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Aramis

Artigo em 21.10.1981

LUÍS GUTTEMBERG, alagoano de formação paulista, primeiro chefe da sucursal da "Veja" em Brasília e desde 1975 o editor-chefe de "José - O Jornal da Semana Inteira" - passou ontem pela cidade. Um dos jornalistas mais bem informados do Distrito Federal e responsável por um semanário criativo e respeitado em todas as áreas - com circulação nacional. Guttemberg lançou em 27 de abril último o "DF Repórter", que agora também começará a circular em Curitiba - para assinantes que se disponha a pagar Cr$ 20 mil por ano para receber, diariamente, as informações mais confidenciais do Planalto. Já no editorial do primeiro número do "DF Repórter", Guttemberg expôs a filosofia desta minipublicação de características inéditas: "não é um pequeno jornal, nem uma revista, nem uma sinopse. "DF Repórter" é uma agenda diária, um conjunto de notas e observações, escrita por uma equipe bem informada e isenta, que acredita no jornalismo - e na verdade - como atividade profissional". Com informações exclusivas, DF Repórter chega a todos os assinantes - tanto em Brasília, como no Rio em São Paulo (e a partir de breve, também Curitiba), até às 18 horas. O "DF Repórter" tem nos empresários e políticos (especialmente estes) a sua principal clientela. Da edição do "DF Repórter", de 13 de outubro, há uma semana portanto, uma notícia que não chegou a ter, em outros jornais, maior destaque: "O valor da madeira fadada a desaparecer, com a inundação das águas do Rio Tocantis - necessária à construção da hidrelétrica de Tucuruí - é calculada em 150 bilhões de cruzeiros. A denúncia é do deputado Hélio Duque (PMDB-PR) com base em informações reservadas da Eletronorte e da Construtora Camargo Correia". xxx Mais uma vez os partidos políticos estão preocupados em encontrarem nomes populares capazes de canalizarem boa votação no próximo ano. Se o PDT, de Leonel Brizola, conseguiu até o cacique Juruna para integrar sua chapa de candidatos à Câmara Federal, no Paraná - onde o problema indígena existe de forma intensa - já se cogita em lançar algum índio com liderança para a Assembléia Legislativa. Em Curitiba, o diretório do PDS acertou com o ex-craque Charrão (José dos Santos Barbosa, 37 anos), sua candidatura à Câmara Municipal. Craque nos anos 60, quando passou pelo América, no Rio, vindo depois para o Atlético e a convite do então presidente Júlio Gomel, e jogando depois no Ferroviário e Coritiba, Charrão é popularíssimo nos meios esportivos e musicais. Vice-presidente de Harmonia da Escola de Samba Mocidade Azul, Charrão é autor de vários sambas-enredo deste penta-campeão do carnaval curitibano, que só não pode ainda iniciar os ensaios para 1982, devido a falta de lugar. Como o empresário Henrique Almeida vendeu o imóvel da Rua Piquiri, onde a escola ensaiava, para uma grande churrascaria, "a escola ficou no espeto", como diz um de seus dirigentes. Charrão já mandou confeccionar adesivos com seu slogan eleitora.: - Não vote em branco. Vote no Charrão. xxx Lamentável que o I Seminário de Cinema e História do Paraná, que no auditório do Senac, em iniciativa da Associação Paranaense de História, não tenha incluído em sua programação o filme "História do Brasil", apresentado por três noites na sala de exibição Arnaldo Fontana. Realizado por Glauber Rocha (1938-1981) durante seu auto-exílio europeu, com material encontrado nas cinematecas de Cuba e Roma, este longo documentário, reunindo seqüências de vários filmes nacionais ("Sinhá Moça", "Selva Trágica", "Vidas Secas", "Os Fuzis", documentários de Geraldo Sarno, Maurício Capovilla, Paulo Gil Soares, a "Independência ou Morte", afora dos próprios filmes de Glauber) procura cobrir 500 anos da vida brasileira. Com uma linguagem descritiva, que chega a ser um pouco cansativa no início, começa, didaticamente, antes da