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Aramis

A briga pelo trono

Apesar da Juventude Monárquica do Brasil já estar em campanha pelo Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, num (hipotético) caso da monarquia ser restabelecida no Brasil como sistema de governo, mesmo cabendo ao Congresso a escolha do rei - se for mantida a tradição do monarca pertencer a família imperial, haverá uma grande discussão em torno de nome do legítimo príncipe herdeiro ao trono brasileiro. Pela ordem natural das coisas do império, o príncipe herdeiro é D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, 75 anos, filho mais velho do primogênito da Princesa Izabel e que mora em Petrópolis. Mas o seu primo, D. Pedro Henrique reivindica ser o herdeiro legítimo, porque o pai de D. Pedro Gastão abriu mão de seus direitos para poder se casar com uma jovem checa no início do século. Assim, o direito ao trono passaria para D. Henrique, que é o filho mais velho do segundo filho da Princesa Izabel. A família imperial está dividida. D. Pedro Gastão mora nas propriedades herdadas da corte em Petrópolis. D. Henrique é fazendeiro na região de Vassouras, também no Estado do Rio de Janeiro. A lei dinástica obriga os príncipes a renunciarem a seus direitos quando se casam com moças plebéias ou sem nenhuma ligação com família imperiais (mesmo assim, já foram registradas ocasiões em que esta regra não foi levada a sério). Enquanto os dois Pedros mais idosos discutem seus direitos, os jovens monárquicos iniciam o marketing do jovial Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança "digno herdeiro de veneráveis tradições". Realmente, as chances de D. Pedro Gastão esbarram até em sua idade: quando for realizado o plebiscito ele já terá 80 anos - o que, convenhamos, lhe dá pouquíssimas chances de subir ao trono. D. Pedro Gastão nasceu na Normandia e embora se sinta brasileiro (na II Guerra Mundial ele foi pessoalmente ao Ministério da Guerra se apresentar "para qualquer serviço em que pudesse ajudar") tem tido alguns problemas com a justiça brasileira. Por exemplo, há 30 anos foi processado pelo então consultor-geral do Ministério de Justiça, Arnold Butler, por usar o tratamento "Sua Alteza Imperial, o Príncipe" num anúncio. Isso sem falar que só veio conhecer o Brasil aos oito anos, exilado que ficou por causa da lei do banimento da família imperial brasileira baixada pouco depois da Proclamação da República e só suspensa em 1922. Atualmente, ele mora num amplo casarão em Petrópolis (que nos tempos imperiais era usado como moradia pelos empregados da corte). Gosta de ouvir Mozart e Chopin e cuidar de suas criações de abelhas e pombos correios. xxx O deputado Cunha Bueno quando conseguiu a aprovação da emenda sobre a consulta ao povo brasileiro da volta do Rei ao Brasil, em 2 de junho do ano passado, entre sorrisos, lembrou de um fato interessante. -"Nos últimos 60 anos apenas um presidente civil, Juscelino Kubistchek terminou o mandato. Nos 98 anos de República o País passou por 12 estados de sítio, 17 atos institucionais, seis dissoluções de governo, 19 rebeliões militares, quatro presidentes depostos, dois longos períodos ditatoriais dentre outros. A República não deu certo. xxx Portanto, não é sem razão que Curitiba também ganhou seu "Reizinho". Mesmo sem a aprovação da população.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
01/01/1989

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