Arte sem modismos de Bracher vem ao museu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1989
Quando um evento cultural tem gente competente e, sobretudo, bons recursos à disposição, o projeto flui normalmente. É o que acontece com a primeira grande exposição que vai movimentar um pouco o Museu de Arte Contemporânea, Carlos Bracher (inauguração no dia 8, 20 horas), com o nome de "Pintura Sempre", reunindo trabalhos no período entre 1961/1988 do artista plástico mineiro.
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Como curador desta mostra comemorativa aos 30 anos de trabalho de Carlos Bracher, 49 anos, está um dos mais respeitados profissionais da crítica e organização de eventos no campo da artes plásticas: Olívio Tavares de Araújo, ex-revista "Veja", hoje dedicando-se ao assessoramento de projetos de primeiro nível.
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Em Curitiba, reforçando os detalhes de promoção e organização da individual de Bracher, está o atento e atencioso arquiteto Waldir Simões de Assis, amigo de Olívio e que, com o seu bom relacionamento junto aos círculos artísticos e à imprensa está garantindo amplos espaços para esta exposição que tem o patrocínio da Shell Brasil, investindo, conforme incentivos da lei Sarney.
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Mineiro de Juiz de Fora, Carlos Bracher obteve em 1967 o prêmio de viagem ao estrangeiro do Salão Nacional de Belas Artes, com o qual viveu dois anos na Europa (principalmente em Paris). Há 9 anos foi um dos "destaques Hilton de Pintura", como um dos 10 artistas que mais se projetaram na década de 70.
No longo estudo de Olívio Tavares de Araújo sobre sua obra - o que faz do catálogo uma espécie de minilivro de arte (somadas às belíssimas ilustrações a cores), recorda que Bracher já foi chamado pela crítica, na década passada, de "um resistente da pintura". Isso porque, ao longo dos anos 60 e 70, conseguiu se manter alheio a qualquer modismo, aos happenings, às performances, trabalhando sempre como um artista quase romântico, um pintor de cavalete "à antiga", apaixonado pelo seu trabalho. O marchand Waldir Assis, a propósito, comenta:
- Desde o começo dos anos 80, sabe-se que a pintura voltou à moda e é hoje um dos meios mais cultivados do mesmo pelos que, até há pouco, se ocupavam da vanguarda. Palavras como vanguarda ou tradicionalismo não fazem parte do vocabulário de Bracher. Ele foi sempre fiel a si mesmo, independentemente de rótulos!
O próprio Bracher, em recente entrevista, garantiu:
- Acredito que a arte é e continuará sendo sempre um veículo para o diálogo e para a expressão de emoções. Sem emoção e sem comunicação da emoção pode-se fazer uma porção de coisas, mas que não pertencem ao domínio da grande arte, aquela que integra a história da cultura e do homem.
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Ao montar a presente mostra, o curador Olívio Tavares de Araújo partiu do raciocínio de que embora contenha quadros realizados desde 1961, a "Pintura Sempre" não deveria ser apenas retrospectiva. Explica:
- Pretendemos mostrar o presente de Bracher iluminado por sua produção passada, e, somando presente e passado, fazer uma prospecção do que pode vir a ser sua obra no futuro. O título "Pintura Sempre" já enfatiza o fato de que os valores pictóricos sempre foram os essenciais para Bracher - e não os valores acessórios: tema, assunto. Figurativo convicto, ele é, também, ao mesmo tempo, um inventor de formas extremamente livres, para quem a realidade contemplada serve basicamente de pretexto e de detonador da emoção para a pintura.
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Curitiba será a segunda cidade a conhecer esta exposição itinerante, que abriu em fevereiro em São Paulo. Posteriormente irá a Brasília, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Ouro Preto e Rio de Janeiro. Acompanhando a mostra, foi produzido um videoteipe ("Carlos Bracher: Retrato Intenso") patrocinado pelo Ministério da Cultura/Secretaria da Cultura de Minas Gerais. O VT estará sendo apresentado no MAC, durante a exposição.
LEGENDA FOTO - Carlos Bracher: "Pintura Sempre", uma retrospectiva de qualidade, no MAC a partir do dia 8.
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