descoberta do Brasil e vem até 1974, impressionando, nos últimos 20 minutos, com cenas de violência e tortura dos anos mais duros da repressão. Na última parte, as imagens desta "História do Brasil" confundem-se com o excelente "Os Anos JK: [Uma] Trajetória Política" (Cine Groff, a partir de 5a feira) de Silvio Tendler. Coincidentemente, a estes filmes e ao seminário que se realiza agora em Curitiba, a série de fascículos "Nosso Século", que a Editora Abril vem editando há 67 semanas, começou agora a focalizar os 20 últimos anos do Brasil. A edição que está nas bancas mostra uma foto de Jânio Quadros e dona Eloá, entrevistados no estúdio da TV Paranaense, em 1960, ao lado do então jovem Helcio José, na época apresentador de programas da "Pioneira", quando a mesma pertencia ao sr. Nagib Chede. xxx Nas horas mortas da madrugada, dentro de um dos vagões do "Trem Noturno" - novo ambiente boêmio-musical desta cidade sem portas, o folião Glauco Souza Lôbo, veterano carnavalesco, se espantou quando o seu amigo Reginaldo Caetano de Vasconcellos, representante da Spinola - assessoria especializada em organizar festas de formaturas, lhe contou que só uma turma de formandos paulistas, os futuros advogados da Faculdade Metropolitana Unidas, vai investir Cr$ 12,5 milhões nos festejos de entrega do canudo. Glauco, que há 30 anos não deixa nunca de dirigir alguma escola de samba da cidade, retrucou na hora: - Pois, não seja por isto: pode preparar os convites para a formatura dos integrantes da Acadêmicos do Samba, que banco despesas de Cr$ 14 milhões. Exageros carnavalescos (e etílicos) à parte, Vasconcellos, que há 14 anos representa a Spinola em Curitiba, não tem do que se queixar. Apesar da crise econômica, os formandos de muitas escolas estão investindo bastante nas festas de formatura. A turma da Faculdade de Comércio Exterior, por exemplo, já programou um festejo ao redor de Cr$ 2 milhões para dezembro, quando 80 integrantes estarão recebendo seus canudos. xxx A intenção das Nymphas era marcar os shows que farão no próximo fim de semana (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, 23 e 34) com o lançamento do primeiro lp do grupo. Organizadas e econômicas as seis meninas que formam há mais de 5 anos este grupo vocal somaram os resultados de vários espetáculos, investiram em cardeneta de poupança mas a inflação as derrotou: a fita master com as 12 músicas do elepê - gravado no SIR - Laboratório de Som & Imagem) está pronta mas faltou dinheiro para terminar a capa e prensar as cópias. "Não faz mal, logo a gente chega lá", diz a comunicativa Mara (Maria Ivete Fontoura), a compositora do grupo. Dentro do universo musical curitibano, as Nynphas constituem um caso especial. Enquanto vários outros (afinados) grupos vocais surgiram e desapareceram - só para lembrar alguns: Garotos Unidos, Calouros do Ritmo, Opus 4 - as Nymphas tem não só mantido uma união, como honestamente, procuram evoluir musicalmente. Do simples xerox do Quarteto em Cy, em seu início, hoje o grupo já adquiriu uma personalidade, graças especialmente às composições próprias da talentosa Mara, com um grande número de canções inéditas. Carmem e Cristina Backer, Miriam Thais (Lopes Lau_), Rosa Maria (Michos), Maria Lidia (Francoplunt) e Maria Ivete Fontoura vem ensaiando há meses para os dois shows que farão no Guaíra, onde terão acompanhamento de uma banda com várias mulheres: Lilita (piano), Bel (bateria), Yléa (flauta) - ao lado de Beto Leão (cordas) e Elton (baixo). A organização das Nymphas vai a tal ponto que convenceram a Marcelo Marchioro, diretor de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, a lhes reservarem datas para 1982. Assim, com tal senso de previsão, não será sem razão que o sexteto merece chegar a escala nacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
21/10/1981

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