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Aramis

Bigg-Wither & Antonina (III)

A sociológica reportagem que a jornalista Eliana Vieira Publicou ontem em O ESTADO sobre o declínio de Antonina. Das primeiras sesmarias ao relativo sucesso como porto e por fim ao esquecimento de hoje - torna oportuno a transcrição das observações feitas pelo engenheiro Thomas P. Bigg-[Wither] há um século, sobre aquela cidade, no seu livro "Novo Caminho no Brasil meridional: a Província do Paraná", que agora, graças [à] tradução do professor Temistocles Linhares, pode ser conhecida pelos que se interessam por nossa história. Relatando suas primeiras impressões do Paraná, após ter passado algumas semanas no Rio de Janeiro, e com uma rapidíssima passagem por Paranaguá, Bigg-Wither e seus companheiros da expedição que vieram ao Paraná, "para serem os pioneiros da civilização no ermo interior brasileiro" (como diz na 16ª linha da primeira página de sua narrativa), ficou alguns dias em Antonina - e sua descrição praticamente nada difere dos dias de hoje. Diz o engenheiro inglês: "A própria cidade foi logo explorada (pelos membros da expedição), sendo antes o que na Inglaterra chamaríamos de aldeia. Vangloriava-se da sua rua principal e de algumas outras menores ou becos, que saiam dela em ângulos retos. As casas, na maioria térreas, era construídas em pedaços de pedra trazidos do Rio como lastro e que, depois de sobrepostas em seco, era cobertas de argamassa e cal. Poucas janelas eram envidraçadas e, como no Rio de Janeiro, não se via nenhuma chaminé por cima dos telhados. Nas casas menores, um cano de ferro podia talvez ser visto, atravessando a parede traseira, sob as calhas salientes do telhado, mas, na maioria, a fumaça da cozinha saía pelos interstícios das telhas. Ao lado sul da cidade, no alto da pequena colina, assentava a igreja, velando o pequeno rebanho aos seus pés (...) Não resta dúvida que, se o ancoradouro em Antonina fosse menos limitado em extensão, a cidade teria grande futuro diante de si, mas parece eu apenas havia dois canais comparativamente pequenos, onde poderiam ancorar embarcações de qualquer tamanho. No momento, a vantagem de Antonina sobre a sua rival Paranaguá é de se comunicar com Curitiba por uma estrada. Se, contudo, o plano proposto de se construir uma estrada de ferro de Paranaguá e Morretes, e daí para Curitiba, for realizado, e não o outro traçado que [tem] Antonina como ponto de referência, não resta dúvida que o saldo de vantagem será transferido para a cidade anterior. Quando visitei ultimamente essas duas pequenas cidades travava-se entre elas tremenda luta pelos jornais sobre esse importante problema da estrada de ferro. Nessa ocasião Antonina contava talvez 1.200 habitantes, do quais grande porção era de alemães, e logo descobrimos que todo serviço de carroças de carga estava em suas mãos".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
27/11/1974

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