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Aramis

A bilheteria explica! ... Explica?

Uma peça como "Freud Explica! Explica" (Auditório Salvador de Ferrante, até domingo em cartaz, 21 horas) pode propor um tema para (acalorados) debates: até que ponto é válida a exploração de um problema sério, atual, como o homossexualismo, para uma diversão sem maiores [conseqüências]? Homem bem humorado, diretor competente e inspirado escritor ("El Justicero", "A Mãe Que Entrou em Órbita"), João Bethencourt, o diretor da peça de Ron Clark e Sam Bobrick, compara a viagem do provinciano Vitor Tabouré (Guilherme Corrêa) a Paris e a sua descoberta de uma nova moral, com o seu filho único, Michel (Fernando Reski) vivendo com um "amigo íntimo", José (Ivan Senna) como se "fosse um descendente modesto dos Gulliver, dos Munchausen e outros famosos viajantes". Pois, na concepção de Bethencourt, "o país que ele visita e que o espectador perceberá logo é diferente como era os de seus ilustres predecessores. E também, como sempre, o país visitado é um reflexo e um comentário sobre o país da realidade, ao que Vitor, os autores de Vitor, Swift e todos nós pertencemos". "Freud Explica? ... Explica?", sucesso em todos os palcos onde tem sido apresentado - e que em Curitiba espera repetir este êxito, com um faturamento expressivo - poderia ser reduzido, num juízo mais rigoroso, a uma chanchada apelativa. Mas, disto é salva pela direção segura de Bethencourt, pelos premiados (e funcionais) cenários criados por Arlindo Rodrigues e, principalmente, pela interpretação de Guilherme Corrêa, 45 anos, 21 de teatro, que volta a Curitiba 12 anos depois de aqui ter estado pela última vez. Sua criação do provinciano Vitor é o ponto alto desta comédia propositadamente descompromissada, embora proponha, justamente, a discussão em torno de um tema contemporâneo, que deve preocupar muitos pais. Mas os risos fartos, a fórmula agradável encontrada por Bethencourt para conduzir este seu espetáculo fazem com que "Freud Explica! Explica!" não preocupe ninguém. Ao contrário, o mais digestivo, o mais laxante espetáculo - e afinal, como diz Luiz Gonzaga Junior, o que a platéia quer é ser feliz. E gargalhadas fáceis o espectador encontrará na peça que está em cartaz no Teatro Guaíra. E se pretende apenas isto, pode se considerar recompensado pelos Cr$25,00 que deixar na bilheteria.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
20/09/1974

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