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Aramis

Belas vozes de Jessye e Simon

O canto lírico tem um mercado restrito mas seguro. Fernando Sartori, um dos raros lojistas que trabalha com discos-laser, vê esgotarem-se as gravações (Cr$ 300 mil a unidade) de óperas ou solistas do mundo lírico. A Polygram, em seu catálogo erudito, abastece o mercado com gravações digitais, entre Cr$ 70 a Cr$ 250.000 - conforme o número de elepês em cada álbum, como a recém-lançada trilha sonora da transposição ao cinema de "Cavalaria Rusticana", dirigida por Zeffirelli e com Placido Domingo. O mesmo Placido que estrela "Carmen, a Ópera", que Francesco Rossi levou ao cinema e que, em 2ª semana, está em exibição no Cine Ritz. Para os que apreciam as Lied (canções) de Franz Schubert (1797-1828) a Philips acaba de lançar uma gravação preciosa: a soprano Jessye Norman, acompanhada ao piano por Phillip Moll, interpretando 12 dos mais belos temas do compositor alemão. Como ensina o musicólogo Karl Schumann, a era da canção artística (Lied) alvoreceu no dia 19 de outubro de 1814, quando Schubert escreveu "Gretchen e a roda-de-fiar", sua primeira canção da transposição de "Fausto", de Goethe, a música. E são seis canções inspiradas nesta obra que estão neste lp precioso, no qual também aparecem canções que Schubert desenvolveu a partir de textos de outros autores - como Pyrker, Claudius, Collins, Mayrhofer e Willemer. Também aos apreciadores da música vocal, um álbum esplêndido é o "Spirituals", com Simon Estes, acompanhado por Haword A. Roberts Choral, em gravação feita há dois anos em Nova Iorque. Considerado um cantor na mesma linha do grande Paul Robeson, Simon Estes é avalisado em encarte que acompanha o álbum, num texto preparado por Paul Robeson Jr., que diz ter ele dado, neste lp, interpretando Spirituals um testemunho de uma tradição popular duradoura nos Estados Unidos. "Cantadas pelos escravos, no período que medeia entre o século XVI e o final da escravidão, essas canções veiculam a profunda esperança e a fé de um povo oprimido, que acredita com devoção num futuro de liberdade e paz. E Simon Estes usa todos os recursos de sua magnífica voz de baixo-barítono, ao intepretar essa música grandiosa, com a profundidade que ela requer".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
26
02/02/1986

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