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Aramis

Briga de foice no poder de Curitiba

Como a cidade ganha um novo prefeito dentro de dez dias ( a pose será no reveillon, em plena ( Cândido de Abreu ), e até agora ainda não foram revelados, oficialmente, os escolhidos para o primeiro e segundo escalões municipal, naturalmente as especulações estão crescendo. Fala-se em dificuldades que o prefeito Roberto Requião está enfrentando para compor sua equipe, já que há multiplos compromissos. O de não afastar muitos ocupantes da atual administração que se empenharam em sua campanha, em prestigiar companheiros que desejam altas funções e - o mais grave - satisfazer imposições de politicos e mesmo aqueles "patrocinadores" que ajudaram os cofres do PMDB na campanha bilionária (fala-se de Cr$ 150 bilhões para eleger Requião). xxx Calcanhar-de-Aquiles na área social, o Departamento de Desenvolvimento Social estaria sendo disputado por várias facções das alas mais radicais de esquerda. A solução, ao que consta, seria a nomeação do advogado Marcelo Jugend, amigo de muitos anos de Requião e que como candidato do Partido Comunista Brasileiro, acabou desistindo para ajudar a sua campanha. Mas como há brigas intestinais maiores, há quem não concorde que jugend vá para o DDS, achando que ele pode ocupar "outras funções". xxx Na fundação Cultural também há uma briga-de-foice pela direção executiva. Glauco Souza Lobo foi tão extremado em seu apoio a Requião - Chegou a transformar seu veículo particular numa espécie de "trio elétrico tupiniquim"para ajudar na propaganda - que, naturalmente, está certo de que terá um cargo de maior relevância - em nível de secretária. E para sua vaga há dois candidatos. De um lado o frei dominicano, cantor e expert em erotismo Paulo Cesar Bota, eminência parda da presidência da Fundação já há três anos. De outro lado, a candidata é Télia Negrão, jornalista que trocou a redação pela politica e que nos ultimos dois anos coordenava o setor de animação cultural em bairros. Suplente de deputado pelo PMDB, inquieta e com trânsito em algumas áreas, Telia já que não irá para Secretaria da Mulher - que estaria prometida a vereadora Marlene Zanim ( em longas viagens pela europa e Estados Unidos) - quer uma posição de destaque. Como o habilidoso Carlos Frederico Marés de Souza, presidente da Fundação e que, caso não vá chefiar o gabinete de Requião, continuará em suas funções (cumulativamente a Secretaria Municipal da Cultura), não quer se desgastar nem com Paulo Cesar, nem com Telia, talvez a solução seja um terceiro nome. No caso a professora de História Regina Walbach, que dirige o Setor de Memória (Casas Romário Martins/ Casa da Memória). xxx Mas há problemas maiores em outros setores. Para a presidência do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Curitiba já chegou a falar em dois candidatos, ambos vereadores: o feroz Ivan Ribas e o habilidoso Horácio Rodrigues, este presidente da Câmara e que, obviamente, não vai trocar o poder do cargo que possui por uma função executiva. Mas consta que Horácio indicará o secretário de Finaças e todos os responsáveis pelas áreas de fiscalização. xxx Entretanto a figura mais surpreendente da futura administração será de OMBUDSMAN. Rquião quer. A exemplo do que fazem as grandes multinacionais e alguns dos maires jornais americanos ("the Ney York Times", "Washington Post" etc) ter um superassessor, que represente criticamente os intereses da comunidade. A própria palavra - mestrangeira, de origem sueca - faz ainda muitos dobrarem a lingua e para facilitar as coisas, dizem que o ombudsman da administração Requião será também conhecido como Ouvidor Geral. Para esta função, há uma lista de 15 candidatos, que vão desde ex-religiosos até os mais radicais membros do PCB. xxx Mas lista capaz de estragar o Natal de centenas de pessoas é a que está depositada a 7 chaves no escritório de Requião: os funcionários do primeiro, segundo e terceiro escalões que serão dispensados durante o mês de janeiro devido ao fato de terem trabalhado em favor dos outros candidatos. Somada a demissão sumária de muitos funcionários, outros também estariam ameaçados de serem penalizados dentro de uma ótica administrativa: "enxugar"a administração, reduzindo o número de funcionários em várias áreas, especialmente na urbs e Cohab. xxx Como se diz , tudo está ainda na área da especulação e boatos. Cabe a Roberto Requião - que sempre foi franco e nunca teve papas na lingua - vir a público e esclarecer de fato o que fará e com quem vai administrar esta cidade que está em suspense pelo que poderá acontecer a partir de 2 de janeiro de 1986.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13
20/12/1985

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