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Aramis

Bach, Beethoven, Brahms, Bruckner e outros mais...

O registro de discos clássicos, ao contrário da área popular, pode ser bem mais sintético: afinal, o público que se interessa por esta faixa (e que passa a ter cada vez maiores opções) já tem uma informação que o faz adquirir o disco com os interpretes (e autores) que lhe agradam, bastando portanto, saber que os mesmos estãona praça. O que é a função do "disc-review", independente de juízos críticos, que ficam aos especialistas e profundos conhecedores. Portanto, alguns registros de lançamentos por autores e interpretaçoes. BACh - a pequena mas decidida Imagem, de Jonas Silva, brigando com as grandes fábricas, consegue algumas representações importantes, tanto na área jazzística, como na erudita. Assim, da Everest, a Imagem coloca na praça um elepê onde os pianistas Sviatoslav Richeter e Anatole Vedernikov, acompanhados pela Orquestra de Câmara de Moscou, sob regência de Rudolf Barshal, interpretam os concertos n.s 1 e 2 para piano e orquestra, de John Sebastian Bach. BEETHOVEN - Aos que apreciam a obra de Ludwig Van Beethoven (1770-1827), uma série de lançamentos, com diferentes formações. Com o Collegium Aureum of Originalinstrumente, com instrumentos originais, temos o Septeto em Mi Bemol Maior, Opus 20. A música de câmara para instrumentos de sopro de Beethoven encontra no "Septeto" seu apogeu. O lançamento desta gravação é feito no Brasil pela Copacabana que, em boa hora, obteve os direitos de aqui editar as produções de Deutsche Harmonia Mundi, uma das melhores marcas da República Federal da Alemanha. Já o pianista italiano Maurízio Pollini é o solista de duas sonatas para pianos as números 28, em lá maior e a 32, em dó menor, de Beethoven, em lançamentoda Polygram/Deutsche Grammophon. Outro concerto para piano, o n. 3, em dó menor, Opus 37, é interpretado por Sviatoslav Richter, acompanhado pela Orquestra Filarmônica, regida por Riccardo Mutti, em lançamento da Odeon, com um registro de 1978, da Emi/Angel, série quadrifônica. O mesmo Riccardo Mutti, regendo a Orquestrade Filadelfia, em edição da Emi/Odeon, nos traz uma das obras-primas deste século: "A Sagração da Primavera", de Igor Stravinski. Estreada em maio de 1913, em Paris, a obra do mestre russo influenciou várias gerações. Conta o historiador Neil Tierney que "não foi apenas o impacto violento da música que chocou o público sisudo do Théatre des Champs-Elysées aconchegados confortavelmente em suas pelúcias vermelhas, e ornadas de ouro, mas o próprio balé em si, com suas virgens mongóis e homens selvagens, batendo com os pés que, envolvidos pelo ciclone instrumental da orquestra, se agitavam convulsivamente de um lado para outro como figuras de alguma fantasia alucinada". Passados 67 anos, a música de Stravinski permanece hoje tão jovem e revolucionária, o que se sente ao ouvi-la nos instrumentos da orquestra de Filadélfia, sob a regência de Muti. Mas voltemos a Beethoven: a oportunidade de se comparar a interpretação da mesma peça com diferentes intérpretes nos é dada pelo concerto para piano n. 3. Ao lado da gravação com Richter, acompanhada pela filarmônica dirigida por Muti, temos a gravação com Maurízio Pollini, com a Filarmônica de Viena, sob regência de Karl Bohn, em lançamento da Polygram/Deutsche Grammophon. É importante se conhecer melhor este concerto de Beethoven: existe um consenso de que o Opus 37 ocupa uma posição central na história do concerto beethoveniano. Seria a composição em que se afirma, pela primeira vez, com tanta clareza e originalidade, uma nova concepção do concerto para piano e orquestra. Outra oportunidade para se comparar uma peça em interpretações diferentes: o chamado "Concerto Tríplice", em dó maior, para piano, violino, violoncelo e orquestra, Opus 56. Composto durante os anos de 1803-1804 e tendo aparecido como um exemplo isolado de seu gênero em música (e assim permanecendo por mais de cem anos), esta obra trouxe muitas invocações. Em edição da CBS, temos o "Triplice" com Rudolf Serkin (piano), Jaime Laredo (violino) e Leslie Parnas (violoncelo), acompanhados pela orquestra do festival de Marlboro, sob regência de Alexander Schneider. Já em edição da Polygram/Deutsche Grammophon, a mesma peça é interpretada por Géza Anda (piano), Wolfgang Schneiderhan (violino) e Pierre Fournier (violoncelo), acompanhados pela orquestra da Rádio de Berlim, sob regência de ferenc Fricsay. Neste pacote de discos com obras de Beethoven, destaca-se outro concerto importante: o para violino em ré, Opus 61, que Beethoven escreveu para Franz Clement (1780-1842), "spalla" e regente da Orquestra do Teatro na der Wien, em Viena e, por todos os títulos, um dos melhores executantes de seu tempo. Tendo como solista o violonista Henryk Szeryng, esta peça teve a participação da Orquestra do Concertgebouwn, de Amsterdam, regida por Bernard Haitink. BRAHMS - De Johannes Brahms (1833-1897), temos dois lançamentos excelentes, ambos pela Odeon: em disco simples, selo