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Aramis

A arte maior de Franco

Como disse Renê Bittencourt, um dos muitos admiradores de Franco Giglio que, na noite de quarta-feira, esteve no Museu de Arte Contemporânea, na inauguração da coletiva do artista ítalo-brasileiro, a mostra que ali permanecerá até o dia 17 de julho, é, "antes de tudo um exemplo de que com talento e energia pode se criar peças de arte em pouco tempo". Ou seja: Giglio, 42 anos, que há 20 anos chegava pela primeira vez a Curitiba - cidade que agora retorna, em menos de 3 semanas, trabalhando mais de 12 horas por dia, produziu 30 trabalhos belíssimos, criando desenhos sobre os quais desenvolveu óleos que explodem sua imaginação, sua sensibilidade, sua visão do mundo. Seus quadros de multiplas idéias e sugestões - a série de "mágicos" que, como observou outro pintor presente. Álvaro Borges, "parecem afrescos retirados de igrejas da Renascença", obras refletindo influências literárias - como "o enterro de Baudelaire", criado após Franco ter se entusiasmado com a leitura "As Flores do Mal" ou, especialmente, um pequeno quadro que recebeu o sugestivo título de "Ponto de Ensaio", de Orquestras", a mais recente obra de Federico Fellini, que Franco e Rose (sua esposa) assistiram em Verôna, há algumas semanas, pouco antes de retornarem ao Brasil. Aliás, eles devem ser uma das poucas pessoas entre nós que já viram este filme elogiadíssimo de Fellini, que ainda não tem data de lançamento no Brasil. Em apenas alguns dias, trabalhando ininterruptamente - trocando o generoso vinho que tanto aprecia por muito leito, para evitar intoxicação com as tintas - alimentados no estúdio - "fui uma espécie de "bóia-fria" durante este período", comentava, brincando, no encerramento da exposição. Franco realizou uma mostra das mais significativas - cuja análise técnica deixamos para os especialistas da área (Benitez, Sade, Neri Baptista e Adalice Araújo) mas que, de nossa parte, merece o registro entusiástico e a indicação: quem gosta realmente de boa arte e deseja adquirir uma tela de valor, criativa, deve passar, o mais cedo possível, pelo Museu de Arte Contemporânea. Afinal, numa época de tanto comercialismo, tanta mediocridade badala em círculos sócias, a arte de um artista simples, espontânea e, principalmente, vigoroso como Franco Giglio não pode ser desprezada. E a admiração que ele merece levou ao MAC, na fria noite de quarta-feira, centenas de amigos, entre nomes dos mais conhecidos de várias áreas, inclusive o prefeito (e sua esposa, Fany) Jaime Lerner e o secretário dos Transportes, Nivaldo Almeida, que mostra também saber apreciar os bons artistas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
29/06/1979

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