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Aramis

Artigo em 18.10.1981

Lucho Gatica, 46 anos, chileno de nascimento mas há mais de 20 anos radicado no México, veio a São Paulo, para fazer shows no Gallery, o que colocou o bolero novamente em evidência. Santo Morales lidera as vendas deste gênero romântico, tranqüilo, de uma época em que homem e mulher preferiam os embalos a dois do que a distância dos passos da discotheque. Santo Morales já é internacional: "Boleros com Amor" está entre os 20 lps mais vendidos em Miame, segundo a "Cash Box". No México [vendeu] 90 mil cópias e no Brasil já passou das 150 mil, repetindo o êxito da Colômbia, Bolívia, Equador e Espanha. Assim, não é sem razão que "Latino com Amor", o novo disco-embalagem com mais de 30 músicas ao ritmo de bolero (incluindo "Bastidores", de Chico e "Triste", de Tom), esteja tendo uma promoção especial. Quem é, afinal, Santo Morales? É nada mais, nada menos do que Sidney Moraes do Espírito Santo, que ao lado de Roberto e Jane (hoje, em dupla com Herondy, especialistas em versões) formou Os 3 Moraes, um dos bons grupos vocais dos anos 60. Rolling Stones rides again. O grupo inglês volta a excursionar nos Estados Unidos, que não visitavam há 3 anos e paralelamente sai o novo lp "Tattoo You", recebido com entusiasmo pela crítica. Jagger, Richards, o baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts tocam juntos há 20 anos e o guitarrista Ron Wood entrou no grupo só mais recentemente. Desde o fim dos Beatles, os Rolling Stones transformou-se no grupo pop de maior popularidade internacional, mantendo um público seguro e que, surpreendentemente, tem se mantido fiel. Nesta "Tattoo You" (lançamento no Brasil da Odeom), o mesmo som hard, vigoroso, embora com momentos de extrema harmonia como "Heaven" e "Neithbours". Marina Lima foi uma cantora-intérprete para cujo lançamento a WEA, há 4 anos, se esmerou numa cuidadosa promoção. Classe média-alta, vivênia nos EUA, compositora e intérprete, excelente [visual] Marina surgiu com grande força, como intérprete de blues profundos e comunicativos. A Ariola, assim que entrou no mercado brasileiro, entre outros monstros sagrados (Milton, Chico), contratou também Marina, acreditando em suas possibilidades. Agora, em "Certos Acordes", Marina explode novamente com canções próprias (quase sempre com parcerias com o mano Antônio Cícero), repletas de sensualidade e as quais ela confere uma interpretação especial, insinuante. Isto sente-se em "Charme do Mundo", "Quem é Esse Rapaz", "Seu Nome", ou especialmente "O Lado Quente do Ser". Em "Gata Todo Dia", cujo título antecipa imagens das mais excitantes ("Não quero água/Tomo banho é de lambida/Tiro o gosto desse corpo/ E ainda tenho sete vidas"), os parceiros são Leo Jaime e Tavinho Paes. Glorinha Gadelha é médica e não pensava em se tornar cantora. Mas sua união com [o] grande acordeonista Sivuca a levou a participar dos shows do bom instrumentista, a disciplinar sua vida profissional e acabou desenvolvendo sua criatividade de compositora. Chegar ao disco, como intérprete de suas músicas, não demorou muito e acontece isto agora em "Bendito o Fruto" (Copacabana), onde estão parcerias com Paulinho Tapajós ("Bendito o Fruto"), o falecido Luiz Ramalho ("Questão de Amor"), Hermeto Pascoal ("Música das Nuvens e do Chão"), Cacaso ("Menina da Mata Além"), e, naturalmente, Sivuca. Numa faixa - "Música das Nuvens e do Chão", participação especial de Elba Ramalho. Glorinha tem densidade em sua voz e ritmo contagiante. Mais uma compositora-intérprete no competitivo espaço de nossa MPB. Don Costa, maestro que está entre os favoritos de Frank Sinatra e que o acompanhou em suas duas vindas ao Brasil (Rio, 1980/SP, 1981) está em alta: sua filha caçula, Nikka Costa, com "On Mey Own", torna-se uma nova superstar infantil: já vendeu um milhão de discos e no último dia 14, ao lado