Angel/SQ, o concerto para violino em ré, opus 77, com Itzhak Perlman e a Orquestra Sinfônica de Chicago, regida por Carlo Maria Giulini. Já numa faixa, acompanhada de folheto de 4 páginas, com esclarecedores textos do musicólogo W. A . Chrislett, temos as suas quatro sinfonias (aberturas/Festival/Acadêmico e Trágica), igualmente na interpretação da Orquestra Sinfônica de Chicago. As gravações foram feitas no Templo Medinah, em Chicago, num período de aproximadamente 15 meses, entre outubro de 1977 a janeiro de 1979. O regente, sir Georg Solti, explica que vê a Primeira Sinfonia de Brahms "como uma obra com tensão dramática, paixão e grandiosidade". Já nas segundas e terceiras sinfonias, mesmo sendo o colorido mais suave, Solti tentou novamente conseguir clareza estrutura e reproduzir a qualidade de "Música de Câmara" que é evidente nestas obras. A Quarta Sinfonia tem uma formação estrutural diferente das outras três e assim o primeiro movimento é relativamente mais curto e os dois movimentos centrais mais extensos tanto na concepção quanto no conteúdo. BRUCKNER - Duas sinfonias de Anton Bruckner (1824-1896), compositor da maior importância dentro da música erudita, mas ainda pouco editado no Brasil. Com a Filarmônica de Berlim, sob regência de Herbert Von Karajan, numa gravação feita há 4 anos passados, temas pela Polygram/Deutsche Grammophon, a Sinfonia número 4, em mi bemol maior. Esta obra, conhecida como "Romântica", foi composta em 1874 e revisada, de maneira substancial entre 1878 e 1880, tem sido sempre a mais popular de todas as suas obras. Em vida do compositor, a Quarta, juntamente com a Sétima, recebeu mais execuções do que qualquer outra de suas sinfonías; a estréia mundial da Quarta, que ocorreu em Viena em 20/2/1881, foi um grande sucesso e Bruckner a considerou "a mais compreensível" de suas obras. Sem dúvida a popularidade desta sinfonia deriva de seu estilo e riqueza de expressão, como também de suas claras e imediatas idéias melódicas e radiância seu colorido sonoro. Menos famosa, a Sinfonia n. 5, em si bemol maior, foi escrita entre 14/2/1875 e 16/5/1876, mas a exemplo da quarta, também sofreu modificações do autor, que terminou a revisão do "Finale" no dia 18/5/1877 e dela se ocupou, ainda uma vez mais, do primeiro movimento, no dia 19/5 e no dia 11/agosto e do segundo. Finalmente, a 4/1/1878, a partitura era terminada. Em gravação com a Kolner Rund funk-Sinfonie Orchester, de Colonia, RFA, sob a regência de Gunter Wand, a Copacabana lança no Brasil um álbum duplo, contendo os quatro movimentos desta sinfonia. DVORAK, DEBUSSY, BERLIOZ, ETC: - Com a Chicago Symphony Orchestra, sob regência de Carlo Maria Giulini, temos a Sinfonia n. 9, em mi menor de Opus 95 ("Do Novo Mundo"), de Antonin Dvorak (1841-1904). Também de Dvorak, temos em ediçào da RGE, aqui representada pela RGE, temos uma seção das áries ciganas, Opus 46 dentro da obra de Dvorak, onde reuniu os rítmos da musical folk de sua terra natal. Ainda mais soam, elas tão natural e genuinamente que é dificil discernir se são folclóricas ou não, ou composições de um músico do século XiX. A interpretação destas peças é da Orchester Wiener Wolksoper, sob regência de Mário Rossi. Daniel Barenboim, o jovem e irritado regente francês, que esteve em Curitiba, há dois meses à frente da orquestra de Paris, rege a Sinfônica de Chicago, na interpretação de obras de Bedrich Smetana (1824-1884) - ("O Moldava", as "Danças Húngaras", de Johannes Brahms (1833-1897), "Les Preludes", de Franz Liszt (1811-1886) e as Danças Eslavas de Dvorak. A mesma Sinfônica de Chicago, novamente com regência de Carlo Maria Giulini, apresenta em outro lançamento da Polygram/Deutsche Grammophon, duas sinfonias de Franz Schubert (1797-1828): a n. 4, em dó menor (conhecida como "Trágica") e a n. 8, em si menor, a famosa "Inacabada". Coincidindo com a temporada da Orchestre de Paris no Brasil, a Polygram, editou duas gravações desta orquestra, sob regência de Barenboim: de Claude Debussy (1862-1918), "La Mer" ("Trois Equisses Symphoniques") e "Nocturnes" ( Triptyqye Symphonique Pour Orchestre et Choeurs"). O segundo elepê é dedicado a "Symphonie Fantastique", Opus 14, de Hector Berlioz (1803-1869). Segundo Wolfgang Domling, a primeira execução de "Symphonie Fantastique", em dezembro de 1830, em Paris, assinalou o início de uma revolução na música, cujo alcance não escapou aos contemporâneos dotados de sensibilidade. Embora Berlioz, então um jovem que ainda nào completara 27 anos, e que até então, além de algumas cantadas para o concurso da Academia e de uma Missa (evidentemente sem êxito) não compusera nada digno de ser mencionado, sem dúvida despertou a curiosidade do público ao atribuir à sinfonia um programa com um romantismo cheio de horrores e alusão a uma atriz muito célebre em Paris. Mas a obra se distancia muito da categoria dos sucessos sensacionais de breve duração. LEGENDA FOTO 1 - BEETHOVEN.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
31/08/1980

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