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Aramis

Artigo em 01.08.1975

A partir de hoje as bilheterias do Teatro Guaira já estarão vendendo os ingressos (Cr$ 200,00 cada) para as duas únicas apresentações de Margot Fonteyn (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, dias 15 e 16 de agosto). A estréia, em blacktie, será sem dúvidas o máximo acontecimento do ano. E pela primeira vez, serão colocados à venda dois dos quatro camarotes existentes - a Cr$ 3 mil cada. A corrida vai ser para saber quem serão as duas "locomotivas" da vida citadina a terem sofisticação de assistirem a melhor bailarina do mundo, de camarote. O próprio governador Jayme Canet Junior já referendou ao superintendente Maurício Távora: considerando o alto custo do espetáculo, não haverá convites. Na segunda apresentação, em que não se exigirá traje a rigor, os ingressos no terceiro balcão custarão Cr$ 150,00. Na tranquilidade da mansão no morro de Caiobá - uma das mais belas residências do Atlântico Sul - o publicitário Enock de Lima Pereira, 39 anos, que trocou uma carreira na imprensa pela prosperidade da propaganda (Divulpar), vem se dedicando nos fins-de-semana, à relação de um livro que vai dar assunto para muitas discussões: "Um ferry-boat na baía". Dono de um estilo leve e gracioso de escrever - que há 18 anos o fez vencer, com "Imposições", um concurso de contos organizados por Aurélio Benitez na "tribuna do Paraná" - Enock foi até 1972 uma espécie de fac-totum da Tribuna e O ESTADO, cuja redação só abandonou para dirigir a sua própria agência de propaganda. Acompanhado de bastidores a vida de Caiobá, com seu agudo senso de jornalista, Enock acabou recolhendo estórias & causos que, evidentemente com personagens incógnitos, constituirá a trama de seu livro - entre os estilos dos best-sellers de John Upkton e Grace Metalious. O próprio Enock, brincando, diz que "Um fery-boat na Baía", poderá ter o seguinte subtítulo: -Peyton Place era fichinha. Quando os jovens somente se interessam pela elétrica música estrangeira, desprezando a beleza e vigor do cancioneiro nacional (a tal ponto que cresce o número de imbecis brasileiros compondo em inglês), é salutar ouvir uma dupla como os irmãos Garfunkel, de São Paulo, Jean Pierre, 21 anos e Paulo 17, ao violão e flauta, respectivamente, desenvolvem um sério trabalho de origens verde-amarelas, compondo choros e sambas na melhor linha dos mestres Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Com uma repertório de mais de 100 músicas próprias, oito das quais já gravadas (a mais recente, "Tristeza do Boi" foi incluído pelo cantor Silvio Brito, em lp recém-editado pela Chantecler), Jean Pierre e Paul Garfunkel preparam um espetáculo - no qual haverá também um cavaquinho (Lony Rosa) e um bandolim (Jaime Saraiva) - chamado "Testemunho", que será aplaudido em Curitiba, em outubro. Por enquanto, a dupla está na cidade apenas a passeio - mas não tem deixado de mostrar o seu promissor e brasileiríssimo talento. Sai na próxima semana a 12a edição do "Dicionário Cultural da Língua Portuguesa", que a Grafipar lançou pela primeira vez em 1967. Em oito anos, o editor Faruk El Khatib, conseguiu comercializar nada menos que 120 mil exemplares desta obra coordenada por seu mano, o professor Faissal El Abden El Khatib, primeiro dicionário a circular com 100 mil verbetes, que numa edição a preço econômico será vendida inclusive em bancas de revistas e jornais de todo o País, a exemplo do "Aurélio" (Nova Fronteira, 1975), que apesar do alto custo (Cr$ 200,00 o volume) conseguiu chegar à lista de best-sellers. O Instituto Nacional de Cinema vai fechar nos próximos dias cerca de 30 cinemas no Paraná. O motivo é o de sempre: falta de cumprimento da lei de proteção ao cinema nacional. Inicialmente, as casas serão suspensas em sua programação por 5 dias e, caso não se regularizem, o fechamento será definitivo. Agora, o experiente Zito Alves, que fornece equipamentos a toda a cinematografia paranaense acrescenta: "Vai acontecer que pelo menos a metade destes cinemas vão aproveitar e fecharão mesmo, por iniciativa de seus proprietários". Um exemplo é o cine Aparecida, de Quatiguá, que o sr. Pedro Cordasco vem mantendo há anos, com crescentes prejuízos. Desanimado pela evasão de público, Cordasco decidiu deixar que o Cine Aparecida desapareça.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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01/08/1975

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