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Aramis

Bons tempos do Paraná - 24 (II)

O Paraná, por sua formação étnica com imigrantes de vários países, que chegaram em sucessivas levas, oferece amplo campo para estudos demográficos e de interação sócio-cultural. E folheando-se relatórios como o que há, 56 anos, o então secretário geral do Estado. Alcides Munhoz, encaminhou ao governador Caetano Munhoz da Rocha, observa-se, entretanto, que ao menos entre 1923/24, não havia muita preocupação em naturalização dos imigrantes. Só a partir dos anos 50, com novas leis que de certa maneira quase que forçaram a naturalização dos estrangeiros, passou a existir maior atenção nesta área. Por exemplo, durante um ano (julho/23-junho/1924), apenas 15 imigrantes naturalizaram-se. Muitos destes, foram troncos de famílias que se destacariam em vários setores. Eis aqui a relação: Paul Grambow, Emil Heins e Max Stolz, da Alemanha; Antônio Duarte Velloso, nascido em Portugal; Antônio Obraslak, Luiz Feiwitz, Naftaly Schaegel, Hermann Leão Mazer, Moysés Berger, Benjamin Schargel e Leão Federman, todos nascidos na Polônia (mas vários deles de descendência israelita); Pedro Holzmann, nascido na Argentina: Adolpho Stolzember, nascido na Áustria. Dois imigrantes vindos da Rússia também se naturalizaram naquele período: Bernardo Berek Pienkwy e Leonhard Kessler - este que aqui se firmaria como violinista e professor. *** O corpo consular no Paraná já era representativo em 1924. Embora muitos países tivessem cônsules-gerais no Rio, São Paulo ou outras cidades, com jurisdição no Estado - como aliás, acontece até hoje, havia, em compensação maior presença dos países do chamado << Cone Sul >>, especialmente devido ao intenso comércio da erva-mate. Assim, o Uruguai tinha como cônsul em Paranaguá o sr. Francisco Tezanos (desde 1913) e o sr. Lorenzo Bergamino em Antonina (desde 1914). A Argentina tinha o sr. Fernando Alegre Alarcon, como vice-cônsul em Antonina e Paranaguá e o sr. Alberto Martinez de Foz, em Foz do Iguaçu. Apesar do distanciamento de Foz, o Paraguai ali tinha. desde junho de 1923, um vice-cônsul: sr. Mário Real. Os Países Baixos mantinham como cônsul em Curitiba, desde abril de 1921, o sr. Wilhelm Schack; a Itália, desde abril de 1923, o sr. Tomazi Ugo, enquanto a Áustria, tinha o sr. Bertholdo Hauer como cônsul e o sr. Otto Hyera, como seu substituto. Curioso o caso da República de San Salvador, que hoje tem como cônsul honorários industrial Umberto Scarpa (que até há pouco nunca tinha visitado aquele pequeno país): o primeiro cônsul geral de San Salvador foi um certo A. Padilha, substituído em 1911 pelo sr. Felix Locorni. A França já em 1924 aqui tinha apenas um agente consular: o sr Maurice Laval, que, em 1921, havia substituído ao sr. Charles Laforge. A Noruega tinha como vice-cônsul em Paranaguá o sr. Manoel Hermógenes Vidal e a Bélgica, na mesma cidade, mantinha o sr. José Gonçalves Lobo, como seu agente consular. A Espanha, desde maio de 1923, havia designado o sr. Luiz Angel Cirueloes Diez, enquanto Portugal tinha representantes diplomáticos em Curitiba (Antônio de Souza Mello) e Paranaguá (Alfredo dos Santos Correia). A Bolívia (Paulo Ildefonso de Assumpção). Suíça (Ernest Sigel) também mantinham consulados na capital. A Polônia, que hoje aqui tem o seu maior consulado-geral no Brasil, atendendo o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, partir de agosto de 1922, mantinha já um diplomata de carreira: Zbigniew August Miske. E a Alemanha, devido à II Guerra Mundial, teve como último encarregado do consulado, em Curitiba, o sr. Wilhelm Schack, mas o sr. Elysio Pereira Alves, cuidava de seus negócios, desde novembro de 1915, em Paranaguá. *** Como registramos ontem - e insistimos hoje - folhear as 753 páginas do minucioso relatório que Alcidez Munhoz encaminhou ao governador Munhoz da Rocha, há 56 anos passados, e se deparar com dados que além da curiosidade, oferecem sugestões para estudos interpretativos dos mais interessantes. Por exemplo, um quadro do ensino superior, entre os anos de 1920/1923, das << Faculdades Reunidas do Paraná >> - designação oficial da Universidade do Paraná, criada em 1912, mas que, havia perdido a condição de instituição universitária, indicava apenas 20 mulheres matriculadas nos quatro anos da Faculdade de Medicina, contra 431 homens. machismo maior se observava nas duas outras faculdades: em Direito, entre 1920/23, haviam passado 83 homens e em engenharia, 156 homens - e nenhuma mulher. O número de professores nas 3 faculdades era de 94 << lentes >> - 25 a mais do que em 1920. *** Se a informações relacionadas ao ensino superior não chegava a detalhes, a área referente ao ensino primário e, especialmente ginasial, eram das mais detalhadas, como relataremos amanhã - inclusive citando, os nomes de todos os alunos aprovados, reprovados e expulsos do << Ginásio Paranaense >> - hoje Colégio Estadual do Paraná. De cujas listas constam nomes que, nos últimos 50 anos, se projetariam nos mais diversos setores.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
15/05/1980

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