de Julio Iglesias, participou de um programa especial no Palais des Congress, em Paris. Chamada de "A nova Shirley Temple", esta menina de olhos esverdeados, Domenica Costa - ou simplesmente Nikka, vende 10 mil discos por dia com "On My Own", canção que entrou na trilha sonora de "Fama" mas que só se destacou agora, na voz infantil. Enquanto Nikka estoura como cantora, o papai Don Costa mostra sua classe em dois belos elepês: em "Don Costa Play the Beatles", (CBS), conduzindo uma grande orquestra, num espetáculo ao vivo realizado no Teatro Manzoni, Milão, a 21/2/81, trazendo em arranjos próprios os mais conhecidos temas de Lennon/McCartney e em "Romantiquement Votre" (Ariola) mostrando sua tarimba de arranjador e produtor. Para emoldurar a voz perfeita de Mireile Mathieu, Don Costa preparou arranjos especialíssimos de um punhado de composições novas, algumas de sua autoria ("Les Jardins D'Automne", "Danse La France", "Je N'Ai Qu'Une Vie", etc.), num álbum requintado, e esmerado. Mireile Mathieu, uma cantora afinadíssima - para muitos a Edith Piaf de nossa época e que há 3 semanas veio ao Brasil, participa da festa de entrega do prêmio Moliére, mostra-se na plenitude como vocalista. Os arranjos de Don Costa são perfeitos. Resultado: Um disco indispensável a quem aprecia a música francesa. The Love Unlimited Orchestra em "Welcome Aboard" (CBS/EPIC, 144712) reúne mais uma vez o lirismo de Barry White (também o produtor de lp) a musicalidade de Webster Lewis, para um resultado sonoro dos mais agradáveis. Canções como "Dreams", "Easin", "Wind", e "Mr. Fantasies" fluem naturalmente. Um lp ideal para se ouvir depois do amor. Ruy Maurity - homenageia Mário de Andrade numa das faixas de seu novo compacto (Sigla/Som Livre): "Os males do Brasil são", uma faixa irônica e inteligente, parceria com José Jorge, com que também fez duas outras músicas aqui reunidas: "Além dos Cafezais" e "Acho que é assim". De Sérgio Sá é "Caminhada", que completa este compacto, que, antecipa uma nova fase de trabalhos. Kraftwerk é o nome de um dos mais interessantes grupos de música eletrônica do mundo. Em "Computer World", primeiro álbum que o Kraftwerk por outras fábricas - tem o conceito do chamado "Mundo do Computador" (Computer World). Cada faceta da nossa sociedade atual é influenciada pela tecnologia do computador e a nossa linguagem se torna a mesma usada na programação dos computadores. Isto se aplica em casa e na educação, na nossa vida pessoal e pública. Em "Computer World", esta influência se reflete nos títulos das músicas que vão desde "Computer Love" e a faixa-título até "Home Computer" (Computador Doméstico) e "It's More Fun To Compute" (É mais Divertido Computador). O impacto das novas tecnologias é ilustrado de forma mais brilhante no compacto "Pocket Calculator", que antecedeu o LP - e que reproduz as calculadoras de bolso com dispositivo musical da Casio e Texas Instruments. Gravado em Dusseldorf, no Kling Klang Studios, de propriedade do Kraftwerk, este lp é bem sintomático de um som deste final de século. O Kraftwerk é formado por Florian Scheider, Raulf Hutter, Wolfgang Flur e Karl Bartos. Jane e Herondy, que nos referimos linhas acima, estão na praça com novo lp: "Recordações" (RCA, outubro/81). Naturalmente, como sempre, uma seleção de versões, só que desta vez, felizmente, as versões são de clássicos dos anos 30/50, o que dá um interesse maior a este disco. Assim temos as versões de "Love Letters", "Indian Summer" (aqui chamado "Céu Cor de Rosa"), "An Affair To Remember", "Fascinação", "Meu Destino Amar" (I'mxi the mood for love), "Cedo para amar" (Too young), "Moonlight serenate", "Blue Moon", "I'm gettin sentimental over you" (Você me fez sentimental) e "As Time Goes By" que virou "O amor é sempre amor".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
18/10/1981

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