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Aramis

Casanova no Canal 4 e no Itália

Hó oito anos quando Federico Fellini deicidiu dar a sua visão das aventuras de Giovanni Giácomo Casanova ( 1725-1798 ), por certo muitos se supreenderam pela escolha doa ator canadense Donald Sutherland para interpretar o famoso aventureiro, amante e escritor do século XVIII, que deixou lendas e suas famosas memórias somente editadas há 4 anos. Afinal, Mastroiani atuou nos mais famosos filmes de Fellini ( "A Doce Vida", 1959; " Oito e Meio", 1963 ) e já era mais popular dos atores italianos. Seria, entretanto, sob a direção de um outro notável cineasta italiano, Ettore Scola, 52 anos, que Mastroiani viria a viver Casanova, já extraordinário "Le Nuite de Varennes" que no Brasil a Gaumont chamou de " Casanova e a Revolucão" e que ainda hoje e amanhã está em exibição no Cine Itália. Mas se Mastroiani não foi o "Casanova"na versão de Fellini, em 1965 lhe coube recriar um " Casanova" atualizado, sob as ordens de Mário Monicelli na divertidissima comédia "Casanova 70", sucesso na Europa e no Brasil ( em Curitiba, permaneceu várias semanas em exibição no cine Plaza, em janeiro de 1968 ). E esta versão de " Casanova 70" a TV Iguaçu apresenta amanhã a zero-hora, logo após o jornal Noitecentro e o programa Flávio Cavalcanti. xxx Monicelli, 69 anos, 36 de cinema, após vários curtas divididos com Steno ( Stefano Vanzini 1917 ), se tornou respeitado especialmente por suas fitas politicas ( "Os Companheiros" ) e comédias sociais. Em 1965, Monicelli imaginou um Casanova vivendo no ano de 1970 - projetando então a ação para o futuro no qual o personagem só conseguia excitar-se sexualmente sob bons momentos de humor. Um elenco de belas atrizes foi convocado - Virna Lisi, Marisa Mell, Michele Mercier, Liana e Moira Orlei, Beba Loncar, Margaret Lee, para esta fita que valeu a Mastroiani o prêmio de melhor ator no XIV Festival Internacional de Cinema de San Sebastian, na Espanha. xxx Rodado 17 anos depois, com Marcelo Mastroiani já com 59 anos, o Casanova de "La Nuit de Veterennes" é um personagem desiludido, com os problemas da idade mas ainda assim com a mística de grande amante, personagens a dama de companhia da rainha Maria Antonieta ( belissima interpretação da alemã Hanna Schygulla ) e de uma viúva a procura do consolo sexual ( Andréa Ferreol ). Embora o titulo no Brasil seja " Casanova e a Revolução", o personagem central que o filme é Nicolas Retrif de La bretonne ( 1724-1806 ), uma das personalidades fascinantes do século XVIII. Sua vida foi atribulada: camponês, aos 17 anos se tornou tipográfo o que levaria, anos depois a imprimir, ele próprio a imensa obra que escreveu ( consta que 194 livros ), Como Casanova ( se acreditarmos em seu "Calendrier" ) teve uma centena de mulheres e em seus textos defendia idéias revolucionárias para época: " A propriedade é fonte de todo vicio, de todo crime, de toda corrupção". Em "Comtemporaines", defendia um sitema de troca entre trabalhadores e comerciantes, numa proposta de comunidade socialista. O roteirista Sérgio Amidei falecido há dois anos aos 78 anos, influenciou Scola a resgatar a personalidade múltipla de resif de La Bretonne, como o próprio cineasta declarou em entrevista ao critico Gian Luigi Rondi ( "II Tempo", 1982 ), " Resif era o escritor que melhor podia nos guiar, nos ajudar, com seu enciclopedismo, sua maneira de estar sempre presente a tudo e particularmente, de estar ao lado de pessoas simples, na medida humana". O Jornalista de seu tempo, atualidade das idéias de Restif são admiravalmente captadas na imagem final do filme quando o passado e o presente se integram. Grande Parte da ação de "Casanova e a Revolução" decorre dentro de uma diligência, que o levou alguns criticos a estabelecerem comparações ao classico de John Ford ( 1895 -1973 ), " Stagecoach" ( No tempo das Diligências 1939 ), pela junção num mesmo espaço/ veiculo de diferentes personalidades. Outros viram aproximações a uma das mais conhecidas novelas de Guv Maupassant ( 1850-1893 ), " Bola de Sebo ". Entretanto, a originalidade que marca a obra de Ettore Scola, a precisão do roteiro de Amidei, a integração politico social em juntar personagens reais com a ficção, num painel politico ( como acontece em todos os filmes de Scola ) fazem de "Casanova e a Revolução" uma obra fascinante. Alem de Casanova e Resif, um terceiro personagem real, Thomas Paine ( Thetford, Inglaterra, 29/1/1737 - Nova Iorque, 8 de junho de 1809 ), escritor, teórico, humanista, autor de vários clássicos - incluindo " Os Direitos do Homem", 1791 ) e que teve decisiva participação dos EUA aparece com destaque. Interpretado pelo ator norte americano Harvey Keitel, Paine é uma espécie de complemnto ao tripé de escritores teóricos revolucionários, através dos quais é dado o embassamento politico a "La Nuite de Verennes" que se não fosse por outra razão só pelo fato e resgatar as telas, após uma ausência de 17 anos, o esplêndido ator Jean Louis Barrault ( ilustamente no papel de Restif) justificaria sua visão obrigatória. Enfim , um filme como poucos, merecedor de toda atenção de jovens e adultos que desejam conhecer um pouco mais sobre as idéias e o painel da Revolução Francesa tão distante aparentemente, mas tão comtemporânea de sua formulação. LEGENDA FOTO - " Casanova e a Revolução": no tempo das diligências, uma revisão histórica através de personagens reais fascinantes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
22/05/1984

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