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Cascavel já entrou no roteiro dos "ratões"

Um dos raros canais para que compositores jovens, fora dos esquemas comerciais, possam mostrar suas produções, os Festivais também estão se tornando, cada vez mais, forma de sobrevivência dos artistas mais talentosos. Já existem pelo menos 50 intérpretes / compositores que, bem ou mal, sobrevivem participando de eventos competitivos. Chamados carinhosamente de "ratões de festivais" procuram as promoções que oferecem melhores premiações e de credibilidade, evitando, naturalmente, aqueles demasiadamente regionais, que além de terem dotações ridículas, normalmente adotam discutíveis critérios de avaliação. Assim, a proporção que um Festival se consolida e se projeta, os melhores candidatos passam a ser, naturalmente, compositores profissionais (ou em fase de), o que eleva o nível artístico do evento - mas torna mais difícil a classificação de amadores regionais. O FERCAPO, que pelo menos em suas nove primeiras edições era, conforme o próprio nome diz, um "festival regional", hoje já passou a integrar o chamado "circuito dos ratões", que vindos de outros Estados ali tem apresentado boas composições - o que mostra, de forma mais clara, as limitações dos autores regionais. Se Nilson Chaves, paraense de Belém, dois elepês já gravados (um terceiro em fase de produção), e hoje profissional no Rio de Janeiro, intérprete da música que foi a segunda classificada em 1986, "Nossa Verdade" de Luís Fontana (e que em 1985, mereceria ter sido também o premiado) não concorreu agora, em compensação os paulistas Jean e Paul Garfunkel, que praticamente tem mais de 70% de suas atividades dedicadas a festivais, vieram e conquistaram o terceiro lugar com "Não Minto Pra Mim" (Cz$ 15 mil na premiação). Amigo dos irmãos Garfunkel, o também paulista Celso Biáfora, 27 anos, é outro "ratão" de Festivais, com mais de 30 vitórias. No ano passado, os três - mais César Brunetti, outro participante de festivais, dividiram o ótimo elepê "Trocando Figuras" (Copacabana). Desta vez, Biáfora levou prejuízo: apesar de apresentar uma bonita música, que chegou a finalíssima e teve muita simpatia - "Pobre Cabeça", ficou sem nenhuma premiação. Horas antes do encerramento do Festival, Biáfora fazia coro com outros concorrentes, vindos de diferentes Estados, queixando-se da pequena ajuda de custo (apenas Cz$ 1 mil). - "Independente da hospedagem e alimentação, a ajuda de custo deve ser ampliada, pois só em passagem gastei Cz$ 800,00. Logo, vou sair com prejuízo". A proliferação dos festivais por todo o Brasil, está fazendo com que muitos deles se reciclem em termos de organização. Uma das reivindicações dos compositores é que as premiações passem a ser mais equilibradas. Por exemplo, o primeiro classificado levar Cz$ 61 mil - como aconteceu com o paraibano Francisco de Souza (Chiquinho), o vencedor deste XV FERCAPO com sua música "Menina Nova" - enquanto para as demais premiações (sete), restar apenas Cz$ 70 mil, é injusto. Em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo, um festival bem conceituado, introduziu a partir deste ano premiações menores, mas abrangentes a todas as concorrentes - por sua vez selecionadas rigorosamente. Já em festivais ricos, como o Musicanto, em Santa Rosa, Rio Grande do Sul, a ajuda de custo já é um prêmio - Cz$ 30 mil (mas os prêmios são os maiores do Brasil, começando com um Del Rey Ghia para o primeiro classificado). Outra questão que também é levantada: auxílios diferenciados aos candidatos, de acordo com a distância das cidades sedes de onde procedem, pois não há razão para um candidato de município vizinho ter a mesma ajuda do que o do Norte do País. xxx Desenvolvidos regularmente a partir de 1965 - quando a extinta TV Excelsior realizou o primeiro dos grandes festivais de MPB - esta forma de estimular os novos compositores permanece, ainda, válida para dar vazão à criatividade de tantos jovens que sonham com uma carreira profissional. Infelizmente, 80% do material que chega aos Festivais é de nível medíocre, sem força e originalidade para justificar maior destaque. LEGENDA FOTO - Irmãos Jean e Paul Garfunkel, veteranos de festivais. (Foto Neri)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/07/1987

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