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Aramis

Até em Curitiba há um "treakmaníaco" estrelar

Uma prova de que o produtor Gene Roddenberry não errou ao acreditar na fidelidade de milhões de pessoas à série, que a partir de setembro de 1966 foi ao ar, pela NBC, com 79 episódios. "Star Trek" ("Man Trap"), somente nos EUA, na primeira semana de exibição, faturou US$ 5 milhões. E o fenômeno não é apenas americano, repetindo-se na maioria dos 131 mercados internacionais onde a série chegou em 47 línguas. Em Curitiba, há pelo menos um "treakmaníaco", ou seja, entusiasta da série, que não perdeu um único episódio, nas várias vezes em que foi apresentada pela televisão. É o sr. Guilherme Borgiani, 25 anos, gerente de pessoal do Citibank. Paulista, há 18 meses em nossa cidade, foi o primeiro espectador a assistir "Jornada nas Estrelas - O Filme", segunda-feira passada, e conversou com o diretor da CIC no Paraná e Santa Catarina, Egom Prim, recomendando que "houve o máximo cuidado para a projeção do filme ser perfeita". Preocupação, aliás, desnecessária, pois dos cinemas da cidade, o Condor não é só dos mais confortáveis e limpos, como sua aparelhagem oferece excelente imagem. Guilherme Borgiani começou a se interessar pela série "Star Trek" em 1968 e desde então reuniu um notável acervo a respeito. Corresponde-se até hoje com associados dos inúmeros "Trekke Clubs" existentes nos EUA, os quais, aliás, exigiram da NBC-TV, no início dos anos 70, quando a série de 79 episódios parecia ter encerrado as possibilidades de audiência destas aventuras ambientadas no ano 2.300, o seu retorno. E ano após ano, "Jornada nas Estrelas" conseguia mais adeptos, com 77% de popularidade entre 1973/78. O que levou o produtor Gene Roddenberry a transformá-la numa superprodução para exibição em cinemas, em 70 mm e sistema Dolby, nas cidades que dispõem de tal aparelhagem (no Brasil, só dois cinemas da cadeira Luís Severiano Ribeiro, no Rio de Janeiro, estão equipados com o sistema Dolby). Em entrevista com Robert Wise, diretor do filme, que fizemos há algumas semanas, no Rio de Janeiro, o diretor de "Amor Sublime Amor" revelou que uma das pessoas que mais o influenciaram, em 1978, ao ser convidado para dirigir "Star Trek - The Movie", foi sua segunda esposa, Millicent. "Eu pessoalmente havia visto um ou dois episódios da série, já que não me interesso muito por televisão, mas quando, no jantar, falei a Millicent que Gene havia me consultado sobre a possibilidade de dirigir o filme, ela se entusiasmou e praticamente me impôs tal missão", conta Wise, 56 anos, 38 longas-metragens, dois Oscar 8 "West Side Story", 61; "A Noviça Rebelde", 65), um dos melhores diretores americanos a partir dos anos 40 e que, ao lado de Mark Robson (1913-1978), foi assistente, em 1939, de Orson Welles, na montagem do clássico "Cidadão Kane", filme-marco na história do cinema. xxx A renda de "Jornada nas Estrelas - O filme" já passou dos Cr$ 600 mil, em sua primeira semana no Condor, garantindo pelo menos mais 14 dias de exibição. Guilherme Borgiani, um "trekkie" dos mais organizados, foi um dos poucos brasileiros a acompanhar todos os detalhes da filmagem, pois desde que o produtor Roddenberry começou a planejá-la, passou-se a editar um boletim colorido, "Star Trek - Te Motion Picture", contando detalhes de [seqüências], problemas enfrentados etc. Por exemplo, com um orçamento inicial de US$ 18 milhões, a produção "estourou para US$ 40 milhões, especialmente devido aos efeitos especiais. Os técnicos e empresas contratadas para os soberbos efeitos especiais que fazem de "Jornada nas Estrelas" um filme belíssimo, em termos visuais, foram dispensados na metade da produção, porque Wise, um cineasta tão competente e sensível quanto exigente, não se agradou dos resultados. Convocou então Douglas Trumbull, responsável pelos efeitos especiais de "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (2001 - A Space Odissey, 69, de Stanley Kubrick) e "Encontros Imediatos do Terceiro Grau" (Clouses Encounters Of The Third Kind, 77, de Steven Spielberg), para supervisionar os complicadíssimos recursos utilizados para dar todo o encantamento visual a "Jornada nas Estrelas". Afinal, se a série de televisão, lançada ainda quando as cores ainda não haviam chegado ao vídeo, já entusiasmava, uma transposição cinematográfica não poderia se restringir a uma simples adaptação. Assim, além do roteiro de Roddenberry e Harold Livingston ter merecido um tratamento especial, que dá um sentido otimista, humano e mesmo altamente espiritualista ao filme (o que faz com que o final não deve ser revelado, para causar maior impacto ao público), a fotografia de Richard Kline, os diretores de arte Harold Michelson e Leon Harris, os coordenadores ópticos e, especialmente, as empresas convocadas para a criação de efeitos especiais, dividem com Robert Wise os méritos deste filme. Modesto como são os grandes talentos, afável e gentil - como aqui já havíamos registrado, em breve nota, dois dias após o termos entrevistado, Robert Wise considera que "Star Trek" foi um dos filmes que mais trabalho lhe deu. As filmagens estenderam-se de agosto a dezembro de 1978, mas praticamente todo o ano de 79 (o filme só estreou em dezembro, em alguma cidades (americanas) foi consumido na criação dos efeitos especiais e montagem, área da qual, obviamente, ele é mestre, pois começou de calças curtas, na RKO, neste departamento. Assim, "Jornada nas Estrelas", independente de análises formais-cinematográficas, é uma ficção-científica na linha de "2001", "Stars Wars" e "Clouses Encounters ...", onde os recursos mecânicos, os computadores, participaram tanto quanto o talento humano. Motivo pelo qual, "trekkies" como o bancário Guilherme Borgiani são apaixonados por esta realização. Afinal, a ficção-científica é fascinante e não custa lembrar que os "sonhos" do romancista Jules Verne (1828-1905), praticamente já se concretizaram, em menos de 100 anos após os romances. Portanto, por que não tentar ver "Star Trek" como uma magia de antecipação de um mundo que nossos descendentes - espera-se habitarão? LEGENDA FOTO - Aramis entrevista Robert Wise.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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08/04/1980

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