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Aramis

Bigg - Wither & Curitiba (IV)

O sentido de observação do engenheiro inglês Thomas Plantagenet Bigg-Wither (1845-1890) confere ao seu livro "Novo Caminho do Brasil [meridional]: a Província do Paraná" (livraria José Olympio Editora/Universidade Federal do Paraná) uma importância muito grande, pois se constitui num lúcido documentário de nosso Estado, visto pelos olhos de um estrangeiro, há exatamente 100 anos. Assim, embora para muitos estudiosos suas observações em relação a nossa terra & nossa gente do século XIX possa não trazer novidades, para um imenso público significa um registro da maior importância. Por alienígena de Curitiba, no ano de 1872: "Como dissemos antes, os alemães estavam bem radicados ali. Eram os donos dos dois únicos hotéis da cidade. Muitas lojas também estavam em suas mãos e eles mantinham o monopólio dos serviços de transporte em carroças pela grande estrada até o mar, se nos voltarmos para os subúrbios da cidade, veremos hortas bem cultivadas, com muitas hortaliças de uso familiar europeu plantadas nela. Quando um brasileiro passa por elas diz: "É uma propriedade alemã!". Se perguntarmos como ele pode saber, responderá logo: "Sei, pela hora". Também se você enxergar um homem trabalhando com uma pá ou uma picareta, não será necessário olhar-lhe o rosto. Pode dirigir-se a ele em alemão. Todo trabalho que na Inglaterra chamamos de "cavouqueiro" é feito exclusivamente por estrangeiros nesta província, sendo que nove décimos são alemães. Os brasileiros desprezam esses homens que trabalham com a picareta e a pá e chamam-nos desdenhosamente de "trabalhadores do Brasil". Mas se eles desejam prosseguir a vida em certas cidades de seu próprio país, já é tempo de abandonar essa espécie de orgulho, pois os desprezados trabalhadores podem explusá-los do campo definitivamente, a construção da estrada da Graciosa pela Serra do Mar foi o começo do progresso alemão nesta parte do País. Os hábitos de vida frugais deste povo, o seu trabalho firme e honesto logo deram margem a que grande número deles economizasse dinheiro que, na maioria, era investido prudentemente. Alguns, à moda brasileira, abrindo casas comerciais, onde, pelos seu preços mais moderados, logo tinham lucros compensadores e crescentes. Outros, empregando o dinheiro na compra de cavalos e carroças, para usarem nas estradas que eles mesmo ajudaram a construir. O clima e a região neles se acomodaram admiravelmente e o seu progresso foi relativamente fácil e rápido. O mesmo não aconteceu com os franceses. Há uma parte dos subúrbios conhecida como "quarteirão francês". Ali, grande número de famílias vêm vivendo há anos, sem alcançar nenhum progresso e sem se amoldar absolutamente ao espírito e à vida do país adotivo. Parecem estar completamente estacionários, não fazendo nem bem nem mal e não influindo, de forma alguma, no progresso da cidade".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
28/11/1974

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