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Aramis

Arthur revisita Villa

Chegando aos 50 anos - completados dia 16 de julho último - o carioca Arthur Moreira Lima no alto de um prestígio internacional que o inclui no podium dos mais respeitados pianistas do continente vem, há mais de 10 anos, diversificando cada vez mais sua carreira. A partir das gravações que fez para Marcus Pereira (1930-1980) interpretando a obra de Ernesto Nazareth (1863-1934), Moreira Lima vem alternando programas sinfônicos, recitais em salas internacionais com repertório de grandes mestres do clássico, com formações populares - gravando choros e até estruturando um espetáculo ao lado do clarinetista Paulo Moura, violonista Rafael Rabello e o cantor Ney Matogrosso. Para os cultores radicais do clássico estas atitudes musicalmente audaciosas de Moreira Lima lhe têm valido críticas, mas para ele, um carioca bem humorado, que gosta de beber bem, conhece futebol como poucos e aprecia as boas coisas da vida - especialmente as belas mulheres, isto não importa: seu prestígio continua a aumentar. Agora para provar que contina a ser, antes de tudo, um grande virtuose ao piano preocupado em divulgar mundialmente Heitor Villa-Lobos (1889-1959), Arthur está gravando a obra deste grande compositor, saindo inicialmente pela CBS os lp's "Villa-Lobos, Uma Antologia" e "Cirandas". Na nota da contracapa, Arthur lembra que sendo o piano o mais completo dos instrumentos, não é de se estranhar que Villa-Lobos o tenha utilizado de múltiplas maneiras, recorrendo a imensos recursos, em diferentes gêneros. Assim, os diversos aspectos de sua realização musical aparecem muito claramente em suas composições pianísticas, emprestando-lhes um cunho autêntico e variado: choros, bachianas, cirandas, danças, valsas, ciclos, suítes e o famoso Rudipoena dedicado ao pianista Arthur Rubinstein, seu grande amigo e propagandista. "Sempre foi meu desejo produzir uma antologia dessa obra que fugisse, como o próprio compositor, ao convencional, não pela simples escolha das peças, mas sim na maneira de gravar o som do piano. Fiel a suas raízes populares, o piano de Villa-Lobos é brilhante, marcando os ritmos e por vezes como se fosse um instrumento de percussão, indo do mais terno ao mais agressivo, sem nunca perder sua grande presença de som que lhe é característica". No volume "Uma Antologia", Arthur interpreta as "Bachianas Brasileiras No. 4" (22'03"), em seus quatro movimentos; "Tristorosa", valsa; os quatro movimentos do "Ciclo Brasileiro" e "Valsa da Dor". Já as Cirandas trazem a coleção de 12 peças sobre temas populares brasileiros. Existem, sem dúvida, outras gravações destas peças, algumas por grandes virtuoses mas Arhtur dá o seu toque, o seu feeling e, especialmente, com humor, diz: - Acho que também me trouxe uma ispiração extra o fato de ter gravado no bairro das Laranjeiras, entre a Rua Ipiranga, onde nasceu Villa-Lobos, e o campo do Fluminense, onde nasceu o futebol (então foot-ball) do Rio de Janeiro. Produção cuidadosa, registrada entre janeiro e março/88, os dois álbuns trazem capas belíssimas: "Uma Antologia" com o quadro "Brodowski" (1948) de Cândido Portinari (1903-1962) e "Cirandas" com a Igreja de Santo Antônio da Barra, que Giuseppe Gianinni Pancetti (1904-1958) pintou em 1951.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
11/11/1990

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