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Aramis

Bons tempos de Hollywood e selecionadas reedições

Se Morricone na leitura de John Zorn irrita os consumidores tradicionais da música de cinema, a compensação vem graças a CBS associada a Breno Rossi. Repetindo uma fórmula que tem dado certo em termos comerciais e possibilitando a substituição de antigas (e arranhadas) gravações lançadas há 15 ou 30 anos, por novas prensagens (algumas até em CD), Henrique Sverner e Maurício Quadrio relançam quatro trilhas de filmes marcantes dos anos 50, mais um álbum duplo ("Os Bons Tempos de Hollywood"), nos quais diversos intérpretes - Frank Sinatra, Johnnie Ray, Doris Day, Andy Willians, Tony Bennet, Vic Damone, Rosemary Clooney (e os Hi-Los), Marty Robbins, Johnny Matthis, mais orquestra glamurosas (Les Elgart, Harry James, Percy Faith, Ray Conniff) trazem temas de 26 filmes que permanecem na lembrança por suas músicas-tema. Doris Day (Doris Von Kappelhof, Cincinatti, Ohio), 65 anos completados no dia 3 de abril último, 41 anos de carreira, foi, durante os anos 50/60 um dos maiores nomes do cinema americano, em sua visão digestiva por excelência. Cantora afinada, atriz até razoável em alguns momentos ("O Homem que Sabia Demais", sob as ordens de Hitchcook; "Julie", "A Renda da Teia Negra" etc), colecionou popularidade imensa e emplacou centenas de sucessos - a maioria deles das próprias trilhas dos filmes que interpretava. No pacote de reedições CBS/Breno Rossi, além de suas intervenções isoladas ("Singin In The Rain", "By Light of the Silv'ry Moon", "April in Paris", "Pillow Talk"), ganha o reaparecimento em dois dos melhores momentos de sua carreira: "Ama-me ou Esquece-me" e "Um Pijama Para Dois". Em "Love or Leave Me", 1955, Doris alternava momentos de emoção dramática com a sua espontaneidade de cantora, interpretando a cantora Ruth Etting, dividida no amor entre o gangster Martin Snyder (James Cagney) e um jovem pianista, Johnny Aldeman (Cameron Mitchel). Produção bem cuidada de Joe Pasternak para a MGM, com direção de Charles Vidor (1900-1959), sua trilha sonora trazia, com ajustados acompanhamentos da orquestra de Percy Faith, canções que Ruth Etting (1896-1963) havia conseguido nos anos 20, acrescidas de duas especialmente produzidas para o filme ("I'll Never Stop Loving You" e "Never Look Back"). Já "The Pijame Game", transposição ao cinema do musical de Richard Adler e Jerry Ross, dirigida por Stanley Don em 1957, não teve o mesmo sucesso em seu lançamento no Brasil. Comédia leve e com toques bem americanos, com elenco sem nomes mais famosos (Barbara Nichols, John Raitt, Carol Haney), estava esquecido, apesar de trazer sempre Day vivaz em canções em "Once-A-Year Day!", "Small Talk" e "Seven-And-A Half Cents", título, aliás, da novela de Richard Bissell que inspirou o musical. xxx Para quem dispõe de NCz$ 300,00 (ou já seriam NCz$ 400,00?) a recomendação é pela compra do vídeo com a versão integral de "Nasce Uma Estrela" (1954, de George Cukor), que a Breno Rossi, associada a Warner, lançou há poucas semanas - e que inclui inclusive as seqüências que haviam sido cortadas pela produtora há 35 anos, quando o longa-metragem deste belíssimo filme musical assustou os tycoons do estúdio. Mas como a maioria não pode adquirir o vídeo, temos pelo menos a versão econômica da trilha desta obra que valeu a Judy Garland (1922-1969) uma de suas mais dramáticas interpretações (indicada ao Oscar, perdeu para Gracy Kelly por "Amar é Sofrer"). Um clássico, uma trilha antológica - canções de Harold Arlen, Gershwin, Hart, Rodgers, entre outros - incluindo "The Man That Got Away" - "Nasce Uma Estrela" é daqueles filmes que permanecerão eternamente como maiores momentos do cinema. Existem três outras versões da mesma história - a primeira, não musical, de 1932 ("What Price Hollywood", de William Wellman); a segunda de 1937 e a última de 1976, (estrelada e produzida por Barbara Streisand), mas nenhum se compara a esta. xxx Outra trilha antológica reeditada pela CBS/Breno Rossi é do filme "Porgy and Bess", 1959, de Otto Preminger (1906-1086). A mais conhecida das óperas dos irmãos Gershwin, com libreto de DuBose Heyward, a trágica paixão de um mendigo paralítico, Porgy (Sidney Poitier) pela bela Bess (Dorothy Dandidge, 1923-1965) teve uma felicíssima transposição a tela numa das poucas vezes em que o sisudo austríaco Preminger tentou o musical. Já apresentado na televisão - e mais cedo ou mais tarde, previsto para sair em vídeo - "Porgy and Bess", com suas canções antológicas (quem não conhece "Summertime", que teve uma incrível versão pop de Janis Joplin?) está entre aqueles momentos iluminados do cinema. A trilha original - do qual participaram também Sammy Davis Jr., Peral Bailey, Cab Calloway (como "Sporting Life"), é indispensável aos que ainda não a conhecem.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
10
12/11/1989

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