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Aramis

Boni, Globo & Cia. (II)

A definição de Armando Nogueira, 47 anos, diretor da Central Globo de Telejornalismo, à revista Status sobre o que caracteriza o telejornalismo, coincide, com o que escreveu há mais de um ano o jornalista Renato Schaitza, 34 anos, editor do Show de Jornal: "É notícia transformada em espetáculo. Imagem. Mais do que dizer, queremos mostrar. Nunca fazemos imagem para palavras - criamos palavra para imagem. É o contrário do jornal". Na lúcida entrevista à José Angelo Gaiarsa ("Boni, Globo & Cia."), Armando Nogueira lembra também que "todas as classes sociais gostam de notícias. Graças a Deus". Considerando o nível "apenas discreto", Armando lembra os problemas maiores enfrentados pela sua Central de Informações: "Formação de profissionais, equipamento mais aperfeiçoado, número maior de satélites de comunicações. Eles não existem em grande escala devido ao custo; e, por mais que se pague à transmissão via satélite, não basta para cobrir os gastos dos 300 canais telefônicos bloqueados para esse fim". Mais algumas afirmações de Armando Nogueira que merecem ser guardadas por quem se interessa pela chamada "ciência das comunicações": 1) - "Procuramos uma linguagem própria para TV, a mais próxima possível da coloquial, dando a cada notícia o máximo viável de informação. Por exemplo: o narrador não só diz o número ligado a certa informação, como o escrevemos no vídeo. Queremos dar pelos ouvidos e olhos, trocando em miúdo informações genéricas - sem cair na linguagem chula"; 2) - "Os narradores é que se adaptam aos textos. Gastam de dois a dois segundos e meio para ler uma linha de 32 sinais. Quando a notícia é quente, recebem instruções para acelerarem o ritmo - isso dá vibração. Há também ensaio antes do telejornal ir para o ar - assim, o narrador resolve eventuais problemas com o texto. Que deve ter frases curtas, incisivas, precisas, para não transmitir duas idéias de uma só vez." A seleção de notícias para o telejornalismo é feita com base nos seguintes ingredientes: sensibilidade de quem escolhe, boa qualidade do produto, adequação à linguagem - o audiovisual - e às conveniências que cercam o veículo. Explica Armando: "Se houver uma nota policial violenta, não a programamos para o jornal da 20 horas. Mas às 22 horas quem sabe? O critério de seleção envolve elementos subjetivos e objetivos. Por exemplo, uma notícia chocante como a morte, não precisa ser mostrada. A expressão das pessoas olhando dá informação visual da alta dramaticidade, sem ser de mau gosto". Armando Nogueira também explica porque os narradores de telejornal (Cid Moreira, Sérgio Chapelin, etc.) estão sempre elegantíssimos: "Pentear-se e maquilar-se são procedimentos comuns em TV. E apresentadores são uma espécie de "convidados" na casa do telespectador - a relação é semelhante à dos hóspedes e anfitrião. Seria grosseiro, portanto, que estivessem desleixados. Roupa e penteado ficam a critério deles. Uma última declaração de Armando Nogueira que merece ser anotada: "O telejornal não é gravado. Vai direto. Como um Boeing decolado, o ambiente imediatamente anterior à emissão é de preocupação e tensão. Qualquer problema tem de ser resolvido em segundos, milhões nos acompanham". LEGENDA FOTO 1 : Chapelin LEGENDA FOTO 2 : Armando
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
28/02/1975

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