Login do usuário

Aramis

Apenas uma estréia numa semana de muitos filmes

Apenas uma estréia nesta semana, mas nem por isto a programação deixa de estar atraente. Além dos muitos bons filmes em cartaz há também reprises indispensáveis, especialmente "Era Uma Vez na América", de Sérgio Leone (Cine Luz, 14 e 20 horas) - integrada à trilogia "Era Uma Vez a Aventura", desta vez um grande painel americano. A propósito, o jornalista Roberto Salomão, chefe-de-reportagem de O Estado, faz uma apreciação a respeito nesta mesma página. Outra reprise especial é a que está em cartaz na Cinemateca do Museu Guido Viaro, a partir de hoje: "Acossado" ("A bout de Soufle"), 1959, de Jean Luc Godard - com Jean Paul Belmondo e a falecida Jean Seberg. Detonadora da nouvelle vague, a fita de Godard permanece entre as mais interessantes obras do cinema mundial e sua reprise foi programada por Francisco Alves dos Santos a propósito do relançamento de "Breatjeless, a Força de Um Amor", EUA, 1984, de Jim McBridescom, Richard Gere e Valerie Kaprisky, refilmagem atualizada e americanizada de "Acossado" (no Luz, a partir do dia 10 de abril). ESTRÉIAS INESPERADAS Se há filmes que chegam precedidos de imensa carga promocional, catipultuados [catapultados] por prêmios e elogios, há outros que são aqui lançados quase anonimamente. Há um mês tivemos o excelente "Uma Mulher no Espelho", produção italiana de 1984, posteriormente reprisada no Cinema I e que teve mínimo público. Na semana passada, no mesmo Cinema I, poucos foram ver outro magnífico filme: "Memórias de um Espião" ("Another Country"), de Marek Kanievska, prêmio de melhor realização artística em Cannes - 84. Baseado numa densa peça de Julian Mitchell, profunda crítica ao sistema educacional inglês e debatendo um assunto difícil - o homossexualismo entre os jovens, "Another Country" tem uma dimensão que vai do clássico "IF" de Lindsay Anderson ao recente "O Exército Inútil" de Robert Altman (um dos melhores filmes lançados em Curitiba em 85, também fracasso de público). Com Rupert Everett - novo e talentoso ator inglês, uma bela fotografia de Peter Biziou, "Memórias de um Espião", em sua linguagem teatral, densidade e clima huis-clos é mais uma pequena obra-prima que passa despercebida - não chegando sequer ao público interessado em teatro. Para este, aliás, há dois outros programas indispensáveis, em cartaz até quarta-feira: "Agnes de Deus", de Norman Jewison, da peça de John Pielmeier, com Anne Bancroft e Meg Tilly (que concorreram aos Oscars de melhor atriz principal e coadjuvante, respectivamente), mais Jane Fonda (Cine Astor). No Ritz, surpreendentemente com pequeno público, um filme denso, profundo e belo de Ingmar Bergman, que embora tendo sido escrito diretamente como telefilme (na TV sueca), que tem uma linguagem teatral: "Depois do Ensaio" (Efter Repetitionen), com Erland Josenhson, Ingrid Thulin e a novata Lena Olin - com todas as condições de se tornar um novo mito do cinema europeu. Apesar dos méritos de "Agnes de Deus" e, especialmente, "Depois do Ensaio", estes dois filmes não estão encontrando o público merecido. De forma que sua permanência está condenada. Para substituí-los, talvez já na próxima quinta-feira, 10, teremos "O Sol da Meia-Noite" de Taylor Hackford e "Kaos", dos irmãos Taviani, respectivamente. "White Nights" - Oscar de melhor canção ("Say You Say Me", Lionel Richie), traz o bailarino Mikhail Baryshnikov (num personagem quase auto-biográfico), a veterana Geraldine Page, Isabela Rosselini em sua estréia (filha de Ingrid Bergman e Robert Rosselini) e até o cineasta polonês Jerzy Skokolimowski. Já "Kaos", que os irmãos Taviani realizaram com base em 5 contos de Pirandello, é considerado uma nova obra-prima dos diretores de "A Árvore dos Tamancos" e merecerá a máxima atenção. Devido a sua longa-metragem, está dividido em duas partes - a serem projetadas alternadamente. Sem qualquer referência maior, a produção francesa "Com Fogo nos Lábios", do desconhecido Pierre Kallon e com os igualmente desconhecidos Bernard Yerley, Olga Georges Picot e Paul Guers está em exibição no Groff. A verificar por quem disponha de tempo e entusiasmo. No Groff, hoje às 10 horas da manhã, um filme de respeito: "Cinco Dias de um Verão", realizado há 3 anos pelo veterano Fred Zinnemann - e que passou desapercebido quando de seu lançamento, há algum tempo, no Astor. Um filme do diretor de "Matar ou Morrer" sempre merece atenção. Para quem "madrugar" neste domingo, outra programação notável: no Luz, às 10 horas, "As Férias do Sr. Hulot" (Les Vacances de Mr. Holot), 53, de Jacques Tati (1907-1982). OS PROGRAMAS Voltando-se para um assunto que tem recebido boas bilheterias - jovens estudantes e sua iniciação sexual, "A Coisa Certa" (The Sure Thing), de Robert Reiner, volta ao cartaz - Agora no Cinema I. Um elenco de jovens - John Cusak, Zuniga, Nicolette Shreinda - e, em curto mas marcante papel, a veterana Viveca Lindfors. Um bom programa para adolescentes. Para a garotada outro programa é "Os Dois Supertiras em Miami", de Bruno Corbucci, com a dupla Terence Hill-Bud Spencer, que continua em cartaz no Vitória. Ali, na próxima quinta-feira, talvez retorne "Rambo I", de Ted Koetcheff, com Sylvester Stallone. Outro filme censura livre: "A Jóia do Nilo", de Lewis Teague, continua no Plaza, enquanto que "o Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas" (St. Elmo's Fire), de Joel Schumacher emplacou mesmo: continua com público suficiente para se manter em cartaz no Bristol. Dos filmes catapultados pelo Oscar, "Entre Dois Amores" ("Out of Africa"), a emocionante cinebiografia de Isak Dinesen (Karen Christentze Dinesen, 17/4/1885 - 7/9/1962), com Meryl Streep, reagiu em termos de público após a consagração na festa do dia 24 de março, em Los Angeles. Um filme bonito, envolvente - que embora menosprezado por alguns críticos implicantes, merece prêmios e elogios e confirma o talento de Sydney Pollack. Também "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco - Oscar de melhor ator a William Hurt - continua no Cine Palace-Itália, com longas filas. Por último, uma boa notícia: a I Semana do Cinema Finlandês, que foi apresentada no mês passado em São Paulo, será trazida à Cinemateca do Museu Guido Viaro a partir do dia 14. São seis longas metragens e quatro curtas que mostram pela primeira vez, um cinema totalmente desconhecido no Brasil e que mesmo em termos europeus só começou a se projetar nos últimos 20 anos. Que não seja um cinema tão gélido quanto o País... LEGENDA FOTO 1 - Dois paranaenses em cena: Sonia Braga e Herson Capri em "O Beijo da Mulher Aranha". LEGENDA FOTO 2 - Meryl Streep e Klaus Maria Brandauer em "Entre dois Amores". LEGENDA FOTO 3 - Diogo Vilela e Andréa Beltrão em "Rock Estrela".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
3
06/04/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br