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Aramis

A arte maior nas belas telas coloridas de Teca

Quadro a quadro, dia a dia, exposição após exposição, Estela Sandrini vem construindo uma carreira sólida honesta a que a inclui entre nossas mais importantes artistas plásticas. Numa cidade a cuja generosidade (ingenuidade?) da imprensa e círculos (dito) intelectualizados, vendem-se alhos por bugalhos e o amador de ontem é o profissional (sic) badalado nas colunas e vernissages de hoje, artistas como Teca - forma afetuosa com que seus (muitos) amigos a chamam - é uma artista que merece especial atenção. Ela nunca precisou esquemas fajutos para que sua obra fosse valorizada. Ao contrário, numa modéstia lapiana - embora nascida em Curitiba, há 45 anos - mereceu os 14 prêmios que valorizam seu curriculum, entre os quais o da VII Bienal de Gravura - Cidade de Curitiba e o prêmio viagem ao Exterior no 43º Salão Paranaense. Esposa do médico e professor Romulo Sandrini, mãe de Giovan e Juliano, Teca soube aproveitar longos períodos em que viveu em Buenos Aires - há 20 anos - entre 1988/89, para aprimorar seus conhecimentos, conhecer novas técnicas e também fazer exposições. Assim, além das 75 coletivas que já participou e entre suas seis individuais mais importantes (a partir de 1976), estão recentes duas mostras nos Estados Unidos: "From Brazil: Estela Sandrini", na Katzentein Gallery, em Baltimore, Maryland e "Estela Sandrini, Paintinges and Drawings", na Art Gallery of the Brazilian-American Gallery of the Brazilien-American Cultural Institut, em Washington, D.C. Selecionada para 37 salões oficiais - em Pernambuco, Belo Horizonte, Ceará, Goiás, São Paulo, Salão Nacional do Rio de Janeiro, além de Curitiba, os trabalhos de Teca já encontram-se em seis importantes museus nacionais, além de Eubie Blake Cultural Center, em Baltimore. Entre os muitos colecionadores que possuem não uma, mas várias de suas telas, está Gilberto Chateaubriand, dono da maior pinacoteca particular no Brasil. xxx Mais do que pontos de um curriculum ilustre, os dados acima são importantes para que no cipoal de exposições, muitas das quais de discutível valor, anote-se a data de 22 de novembro, para se conhecer os novos trabalhos de Estela Sandrini, alguns iniciados nos Estados Unidos, outros concluídos após seu retorno, e que por 11 dias estarão em exposição na Sala Theodoro de Bona do Museu de Arte Contemporânea. No total são 35 obras, 4 pinturas de grandes dimensões, desenhos e uma nova técnica, monoprint. Técnica que exercitou no Maryland Institut of Art. O suporte é o papel, como matriz a placa de acrílico, onde trabalha com cores, transparências e texturas para depois imprimir na prensa da gravura em metal. Como diz o próprio nome é apenas uma tiragem. Como cinéfila culta e refinada, o tema escolhido para esta mostra nos remete ao belo filme de Claude Lelouch, realizado há 22 anos: "um homem, uma mulher". xxx Radha Abramo, crítica de artes plásticas, jornalista, viúva do jornalista Cláudio Abramo, em abril de 1987, dizia sobre a art da curitibana Teca: "Entendo que Estela Sandrini é uma das mais admiráveis artistas do País, possui uma técnica exemplar, revela um profundo respeito em relação ao seu próprio trabalho e acima de tudo engendra uma atividade estética com um repertório - panelas, cadeiras, potes, gavetas - pouquíssimo exaltados na arte e não reconhecidos como merecedores de alguma atenção nos embates diários da existência. Os trabalhos de Estela despertam a nossa admiração pelo profissionalismo técnico, e são ainda, espelho de nossa crítica, desconhecida, desvalorizada e ridicularizada epopéia feminina". xxx Ennio Marques Ferreira, 61 anos, que já passou por (quase) todos os cargos de direção cultural no Paraná, mas antes de tudo ligadíssimo a produção artística - e que conheceu a menina Teca ainda dos primeiros riscos e rabiscos, em agosto de 1986, quando de uma das suas mostras individuais dizia: - "Este ato de entrega ao desenho através do qual foi para ela revelado um sem número de descobertas de importância para o seu relacionamento com o papel e com os mais diversos materiais de execução gráfica, tornou-se na verdade, um profundo, apaixonado mas antes de tudo exigente caso de amor". xxx Já a crítica Adalice Araújo, da "Gazeta do Povo", em novembro de 1987, quando da mostra "Pequenas e Grandes Imagens de Estela Sandrini" escrevia: - "Sob a ótica da ironia, Estela Sandrini, uma das mais pessoais artistas paranaenses contemporâneas, enfoca cenas do cotidiano doméstico. Embora servindo-se de personagens e cenas de interiores de casas burguesas, ela crítica o cansaço e a rotina. Não só desorganiza a visão bem comportada mediante a miniaturização de objetos e engrandecimento de figuras que no momento dançam ou percorrem livremente o espaço como introduz animais simbólicos questionadores que cada vez mais substituem os homens e mulheres das faces anteriores, como personagens principais".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/11/1989

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