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Aramis

Aos 70 anos, Burt / Douglas são os melhores da semana

As férias chegaram e com elas, definitivamente, a temporada de filmes de censura livre (ou 14 anos, no máximo) para opção das crianças e adolescentes. Portanto, natural que, em termos de interesse artístico a programação fique reduzida a pouquíssimos títulos. O que é bom, pois permite maior tranqüilidade aos adultos - além da opção de vídeo, já em algumas locadoras, como a Tape Clube do Paraná, do pioneiro Luiz Renato Ribas, que dispõe de filmes fascinantes, inéditos em tela ampla como "Garbo Talkies", de Sidney Lumet ou o político e vigoroso "Il Pleut Sur Santiago", do cineasta chileno Helvio Soto. Mas vamos aos filmes em estréia. De princípio, o mais interessante é o nostálgico "Os Últimos Durões" (Cine Condor, desde ontem). Quem soube esperar e evitou as cópias piratas em vídeo, pode apreciar na tela ampla, este sétimo reencontro de dois dos atores mais famosos dos anos de ouro de Hollywood - Kirk Douglas (Issur Dantelovitch, Amsterdã, 09/12/1916) e Burt Lancaster (Nova Iorque, 02/11/1913). Amigos e companheiros em outros filmes - incluindo o clássico "Sem Lei e Sem Alma", Kirk e Burt, septuagenários mas ainda fortes, voltam numa comédia policial, dirigida por Jeff Kanew, novo diretor que havia dirigido Douglas num filme recente e que foi contratado pela dupla para "orientar" este "Tough Guys". Dizemos "orientar" porque pela experiência de Burt e Kirk e também por serem produtores, claro que o filme foi realizado em função de suas idéias - transmitidas aos roteiristas James Orr e Jim Cruichskhan. Um filme, naturalmente, imperdível por quem há mais de 40 anos acompanha a carreira destes dois últimos sobreviventes de uma outra Hollywood. A COMÉDIA ESCOLAR - "De Volta às Aulas" tem tudo para agradar o grande público. Embora sua ação seja caracterizadamente americana - um empresário cinqüentão decide voltar à Universidade, para estimular os estudos de seu filho - "Back To School" foi realizado com ritmo e graça, razão de seu êxito nos EUA - e que se repete também no Brasil. O intérprete principal, Rodney Dangerfield, é desconhecido no Brasil mas popularíssimo nos EUA, especialmente por suas participações nos programas de televisão de maior audiência ("Ed Sullivan Show" e "Tonight Show", de Johnny Carson). Ao seu lado está Sally Kellerman, conhecida do público desde que foi a enfermeira "Língua Ardente" em "M.A.S.H.". "De Volta Às Aulas" é o segundo filme dirigido por Alan Metter, vindo da televisão - onde nasceu sua amizade com Rodney Dangerfield. ACADEMIA 4 - Na linha pastelão cada vez mais assumido, "Police Academy" chega a sua quarta parte, já que os três primeiros filmes da série renderam mais de 380 milhões de dólares em todo o mundo - o suficiente para deixar o produtor Paul Maslansky milionário. Que ensina a fórmula para fazer comediotas que agradam multidões: - "Primeiro de tudo, você tem que cuidar bem do roteiro. Você tem que dar a cada personagem novas piadas e tem que fazê-los crescer dentro de suas características, o que significa, muito mais que meras palavras". E os personagens retornam - Mahoney (Steve Guttenberg), Jones (Michael Winslow), Sweetchuck (Tim Kazurinsky), Callahan (Leslie Easterbrook), em situações sempre hilariantes - e que fazem rir. Não há sutileza, é claro! Humor bruto, de situações, mas que, desde os anos 20 encanta o público que procura o cinema. O diretor desta quarta parte - que tem o subtítulo de "O Cidadão se Defende" - é Jim Drake, sabendo conservar os toques que maior identificação obtiveram com o público nas fitas anteriores, especialmente a habilidade de Michael Winslow (Jones) em imitar com precisão um verdadeiro catálogo de sons eletrônicos, mecânicos e musicais. No elenco feminino, duas new faces: Sharon Stone, que atuou em "As Minas do Rei Salomão" (por sinal, em reprise esta semana, em programa duplo no Rui Barbosa, junto com "Stallone Falcão" (Over The Top) e Marion Ramsey, já vista em outros filmes da mesma série "Academia de Polícia". Em exibição no Astor, mesma sala em que foram apresentados as três primeiras partes. REPRISES - Muitas reprises