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Aramis

As Cantoras de Rádio, esbanjando juventude, talento e brasilidade

Gravadora com um marketing definido de vendas - preferindo colocar seus produtos em supermercados e lojas de departamentos, a preços mais acessíveis - a Companhia Industrial de Discos tem um catálogo diversificado e popular. Há mais de 30 anos que a família Zuckerman fez da CID uma fábrica que além de ter sua própria produção também prensa em suas instalações discos para várias etiquetas. Harry Zuckerman, presidente da CID, trabalhando modestamente, sem grandes esquemas publicitários, vem proporcionando a edição de ótimos discos de MPB - nem sempre obtendo o destaque merecido, embora chegando a grandes faixas de público graças aos seus convidativos preços. Por exemplo, nos últimos meses a CID editou três ótimos elepês de grupos vocais (Trio Iraitan, Quarteto em Cy interpretando [canções] de Chico Buarque e garganta Profunda) e "As Eternas Cantoras do Rádio". As Cantoras do Rádio é a formação que reúne seis veteranas, admiráveis e animadas cantoras que foram famosas nos áureos tempos das rádios Nacional, Tupi, Tamoio e outros prefixos, sofreram um imerecido esquecimento nas décadas de 60/70, mas que retornaram há 4 anos com um belíssimo espetáculo que estreando na Sala Sidney Miller da hoje extinta Funarte, provaram que estavam em plena forma. Resultado: tem sido requisitadas para shows em várias cidades do Brasil e só devido a mediocridade da Fucucu que não soube ainda programá-las no Teatro do Paiol, é que elas não tiveram oportunidades de aqui se apresentarem. Carmélia Alves, Ellen de Lima, Nora Nei, Violeta Cavalcanti, Zezé Gonzaga e Rosita Gonzales são cantoras notáveis - na faixa entre os 50/70 anos, que criaram sucessos maravilhosos e que resistem ao tempo no show dirigido por Érico de Freitas, renidas, elas abriam e encerravam o espetáculo com a clássica marcha "As Cantoras do Rádio" que Lamartine Babo (1904-1963), Alberto Ribeiro (1902-1971), e João de Barros (RJ, 29/3/1907) compuseram em 1936 e que teve nas irmãs Carmen e Aurora Duarte suas grandes intérpretes. No arranjo para esta gravação, esta clássica música [que] foi destaque no filme "Alô, Alô Carnaval"(1936, de Wallace Downey) e "Quando o Carnaval Chegar"(1972, de Cacá Diégues), foi utilizado como tema incidental o hino da Guanabara - "Cidade Maravilhosa" que André Filho (1906-1974) compôs em 1934. Entre as faixas de abertura e encerramento, cada uma das cantoras de rádio mostra momentos magníficos da canção popular. Violeta Cavalcanti, uma mulher fascinante, estilo moleque e que teria sido a sucessora de Carmen Miranda (1909-1955) quando a "Pequena Notável" foi para os Estados Unidos em 1939, se optando pelo casamento não tivesse interrompido sua carreira na Rádio Nacional, retornou aos palcos entusiasmada com o [projeto] "Cantora do Rádio" e [mostra] toda sua bossa em dois clássicos com o mesmo tema: a "Camisa Listrada" de Assis Valente e "Camisa Amarela" de Ary Barroso, Rosita Gonzales, outra cantora que também interrompeu sua carreira por muitos anos, ], relembra uma das mais belas valsas que na versão de Armando Louzada há mais de 40 anos emociona a todos - "Fascinação" (Marchetti/Ferrandy), e o tango "Noche de Ronda" (Maria Tereza Lara), Carmélia Alves, 63 anos completados dia 14 de fevereiro último, que se tornou conhecida como a Rainha do Baião nos anos 50, traz uma das mais significativas parcerias de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira ("Qui Nem Jiló" ao lado de "Pau de Arara" (Gonzaga/Guio de Morais. Zezé Gonzaga (Maria José Gonzaga), 66 anos, mineira de Manhuaçu, considerada uma das vozes mais afinadas do Brasil, mostra toda sua extensão de voz com "Olhos Verdes" (Vicente Paiva) e a tocante "A Estrada do Sertão" (João Pernambuco), que ganhou letra há alguns anos do poeta Hermínio Bello de Carvalho, responsável também pelo seu retorno ao disco (num lp histórico interpretando músicas de Valsinho e nos palcos. Duas cantoras identificadas a música dor-de-cotovelo, falando de paixões e romances completam este time. Ellen de Lima em "Vício"(Fernando Cesar) e "Sangrando" (Gonzaguinha). A grande Nora Nei, com "Preconceito" (Antonio Maria/Fernando Lobo) e "Rocha" (Paulo Vanzolini). Na contracapa, Fernando Lobo, com sua quilometragem de ter vivido a grade fase da música brasileira dos anos 40/50, fala com emoção destas eternas e maravilhosas Cantoras do Rádio.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
22/03/1992

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