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Aramis

Artistas são usados em jogadas políticas

Nada menos do que 12 respeitáveis nomes de vida artística do Paraná foram manipulados, política e demagogicamente, pela Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte, que, assim, também desrespeitou toda a comunidade ligada a nada menos que quatro entidades de classe. Ao solicitar às entidades que fizessem indicações de listas tríplices para delas ser escolhida o nome que substituiria Oracy Gemba no cargo de diretor-superintendente da Fundação Teatro Guaíra, a Secretaria da Cultura (?) procurou esvaziar a revolta que as arbitrárias demissões, ocorridas em maio último, provocaram nos meios culturais do Estado. A brutal demissão de Iara Sarmento da Diretoria de arte e Programação, seguida da exoneração de Gemba, uma semana depois, revoltou os artistas e, para tapar o sol com a peneira, a Secretaria solicitou que a Associação dos Produtores em Artes Cênicas, o Sindicato dos artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Paraná, e a Federação Independente do Teatro Amador do Paraná encaminhassem listas tríplices com nomes que julgavam em condições para o cargo de superintendente, uma vez que para a vaga de Iara Sarmento, havia sido nomeada, sem qualquer consulta à categoria, a sra. Dudu Barreto Leite. Passaram-se três meses e não houve escolha, permanecendo o cargo vaga. Entretanto, o mais grave aconteceu no início da semana: o secretário da Cultura declarou, em entrevista na televisão, que ainda não havia feito a nomeação (embora tivesse prometido fazê-la no prazo máximo de um mês), por que "nenhum dos nomes indicados preenche os requisitos exigidos". Ou seja, tachou de incompetentes e despreparados os nomes indicados, em mais uma prova de desconsideração para a classe artística do Paraná tão humilhada e massacrada, nesse infeliz governo José Richa. A Associação dos Produtores de Artes Cênicas e o Sindicato dos Artistas c Técnicos em Espetáculos Diversões do Paraná deverão reunir-se na próxima semana para, possivelmente, em assembléia geral, aprovar mais uma nota de repúdio à Secretaria da Cultura, pala manipulação política dessas entidades e desrespeito aos respectivos associados que especial da lista e que foram claramente tachados de incompetentes e despreparados para a função de superintendente da Fundação Teatro Guaíra. A Associação dos Produtora havia indicado os nomes dos produtores e atores José Basso, Ailton Silva (o Caru) e Roberto Menghini. Já pelo Sindicato dos Artista e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Paraná, em movimentada assembléia, foram escolhidos os nomes do ator e diretor Aloísio Querobim (ex-presidente e fundador daquela entidade), Christo Dikoff, ator e assessor do Teatro Guaíra, e Glauco Souza Lobo, atual diretor-executivo da Fundação Cultural de Curitiba e que na época postulava ser nomeado para a presidência do Instituto Nacional de Artes Cênicas (para a qual acabou indo o carioca Carlos Miranda). José Basso, 43 anos, 27 de teatro, presidente da APAC, encabeçou também a lista da Federação Indenpendente do Teatro Amador do Paraná, da qual constaram, ainda, as indicações da respeitada Nitis Jacom, médica e diretor a de teatro (que desenvolve em Londrina admirável trabalho e Jair Pereira, presidente da Fitap e que faz teatro em Cascavel. A Associação dos Músicos Profissionais do Estado do Paraná também aprovou, em assembléia geral, uma lista tríplice, entregue ao próprio governador José Richa, que, na ocasião, prometeu que a ela seria considerada. Dela faziam parte o músico Dario Livino Juarez e o maestro Osval Siqueira Dias (presidente da entidade) mais o músico e jornalista Carlos Augusto Gaertner, apoiado pelas bancadas do PMDB tanto da Câmara como da Assembléia Legislativa. xxx Assim, diretamente, foram agredidos pelas infelizes declarações do secretário da Cultura e Esportes (sic) nada menos que 12 pessoas, todas merecedoras de respeito e consideração. O governador José richa e o secretário da Cultura e do Esporte (sic) têm, naturalmente, o direito de escolher, para um cargo de confiança como é a superintendência da Fundação Teatro Guaíra, a pessoa que lhes aprouver (e consta que esta seria o jornalista Antonio Carlos Lacerda, o "Caco", autor de várias comédias). O que não deve acontecer, entretanto, é esse desrespeito às entidades de classe, convocadas para a elaboração de listas com [indicações] que no final das contas não são consideradas e ainda os nomes lembrados são tachados de incompetentes. xxx De tudo isso, um fato curioso: na época das indicações de nomes para o cargo de diretor-superintendente da Fundação Teatro Guaíra, os integrantes da Orquestra Sinfônica do Paraná (Osimpa) também realizaram uma assembléia para proceder à indicação, surgindo, então, o nome de Leonel Amaral, advogado, ex-diretor (durante mais de 20 anos) do Santa Mônica Clube de Campo e há dois anos na direção administrativa da Fundação Teatro Guaíra. Será que Leonel também está na relação dos que "não preenchem os requisitos", conforme disse o secretário da Cultura e do Esporte do Paraná?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
7
31/08/1985

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