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Aramis

Cartas

TULIO VARGAS, (Brasília) - "Uma das figuras invulgares da vida política, cientifica e magisterial do Paraná, da geração passada, foi Ernesto Luiz de Oliveira, ou simplesmente Ernesto de Oliveira. Escritor e filósofo, engenheiro civil, agricultor e pecuarista, dele se diz que "não foi só orador, como polemista temido e temível. Era poliglota estudioso dia línguas, das ciências, da filosofia e da religião. E o chamavam sábio. Espirito liberal e superior, participou da Revolução Federalista de 1894, sendo obrigado a exilar-se na Argentina, para fugir às ameaças dos vencedores. Incorporou-se nessa retirada, à coluna de Jucá Tigre, ao lado de Têlemaco Borba e outros maragatos. Em Buenos Aires reconheceram-lhe o talento e cultura. Dirigiu o Museu de História Natural, tornando-se amargo do sábio naturalista Ameghino. Era desses gênios raros, desambiciosos e despreendidos. Aprazia-lhe ironizar as mediocridades da época política, encastelados no poder, no Brasil e no Estado. Essa mordacidade, resumada de humor, custou-lhe muitas desafeições. Era incorrigível contador de estórias, o que fazia com inexcedível graça. Vestiase de forma singular: culote de abas largas, botas de cano alto, túnica fechada e chapelão de abas descaídas. Apresentava-se assim, sem cerimônia, nem formalismo, nos salões aristocráticas, na Faculdade de Engenharia, ou nos comitês políticos indiferentes aos padrões da moda, como a ver gastar os costumes burgueses. Nasceu na Lapa, a 24/03/1874, terra de outras inteligências peragrinas. Fascinando pela política partidária participou das campanhas da União Republicana e do acordo interpartidário de que resultou o Partido Republicano Paranaense. Seguia a liderança de Generoso Marques dos Santos, fiel à doutrina federalista de Silveira Martins. Nessa condição, ocupou a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, "havendo-se com sobeja capacidade contra a rotina, desenvolvimento métodos revolucionários no setor da agricultura e pecuária. Avançados conhecimentos espargios nas páginas da revista "Casa do Lavrador", que fundou e dirigiu". É muito vasta a sua bibliografia, valendo citar, entre outras obras da sua lavra, "O Sílabus, o Evangelho e o Estado", "Um Capítulo de Zootenia", "Replica à Confer6encia", "Do Micro bio ao Homem", "De roldão e de gangão" e o "Elogio da Bosta" Faleceu no Rio de Janeiro, a 9 de novembro de .. 1938. Ocorrendo, este ano o centenário do seu nascimento, seria imperioso lembrar que, fundador da Academia Paranaense de Letras, sua memória devesse merecer a reverênciacabível à lembrança de quem engrandeceu, com tantas luzes, a educação e a cultura da sua terra."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
26/03/1974

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