nas telas. "As Sete Vampiras", de Ivan Cardoso, com um elenco de belas atrizes (Nicole Puzzi, Andréa Beltrão, Simone Carvalho, Lucélia Santos), o curitibano Ariel Coelho e veteranos dos tempos da Atlântida (Wilson Grey, Zezé Gonzaga, Colé, Ivon Curi, etc.) está novamente no São João, nas sessões da noite (há 3 semanas, ali havia sido exibido, sem maior êxito). À tarde, 14 e 16 horas, continua em exibição "Os Trapalhões no Auto da Compadecida", que Roberto Farias adaptou da peça de Ariano Suassuna (filmada pela primeira vez entre 1964/65, por Jorge Jonas). A comédia com Os Trapalhões - que pelo visto estão com seu público em redução, haja vista as rendas preocupantes dos primeiros dias - está também em exibição no Lido I. No Groff, volta o excelente "Anjos do Arrabalde", de Carlos Reichenbach - melhor filme do Festival de Gramado, onde também valeu as premiações a Betty Faria (melhor atriz) e Vanessa Alves (melhor atriz coadjuvante). Emílio de Biassi, também excelente, quase levou o prêmio de melhor coadjuvante. O filme traz ainda Clarice Abujamra (ótima), Irene Stefânia e Ênio Gonçalves em papéis centrais. Em nossa opinião, um dos melhores filmes do ano - e que merece ser revisto. No Luz, reprise de "Sonho sem Fim", de Lauro Escorel, afetuosa cinebiografia do pioneiro cineasta gaúcho Eduardo Abelim, interpretado por Carlos Alberto Riccelli. O elenco feminino inclui Débora Bloch (num personagem muito simpático), Marieta Severo e Fernanda Torres - em curtas participações. Lírico, sensível, este longa de estréia na direção do fotógrafo Lauro Escorel (que acaba de concluir as filmagens de "Ironweed", de Hector Babenco) merece ser visto. OUTROS PROGRAMAS - O interessantíssimo "Jornada nas Estrelas IV: De Volta à Terra" está agora nas sessões da noite do Lido II, onde, à tarde, continua em exibição "Branca de Neve e os Sete Anões", no relançamento comemorativo aos 50 anos da realização deste primeiro desenho animado em longa-metragem. "O Nome da Rosa", de Jean Jacques Arnaud - atraindo um público diversificado - continua no Itália, enquanto que 5 pavimentos acima, no Palace Itália, é "A Hora do Pesadelo 2" (A Nightmares on Elm Street, Part 2: Freddy's Revenge), de Jack Sholder, que conquista o público. No elenco, apenas um nome conhecido: a veterana Hope Lange, 54 anos, há muito ausente das telas. Pelo visto, os produtores desta série querem homenagear veteranos esquecidos, pois no "Pesadelo I", quem reaparecia era John Saxon (Carmen Orico, no registro civil), nova-iorquino do Brooklyn, 52 anos a serem completados no próximo 5 de agosto. Nos horários alternativos, uma novidade: Wilson Rodrigues, produtor e diretor, lança "Joãozinho e Maria", no mesmo esquema que Maurício de Souza desenvolveu nas sessões "Zig Zag". Só que a julgar pelo trailler e pelo passado cinematográfico de Rodrigues, esta sua "versão" da história dos irmãos Grimm é de uma mediocridade total. Originalmente, foi produzida para ser vendida em vídeo, mas é difícil acreditar que as crianças de uma era da informática aceitem uma versão tão primária da história de Joãozinho (André César) e Maria (Juliane Colaço), vítimas de uma madrasta cruel e que encontram na floresta a bruxa Milmales (Regina Mares). Às 10h30 e 11h30 aos domingos, no Astor. O Plaza continua a exibir, aos sábados e domingos, às 10, 11 e 12 horas, "Mônica e a Sereia do Rio", que teve sua estréia em fevereiro último. Também para a garotada, outro desenho animado - este produção russa, há meses sendo projetado nas sessões matinais aos domingos, no Luz: "O Cavalinho Mágico". No horário alternativo, em prosseguimento a retrospectiva Andrzej Wajda, "Danton, o Processo da Revolução", vigorosa revisão histórica de aspectos da Revolução Francesa, com Gerard Depardieu, Wojciech Pszoniak e Patrice Cherreau. Sessões no Groff amanhã à meia-noite e domingo, às 10h30min. Um filme para ver e pensar. Não poderia ser mais atual em suas colocações sobre o poder e a política. No Ritz continua "Vera", de Sérgio Toledo. LEGENDA FOTO - Burt Lancaster e Kirk Douglas: "Os Últimos Durões"
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
14
03/07/1987

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