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Aramis

Apenas uma estréia nesta semana. E decepcionante

Uma única - e decepcionante - estréia nesta semana: "Me Beija", do gaúcho Werner Schunemann (não confundir com o paranaense Werner Schumann, 22 anos, 9 filmes em super 8/16mm), que estreou, inesperadamente no Groff, já no domingo - quando a cópia de "A Igreja da Libertação", de Silvio Da Rim, foi enviada para Porto Alegre. Uma segunda cópia, enviada pela Embrafilme, do Rio, foi extraviada - o documentário sobre a chamada Teologia da Libertação, em sua ação no Brasil, ficou a ver navios. Produzido na euforia que marcou o aparecimento da Z Produções (hoje desativada), "Me Beija", de Werner Schunemann (ator em "Os Anos Verdes") é decepcionante. Roteiro desigual, um péssimo ator (Rudi Lagemann), falta de ritmo, enfim uma frustração total - que por mais que se ame o cinema nacional e se queira dar força ao cinema gaúcho torna-se impossível recomendar. Entretanto, "Me Beija" teve várias premiações no I Rio Cine-Festival, há dois anos, o que é difícil entender! Os Dragões - Trazendo o novo "sex symbol" masculino do cinema americano, Mickey Rourke, "O Ano do Dragão" (Year of the Dragon), de Michael Cimino - o homem que levou a United Artists à falência com seu "Portal do Paraíso" ganha segunda semana no Palace Itália. Com um tema atual - a decisão de um policial adepto de métodos violentos (mas não tão fascistóide quanto Cobra/Stallone), em "limpar" Chinatown da Máfia chinesa, "Year of the Dragon" tem muita ação e um elenco de gente jovem, ainda desconhecidos no Brasil. Outro dragão é o que está no São João: "Operação Dragão" (Enter The Dragon), de 1972, um dos últimos filmes estrelados pelo verdadeiro Bruce Lee (morto, misteriosamente, em 1973), dirigido pelo americano Robert Close, com John Saxon, Ahma Capri e Bob Wall, é considerada a melhor de todas as fitas (e que são centenas), sobre lutas marciais. Após a morte de Bruce Lee, apareceram dezenas de imitadores e o seu nome foi exploradíssimo nas mais medíocres produções. "Operação Dragão", distribuído pela Warner, baseado na novela de Michael Allin, com música de Lalo Schiffrin, foi um dos grande êxitos de bilheteria nos anos 70. Um sucesso tão grande que justificou que se fizesse uma nova cópia, obetendo-se novo certificado de Censura para voltar a ser exibido - agora atingindo a uma faixa de público que, quando de sua esréia, não pôde conhecê-lo. Em exibição no São João, onde permanecerá apenas uma semana - já que dia 8 ali estréia "A Marvada Carne", de André Klotzel. Mas se a renda for boa, é possível que João Aracheski faça um remanejamento na programação. Estréias que prometem - "Nove Semanas e Meia de Amor", de Adrian Lyne (o diretor de "Flashdance"), que traz os novos sex-symbols americanos, Mickey Rourke (de "O Ano do Dragão") e a loira Kim Basinger, estréia dia 9, no Astor, mas terá, amanhã à meia-noite, mais uma pré-estréia no Astor. Sensualíssima (Kim incendeia a tela com seqüências que chegam quase ao sexo explícito), este filme sofisticado, com uma bela trilha sonora (lançada na semana passada pela EMI/Odeon), deve fazer boa carreira e se afigura uma das boas estréias dos próximos dias. Também com condições de fazer boa bilheteria é "Invasão U.S.A.", de Joseph Zito, produção da dupla Menahem Golan/Yoram Globus, na linha do cinema belicista nesta era Reagan. Lembrando "Amanhecer Sangrento", este filme, estrelado por Chuck Noris (campeão de karatê, espécie de versão piorada de Bruce Lee dos anos 80), trata de um tema que reacende a guerra fria: a invasão dos Estados Unidos pelos soviéticos. Previsto para substituir "O Anor do Dragão" no Palace Itália, na próxima semana. O que continua - Há bons filmes que permanecem em cartaz. O melhor de todos é, sem dúvida, "A Cor Púrpura", de Spielberg, que transpôs a tela, com total felicidade, a obra de Alice Walker (edição no Brasil da Marco Zero). Imerecidamente prejudicado na festa do Oscar - teve 11 indicações e não ganhou nenhum troféu; revelando um elenco de novas e brilhantes atrizes e atores negros, tem ainda aquela que é, até agora, a melhor trilha sonora do ano, criada por Quincy Jones (editada em álbum duplo, no Brasil, pela WEA), fundindo desde temas originais a clássicos do jazz como "Body and Soul" na interpretação do saxofonista Coleman Hakins. "The Purple Color" é um filme-emoção que toca o espectador e, merecidamente, está tendo ótimo público desde sua estréia, há um mês. Dois filmes sobre aeronáutica, fantasiosos, hiper-nacionalistas, mas com boa fotografia e muita movimentação, continuam em cartaz: "Águias de Aço" (Iron Eagle), de Sidney J. Furie, com Louis Gosset Jr., Jason Cedrick e David Suchet, no Cinema I e "Ases Indomáveis" (Top Guns), de Tony Scott - a maior bilheteria neste ano nos EUA no cine Condor. Uma espécie de "primo" do excelente "O Substituto" (1981, de Richard Rush) "FX - Assassinato Sem Morte" (FX - Murder By Illusion), é um thriller fascinante. Com toques de Hitchcock - um personagem comum (no caso um técnico de efeitos especiais cinematográficos) se envolve numa trama diabólica, oferecendo bons momentos de ação. Desta vez, o Plaza agiu com inteligência e manteve o filme em segunda semana de exibição. No Luz, continua "Os Bostonianos - Um Triângulo Diferente", de James Ivory, do romance de Henry James, com Christopher Reeve, Vanessa Redgrave, Jessica Tandy e Madeleine Potter. Merecidamente, com bom público. "Com Licença, Eu Vou à Luta", ganha (garantida), mais uma semana no Ritz e, possivelmente, também no Lido I. Ali, caso haja substituição, estréia amanhã "Os 7 Suspeitos", comédia de suspense dirigida por Jonathan Lynn. Fora de circuito comercial e dentro do seminário "Brecht e o Cinema", temos, na Cinemateca, três filmes interessantíssimos. Hoje à noite, "Tempo de Guerra" (Les Carabiniers), 63, de Jean-Luc Godard. Amanhã, às 18 horas, "O Desafio", 65, de Paulo Cesar Saraceni, com Isabella e Oduvaldo Vianna Filho (primeiro filme a abordar o golpe de 1º de abril) e, às 20:30 horas, "Jonas Que Terá 25 anos no Ano 2000", de Alain Tanner. Domingo, já em sua programação normal, a Cinemateca apresenta o primeiro filme interpretado por Marlon Brando: "Espíritos Indômitos" (The Men), 1950, de Fred Zinneman, sobre os paraplégicos vítimas da guerra. No Groff, amanhã à meia-noite e domingo às 10:30 horas: "Monty Python". No Luz, domingo em matinada, "A Filha dos Trapalhões", enquanto o Morgenau exibe "O Triunfo de Tarzan", com Johnny Weissmuller. LEGENDA FOTO - Dois novos sex-symbols do cinema americano - Kim Basinger e Mickey Rourke - em "Nove Semanas e Meia de Amor", de Adrian Lyne, em pré-estréia, amanhã, meia-noite, no Astor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
10
03/10/1986

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