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Berenice, Peninha, Balão Mágico em busca dos Cz$

Enquanto a cineasta Berenice Mendes procura viabilizar, já em termos de financiamento (via Lei Sarney), a produção de "O Drama da Fazenda Fortaleza", com roteiro (de Valêncio Xavier) calcado no romance do professor David Carneiro, outra produção também com base em trabalho literário de autor paranaense tem sua fase de planejamento: "No Mar da Vítimas", que Pena Filho quer filmar, partindo de contos de Wilson Galvão do Rio Appa. Acrescente-se a estes dois projetos o filme em cinco (ou seis?) episódios - "Crônicas da Paixão", que a Turma do Balão Mágico começou a rodar em novembro, para se ter um positivo panorama do cinema local. Ao menos otimismo existe. O problema está em levantar grana para que os projetos se consolidem. xxx Os jovens da Turma do Balão Mágico - Palito (Nivaldo Lopes), Bolinha (Altemir Silva) e os irmãos Schumann e Faccione são modestos. Estão fazendo seus episódios em 16mm, com a esperança de, futuramente, conseguir transpô-los para a bitola de 35mm. Trabalhando-se na base da cooperativa - assim como fizeram em vários super 8 e vídeos (e curtas em 16mm), conseguiram terminar as principais filmagens. Todos trabalham com entusiasmo e nos diferentes elencos há uma nova geração de intérpretes - naturalmente com Paulo Freib (que aliás, conclui seu primeiro curta como diretor, "Ah! Essa é Boa") como ator central. Nove entre dez filmes da Turma do Balão Mágico tem o albino Paulão como galã - no alto de seus 1,93 metros, 130 quilos e cabelos loiros como se fosse um príncipe viking. xxx O experiente jornalista Rosnel Bond entusiasmou-se com roteiro de "O Drama da Fazenda Fortaleza" e está somando força com as produtoras executivas Lu Rufalco e Fernanda Morini para tentar encontrar empresários que se disponham, até o final de março, a canalizarem para o projeto cinematográfico os 2% que a lei permite aplicar do total a ser deduzido do Imposto de Renda no período 87. É preciso encontrar grandes contribuintes - ou milhares de pequenos - para levantar ao menos 50% dos US$ 700 mil no qual está orçada a produção de "O Drama da Fazenda Fortaleza". Pena Filho (Adalberto Pena), capixaba de Vitória, 51 anos - e que residiu em Curitiba entre 1968/71 - encontrou no escritor e analista econômico Antônio Medawar um precioso assessor para viabilizar o seu projeto cinematográfico. Mais modesto, orçou em US$ 400 mil a produção de "No Mar das Vítimas", longa-metragem que deseja rodar em Paranaguá e algumas ilhas próximas. A exemplo de Berenice, seu cronograma também prevê as filmagens ainda neste primeiro semestre. xxx Concunhado de Wilson Galvão do Rio Appa - é casado com Meta Ursula, a "Meme", irmã caçula de Esther, esposa do escritor, Pena Filho trabalha na roteirização de vários contos que foram enfeixados, há 20 anos, no livro "No Mar das Vítimas". - "Basicamente vou aproveitar alguns personagens e a idéia central" - explica Pena Filho, que adianta ter partido basicamente do texto "O Pequeno Solitário", considerado um dos melhões de Rio Appa - que já foi peça de teatro e, há alguns anos, adaptado para a televisão, pela Rede Bandeirantes. Autor de mais de dez livros, sempre ligado à vida longe das cidades - especialmente no Litoral, Rio Appa foi um dos primeiros repórteres especiais de "O Estado do Paraná". Aqui publicou várias reportagens marcantes, além do "Diário do Motim", no qual relatava suas primeiras aventuras marítimas. Residiu muitos anos em Antonina e hoje vive na praia do Pinheiro, em Florianópolis, com sua esposa Esther e um de seus filhos, Thor, poeta e bioquímico, que dele herdou a paixão pelo mar. Seu outro filho, Kim, é um bem sucedido advogado, alto funcionário do Superior Tribunal do Trabalho em Brasília. xxx Pena Filho foi assistente de direção de uma das mais complicadas produções cinematográficas rodadas no Paraná - "Maré Alta", que partindo de um roteiro do falecido Eugênio Cotrim, teve produção executiva de Rubens Mendes de Moraes, na época coronel da Polícia Militar do Paraná (hoje reformado), que comeu o pão que o diabo amassou para que o filme pudesse ser concluído. Várias pessoas dirigiram seqüências de "Maré Alta" - José Vedovato e Edígio Eccio (ambos já falecidos), entre outros, em cujo elenco estavam vários artistas paranaenses. A produção teve lances que foram do trágico ao fantasmagórico - quando, por exemplo, intérpretes e técnicos fugiram, apavorados, da Ilha das Cobras, devido aos fantasmas que ali apareciam. O filme finalmente foi concluído mas teve dificuldades de exibição, para desespero dos que se associaram em sua produção. Aliás, Júlio Kruguer, que havia investido na primeira fase, foi o primeiro a se afastar. Pena filho fez entretanto outro filme no Litoral paranaense: "O Diabo tem Mil Chifres", produzido por Florisval Lopes. Também uma produção difícil, que se estendeu por mais de dois anos e que só foi liberado em 1978. No elenco, estavam, entre outros, José Maria Santos e Lala Schneider. Foi durante as filmagens de "O Diabo..." que Pena Filho conheceu Meta Ursula, cunhada de Rio Appa. Hoje, ele revê criticamente o filme: - "Houve muitos problemas, inclusive de linguagem. Além do mais, pretendia passar uma mensagem política e a ditadura estava braba". Agora, 15 anos depois, Peninha quer voltar a filmar no Paraná. - "Pelo menos estou mais experiente e não cometerei os mesmos erros". Nos últimos anos, Pena tem trabalhado para a televisão - fazendo vários trabalhos para a Globo e TV Educativa, em São Paulo. Reside em Vinhedo, uma pequena cidade próxima a São Paulo. LEGENDA FOTO - Rio Appa: contos na tela.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
16/01/1988

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