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Aramis

Cartas

Túlio Vargas - (Brasília) - "Li e reli a admirável conferência preferida pelo ex-ministro Alfredo Buzaldi na Escola Superior de Guerra. Não me contive em subtrair-lhe alguns excertos para ampliar a divulgação dos seus conceitos sobre humanismo político, tal a beleza e o acerto da mensagem que transmite. Numa época em que o materialismo dialético insiste na alientação do homem dos valores essenciais da existência, imperioso é meditar sobre as definições daquele emérito pensador. Vejamos: "O humanismo político tende a dignificar a pessoa, acudindo-a nas suas necessidades materiais e elevando-a em seus dons espirituais. Não é o culto do homem. É a cultura dos seus valores imanentes. Por isso, o homem deve ser considerado objetivamente com suas virtudes, defeitos, inquietações e problemas. Dentro dessa doutrina, o conceito de bem comum é uno". - Mais adiante: Todos são iguais sem distinção de cor, riqueza ou estado social. Mas a igualdade substâncial, como sustenta Lachance, não exclui a desigualdade contingente, que resulta da força física, da cultura intelectual e do valor moral, bem das subordinações inerentes à ordem social. Ao contrário a comunidade essencial dos homens comporta naturalmente essas hierarquias, porque não poderia haver união e harmonia, vida e movimento sem diferenciação e, por conseguinte, desigualdades. O humanismo político reputa a liberdade um apanágio da pessoa. E sua dependência ao Estado não elimina a liberdade, antes a reconhecer. A liberdade não consiste em obedecer a si mesmo mas em obedecer à ordem jurídica instituída". O conferencista detém-se ainda em considerar que "o humanismo engrandece a política". E salienta: ö povo que amadurece na experiência política, ama os estadistas austeros. Prefere que governantes equilibrados o conduzam segundo a lei orgânica do desenvolvimento natural. Por isso, a ação política pressupõe que os homens de governo conheçam a realidade nacional. Não lhes basta apenas o saber teórico. Este deve ser completado pela experiência pessoal, pelo espírito de sacrifício e pelo anseio de bem servir". As palavras do Ministro convencem-me, definitivamente, que a missão de governar deve ser confiada ao político dotado daquele virtualidades imanentes do humanismo, aberto à senssibilidade popular, sem o nermetismo das deliberações tecnocráticas, pois, segundos Milton Campos, o técnico dispõe do saber mas o político da sabedoria. Tenho dito.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
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30/03/1974

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