Login do usuário

Aramis

Após Arzua, a vez de Athos no Santa Mônica

O advogado Athos Abilhoa, executivo de um grupo de cinco empresas do setor madeireiro, vice-presidente da associação nacional de reflorestadores, já está em campanha: quer suceder ao ex-ministro Ivo Arzua Pereira na presidência do Santa Mônica Clube de Campo. Mais do que apenas uma eleição clubística, de interesse restrito as colunas sociais, a eleição do Santa Mônica tem um significado até político. Afinal, "o maior da América do Sul" ( a eterna mania de grandeza!) durante mais de uma década esteve dominada pelo grupo do campeão-de-tiro Leonel Amaral, sócio e "herdeiro" do fundador do clube, o inesquecível Joffre Cabral e Silva, falecido em 1967. Só quando um grupo de associados, liderados pelo industrial Ary Paiva, decidiu formar uma aguerrida chapa oposicionista, foi quadrada a oligarquia que ali havia se instalado. Mesmo contando com um dos maiores contingentes de sócios - hoje passam de oito mil pagantes - as "eleições" eram tranqüilas: assembléias gerais aos quais poucos compareciam reelegiam Leonel Amaral e seu grupo. Mas a entrada de Ary Paiva, há alguns anos, balançou o coreto e os associados - talvez até numa transferencia ideológica, já que não podiam votar para outros setores públicos - apoiaram maciçamente a oposição, que venceu com expressiva margem de votos. Ary Paiva, entretanto, dois anos depois, na melhor tradição da revolução francesa, pensou em continuar no cargo. Houve uma cisão no grupo que o havia apoiado e, para garantir a vitória, convenceram o ex-prefeito e ex-ministro Ivo Arzua a concorrer o cargo. Ary concorre novamente mas, num belo e democrático pleno, Arzua foi eleito. E agora está encerrando uma gestão administrativamente elogiavel, com muitas realizações como não poderia ser diferente, considerando-se o seu dinamismo. E dentro de uma coerência que inspirou, no passado, a oposição ao continuismo do grupo Amaral, formou-se já uma nova chapa, para cuja liderança o nome naturalmente escolhido foi o de Athos Abilhoa, pessoa de largo transito em várias camadas. Até agora não se sabe de uma outra chapa, mas, para validar mais a sua possível vitória, será até positivo que apareça. Xxx Eleito Athos Abilhoa ou qualquer outro associado, um fato é certo: o conceito de clube-de-campo está a exigir reformulações. Quando Joffre e Hélio Setti idealizaram o Santa Mônica, há quase 20 anos, o mundo não vivia a crise de combustível, a inflação não chegava nem a 50% e o deslocamento a uma área de recreação distante quase 10 km do centro da cidade (dependendo do local em que a família resida) não preocupava. Hoje, a ida ao Santa M Monica, nas margens da BR-116 implica no mínimo em Cr$ 200,00 - só em gasolina. Assim, não é preciso nem um raciocínio maior para entender que os clubes de campo - não só o Santa Mônica, mas o 3 Maria ou qualquer outra que se distancie da cidade, tendem a ter uma freqüência reduzida - e mesmo uma desistência de associados. Aliás, o número de pessoas que mensalmente vão desistindo de serem sócios, não se importando em perder seus títulos patrimoniais pela falta de pagamento das anuidades, é impressionante. Hoje com um custo mensal ao redor de Cr$ 500,00 por clube, reduz o número de pessoas, por mais aquinhoadas financeiramente que sejam, capazes de manterem o luxo de serem associados de mais do que 2 entidades, os quais, por sua vez, também tem seus encargos administrativos cada vez mais onerados. A idéia de clube-empresa, lançada ainda nos anos 60, discutida na década passada mas com muitas resistências por parte de setores menos esclarecidos dos associados, torna-se cada vez mais necessária de ser posta em pratica. Com patrimônios de milhões de cruzeiros, quase sempre imobilizados, os clubes necessitam serem reciclados e reaproveitados, sob pena de terem melancólicos fins. A reação que se observou nos últimos anos, com maciças vitórias de grupos oposicionistas contra as "oligarquias" que, movidos por curiosas "dedicações", vinham se perpetuando em entidades tradicionais - como a Thalia, ou então em clubes mais novos e nascidos já com objetivos semi-empresariais (o caso do Santa Mônica), já foi um sinal de alerta. Agora, mais do que nunca, os homens honestos, criativos e decididos que se propõe a sacrificar horas de sua vida para animá-los e dirigi-los, sentem a necessidade de uma reestruturação de base na forma de administra-los, de evitar não apenas o esvaziamento dos salões e áreas de lazer, mas a desistência progressiva dos associados - que, permitidos pela compreensão dos orçamentos domésticos, não tem outra opção do que desistir das onerosas - e muitas vezes ociosas - carterinhas de associados. O próprio Athos Abilhoa, homem informado do problema, admite que estudos e pesquisas realizados internacionalmente mostram que menos de 10% dos associados são os que efetivamente desfrutam dos serviços e benefícios dos clubes, mantidos por todos. Isto porque, pelas mais diversas razões, há uma ausência do quadro associativo. Há mais de 15 anos, quando Joffre Cabral e Silva, com seu entusiasmo fazia o Santa Mônica Clube de Campo ter uma freqüência mais ativa do que nos dias de hoje (apesar de na época existirem mínimas atrações), um laudo do então Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas confirmava a existência de uma grande fonte de água mineral nos 20 alqueires do clube. E tal como na música que Cauby Peixoto (reaparecendo, aliás, com um ótimo elepe) imortalizou - o "Conceição" ( Jair Amorim/Dunga, 1956), e que Jofre nunca deixava de cantar nas festas promovidas no "barracão" do clube, a fonte d'água mineral, se não secou, também não apareceu. Nunca mais se falou muito a respeito das possibilidades de seu aproveitamento industrial, talvez uma das fórmulas de enfrentar os altíssimos custos do clube, o que obriga a reajustes quase semestrais nas mensalidades - uma das causas da redução do número de associados que se dispõe a continuar a contribuir. Xxx Em seus 18 anos de existência, o Santa Mônica se transformou num dos mais completos clubes-de-campo do Pais. Seu patrimônio valorizou-se e seu quadro social ampliou-se. Hoje, dirigi-lo é um desafio administrativo - e que, nos últimos 3 anos, encontrou na experiência de Ivo Arzua um nome certo. Agora, para um novo período, o advogado Athos Abilhoa se dispõe a enfrentar os riscos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10
24/10/1980
Gostaria de saber sobre as eleições do Santa Monica, em foi eleito o Sr. Ivo Arzua Pereira, quais as chapas e concorreram e o resultado , bem como foto das chapas assim como comentarios., atenciosamente ary teodoro correia

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br