Artigo em 07.07.1977
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de julho de 1977
Um dos mais respeitados músicos de vanguarda do Brasil, no campo erudito, o pianista e professor Paulo Afonso Moura Ferreira, 37 anos, desde 1969 mestre no Departamento de Música na Universidade de Brasília, passou por Curitiba no início da semana. Aproveitando as férias antecipadas) da UNB, Paulo Afonso veio trouxe sua filha, Lúcia Waleska, 11 anos, ao IV Concurso Jovens Instrumentistas Brasileiros, em Piracicaba, SP, onde ela foi a primeira classificada entre as cellistas do primeiro ciclo. E estendeu sua viagem a Curitiba, propondo a Fundação Teatro Guaíra a realização de um concerto de música contemporânea, no segundo semestre.
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Paulo Afonso Moura Ferreira foi um dos primeiros pianistas que, com formação erudita, cursos de especialização na Alemanha Ocidental (1963/66), premiações em vários festivais, a partir para a música contemporânea, com propostas de vanguarda, até hoje ainda pouco compreendidas pelo público. Apenas como intérprete e teórico - sem jamais ter tentado a composição, tornou-se um líder nesta nova corrente, acabando por ser eleito, há 4 anos passados, presidente da Associação Brasileira de Música Contemporânea, que reúne compositores da dimensão de Marlos Nobre (atual presidente do Instituto Nacional de Música), Lindenbergue Cardoso, Kollreuther, Almeida Prado, Edino Krieger e alguns outros brasileiros que, pouco a pouco, vão conquistando um prestígio internacional - embora suas obras, no Brasil, ainda sejam praticamente desconhecidas.
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Na Alemanha, quando ali estudava, Paulo Affonso conheceu a bela violinista Waleska Hadelich, com a qual casou. Waleska é o segundo violino do Quarteto da Universidade de Brasília, formado por Moyses Mandell (violino), John Georg Schermann (viola) e Antonio Guerra Vicente (violoncelo), que, há seis anos, vem fazendo apresentações no Brasil e Exterior e já teve um elepe editado na Alemanha. A propósito de discos, em sua viagem [à] RFA, Paulo Afonso fez uma gravação para a Rádio de Bremen, com obras dos melhores compositores brasileiros.
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Falando em música, dois destaques para paranaenses: Harry Schwartzem, após estudar quatro anos na Alemanha, retornou ao Brasil e foi contratado pela Universidade de Brasília, onde já integra o recém criado Quinteto de Sopros. E a menina Martina Graff, no IV Concurso Jovens Instrumentistas Brasileiros, em Piracicaba, foi a primeira classificada em piano, entre as concorrentes do primeiro grau.
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Uma prova de que Maurício Quadrio, um dos homens que mais conhece o mercado fonográfico e a música erudita no Brasil, tinha razão, há seis anos, ao idealizar a promoção "Quem Tem Mêdo de Música Clássica?", graças a qual a Phonogram passou a vender tantas cópias de discos eruditos quantos populares: não só aquela [fábrica], como outras estão intensificando cada vez mais os seus catálogos. A Phonogram, além de lançamentos regulares do melhor [catálogo] de Deutsh Grammophon, incluiu agora também a edição de [óperas] completas: "Gotterdanmerung" (1876) de Richard Wagner (1813-1883) e, com a boa aceitação da luxuosa edição, partiu para outros projetos com a edição da [ópera] "A Flauta Mágica", de [Wolfgang] Amadeus Mozart (1756-1791). A Odeon, em cuja direção de projetos especiais encontra-se agora Quadrio, não ficou atrás: neste mês está colocando nas lojas nada menos que 18 LPs com a Filarmônica de Berlim, sob a regência do mais lendário maestro contemporâneo, Herbert Von Karajan.
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