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1990
Redes nacionais de televisão abrem espaços para programas jazzísticos, Zuza Homem de Mello, 54 anos, um dos maiores experts na área, começa a produzir e apresentar na TV-Cultura de São Paulo o Jazz Brasil. Cada vez surgem maiores espaços para o jazz. O Free Jazz é um evento hoje totalmente consagrado e, naturalmente, até mesmo as gravadoras que durante anos insistiram em ignorar o gênero começam a investir em sólidas edições.
All That's Jazz. Pouco a pouco, nos anos 80, ampliaram-se os catálogos jazzísticos - edições históricas com registros feitos até há 60 anos passados - como o essencial de Bessie Smith (1894-1937) até as correntes mais modernas, havendo praticamente simultaneidade nas estréias dos novos discos de talentos jovens como o guitarrista Stanley Jordan, o pistonista Wynton Marsalis e seu irmão, Branford, só para citar três exemplos. Também a literatura começa a crescer: ao lado de traduções como das biografias de Billie Holiday (1915-1959) Bessie Smith e Miles Davis (que a editora Campus programou para breve), ensaístas e pesquisadores brasileiros, como o curitibano Roberto Mugiatti e Luís Orlando Carneiro vem publicando seus livros. "Louis Armstrong", biografia, do grande Satchmo, escrita por James Lincoln Collier (Editora Globo, 195 páginas) ficou entre os livros mais procurados, dentro de sua faixa de interesse, estimulando novas publicações.
Tudo isto faz com que se possa, mais do que nunca, repetir o clichê de que jazz não jaz. Ao contrário, mesmo que em Curitiba, com exceção de FM- Ouro Verde, nenhuma emissora (inclusive a Estadual, que deveria ter uma programação basicamente cultural), pouco se ouça de jazz nas FMs/AMs, em discos, livros e mesmo agora os primeiros vídeos com concertos de jazz - se disponha de referencial básico para se melhor conhecer, entender, amar e curtir este gênero tão fascinante, rico e especial - que acima de rótulos e barreiras, é universal. Razão para que, nesta edição, passado o Carnaval, falemos um pouco sobre o que há de novo no jazz.
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