Login do usuário

Aramis

Apenas duas estréias sem maior significado

Aconteceu o que prevíamos há uma semana: "Malpertuis", de Harry Kumel, a estréia mais interessante deste início de ano, cult movie que instiga a imaginação do espectador, permaneceu apenas uma semana no Groff, substituído ontem pela reprise de "Amadeus", de Milos Forman - belo filme, 8 Oscars, mas que, convenhamos, poderia esperar mais um pouco para ser relançado. Francisco Alves dos Santos, coordenador da área de cinema da Fucucu, constrangido, diz que "não deu para manter em exibição, pois o número de espectadores estava reduzido demais: pouco mais de 300 pessoas apareceram durante as 35 sessões realizadas". Já "O Ilusionista", produção holandesa, direção de Joe Stelling, grande premiado da 9ª Mostra Internacional de Cinema, em exibição no Ritz, teve um público razoável - 1.200 pessoas, e com isto ganha a segunda semana, podendo até permanecer uma terceira. Francisco Santos, o homem que passou a perna no Aleixo Zonari na reprise de "Radio Days", agora foi quem levou uma "rasteira" da Embrafilme / CIC. É que havia programado, com exclusividade, a estréia de "Baixo Gávea", 1986, de Haroldo Marinho Barbosa - e, na segunda-feira, soube que o poderoso tycoon da CIC no Brasil, o feroz Paulo Fucs, decidiu cumprir a lei de obrigatoriedade de projeção de filmes brasileiros exibindo justamente "Baixo Gávea". Assim, este filme modesto e simpático, com Lucélia Santos e Louise Cardoso (melhor atriz do Festival de Cinema de Brasília - 86/87), mais Carlos Gregório e José Wilker, que poderia fazer carreira razoável num único cinema, tem lançamento duplo: no Condor e no Luz - ali interrompendo a carreira de "Arizona, Nunca Mais", de Joel Cohen - outro cult movie que estava em reprise e que poderia ter bilheteria ascendente. Assim é difícil trabalhar! Quando um filme pode emplacar, tem sua carreira interrompida, perdendo todos: o público, a própria Fundação e a distribuidora. Aleixo Zonari também decidiu dar o troco ao bom Chico Alves, depois da passada da perna: está organizando uma mostra completa dos 10 melhores filmes de 1987 - conforme o referendum de "O Estado do Paraná" - que será realizado em março próximo. Estréias - Poucas estréias nesta semana pré-carnavalesca. No Palace Itália, entrou "Manequim", produção modesta, com elenco de nomes desconhecidos - Andrew McCarty (ponta em "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas"), Kim Catral (estreou em "Setembro Negro", de Otto Preminger, mas tem feito mais teatro e televisão), Estele Getty (também vindo da TV e teatro), Jammes Spader, G. W. Bailey (apareceu em "Loucademia de Polícia") e Carole Davis (seu filme anterior, "The Flamingo Kid", é inédito no Brasil). O diretor, Michael Gottlieb, nova-iorquino, vindo do cinema publicitário, é estreante na comédia. Portanto, uma produção sem maiores referências, com uma história de toques um tanto surrealistas e que, havendo tempo, merece ser verificada. A outra estréia também é de um novo diretor: "Cherry 2000", de Steve de Jernatt (Cine Plaza). Só que, neste caso, Jernatt tem um crédito razoável: seu primeiro média-metragem, "Tarzana", embora inédito no Brasil, foi dos mais badalados pela crítica americana e elevado a categoria de cult movie. "Cherry 2000" (Pamela Gidley, uma estreante), é uma loura, bonita, sexy, jovem, a perfeição absoluta só que um robot construído com um único propósito: satisfazer seu mestre, no caso Sam Treadwell (David Andrewus, também estreante). Um curto-circuito funde Cherry 2000 e seu dono tem que procurar um investigador de carne e osso, E. Johnson (Melanie Griffith, a filha de Tippi Hadren, já vista em vários filmes de sucesso). A ação se passa no ano 2017 e a intenção é ser uma comédia futurista. No elenco também o veterano Ben Johnson, um dos melhores coadjuvantes dos anos 50. Amanhã, a meia-noite, no Astor, pré-estréia de "Tocaia", de John Badham ("Os Embalos de Sábado à Noite"), thriller com Richard Dreyffus, Emílio Estevez e uma nova sex-symbol, Madeleine Stowe. Com boas referencias da crítica americana e ótimas rendas nos EUA, "Stakout" tem lançamento nacional, com ampla campanha promocional - inclusive televisão. Entrando em cartaz nos próximos dias, disputará o público com "Atração Fatal", de Allan Lynne - filme americano que representou os EUA no último FestRio e foi das maiores bilheterias em 87 naquele país - agora estreando no Brasil (próxima semana no Cine Condor). A propósito, nas sessões da meia-noite, teremos amanhã no Groff reprise de "Peggy Sue - Seu Passado a Espera", de Francis Ford Coppola (com reprise no domingo, 10 horas). O Palace Itália, em sessões matinais, estará reprisando os filmes dos Trapalhões: hoje "Os Trapalhões e o Rei do Futebol", amanhã, domingo e segunda-feira, "Os Trapalhões no Alto da Compadecida" e nos dias 9 e 10, "Os Trapalhões e o Mágico de Oz". Entre os relançamentos - afora "Amadeus" - temos também "O Exorcista" (The Exorcist), de William Friedkin - do best-seller de William Peter Blatt, que continua a ter um público fidelíssimo. "S.O.S. - Tem um Louco no Espaço", de Mel Brooks - comédia satírica à série de filmes espaciais - substituiu a "Um Hóspede do Barulho", nas sessões noturnas no Lido II. No mais, a programação continua a mesma. LEGENDA FOTO 1 - "Hamburger Hill", de John Irvin - outro filme sobre a guerra do Vietnã pré-estréia hoje, meia-noite, no Bristol - e amanhã, no mesmo horário, uma nova exibição. LEGENDA FOTO 2 - "Cherry 2000", uma comédia futurista, com gente nova no elenco, estréia no Plaza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
05/02/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br