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Aramis

Castelos de Juarez Machado valem mais de US$ 100 mil

O arquiteto Waldir Simões de Assis que já se divide entre as pranchetas de seu escritório e a galeria de arte que leva o seu nome, poderá, no futuro, também se firmar como editor de obras de arte. Afinal, a experiência que vem adquirindo na produção dos mais belos catálogos dos artistas que expõem em sua galeria o está fazendo merecedor da admiração de quem sabe apreciar trabalhos de alto nível gráfico. No caso de seu particular amigo Juarez Machado, que já por duas vezes fez individual em sua galeria - e que o nomeou como uma espécie de manager artístico no Brasil - Waldir produziu um minilivro de arte a propósito da mostra "Viagem aos Castelos de Bordeaux" (Curitiba, 12 a 17 de setembro), e que iniciou sua tournée nacional pelo Rio de Janeiro (Rio Design Center, 9 a 20 de agosto), prossegue em São Paulo (Espaço D'Artefacto, 25 de agosto a 6 de setembro) e incluirá, emotivamente, a terra natal do artista, Joinville (Museu de Arte, 16 a 22 de outubro) e Florianópolis (Museu de Arte de Santa Catarina, 25 a 31 de outubro). xxx Como hoje só os endolarados podem levar para casa um trabalho do internacional Juarez Machado - cotado em suas telas a partir de US$ 2 mil - os catálogos de suas exposições ficam como um consolo. Para esta mostra os trabalhos com que Juarez participou na exposição "Chateaux Bordeaux - História e Renovação da Arquitetura Vinícola", organizado pelo Centre Georges Pompidou, o catálogo de 20 páginas, em papel da melhor qualidade, reproduz, em cores, 24 óleos de Juarez - incluindo as dez obras originais - alegorias e pinturas de interiores e exteriores dos castelos de Bordeaux, selecionados por Jean Dethier, para a exposição realizada no Beaubourg entre 15 de novembro de 1988 a 20 de fevereiro de 1989. Na dupla condição de amigo e marchand-de-tablaux, Waldir Simões de Assis viajou a Paris, especialmente para aquele evento, fazendo, quando de seu retorno, uma ampla divulgação. Ficou acertado, então, que Juarez traria as telas expostas e que não podem serem vendidas, já que estarão sendo levadas a outros países num programa que só finaliza em Tóquio, em 1992. Entretanto, se estas dez obras originais de Juarez após sua itinerância internacional serão integradas aos acervos dos castelos enfocados, graças ao trabalho de Waldir, está sendo possível ao público de quatro capitais - e mais Joinville - apreciar uma série de 40 trabalhos da mesma fase - pinturas de caves, adegas, salões, vestíbulos, escadarias, jardins e vinhedos destes castelos. As telas vieram para Curitiba, aqui sendo emolduradas, e durante três dias puderam ser vistas por privilegiados clientes de Waldir Simões. Resultado: dez delas já foram vendidas. No Rio, e agora, em São Paulo, praticamente todas as outras devem encontrar compradores - de forma que quando chegarem a Curitiba - e depois a Joinville e Florianópolis - Juarez já terá vendido toda a mostra, engordando em mais de US$ 100 mil a sua conta bancária - que lhe permite viver muito bem em Paris. Os preços das telas, cotados em dólares, variam pelo tamanho: as menores (33 x 41 cm) custam US$ 2 mil, subindo para US$ 3 mil (45 x 60 cm); US$ 4 mil (73 x 100 cm) e acima de US$ 6 mil (97 x 1,32 cm). xxx Adalice Araújo, que acompanha a carreira de Juarez desde 1961, quando ele chegou a Curitiba para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, escreveu didático (e simples) texto no qual fala da pintura que Juarez vem fazendo na França - a fase inspirada pelas "Les Dermeuses", na poesia de Paul Valery e, posteriormente a série "Bebedoras", iniciada em uma temporada em Strasburg, na França. Diz Adalice, que agora, ao se voltar aos castelos da região de Bordeaux, Juarez "tira as suas bebedoras dos interiores dos bares noturnos, para colocá-las nos jardins dos castelos. Porém, mesmo quando surgem em primeiro plano, ele tem o cuidado de colocá-las na sombra. Em geral, apenas uma é iluminada, em consonância com o castelo, banhado de luz cantante, ao fundo. O toque mágico das cores - também elas estilizadas - repete o charme entre o definido e o indefinido. Na relva, aquele toque abstrato, e na mesa, a perspectiva frontal, que bem comprova o seu namoro com o cubismo".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
26/08/1989

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