Login do usuário

Aramis

Chet e Billie em seus anos de ouro

A trágica e misteriosa morte de Chet (Chesney H. Baker) , em um hotel em Amesterdam, a 13/5/88, aos 49 anos, coincidiu praticamente com a edição de uma dos mais belos discos de sua carreira ("Chet Baker Sings Again"). Imagem que ganhou espaço especial, não só pela morte não explicada (suicídio ou assasinato?) do pistonista e cantor que revolucionou o jazz cool a partir de sua primeira gravação no início dos anos 50, mas também pela importância que teve, como vocalista, influenciando especialmente João Gilberto - e assim diretamente a Bossa Nova. Ao lado de "My Funny Valentine", este "Sings Again" está entre os mais puros álbuns instrumentais-vocais da história do jazz - e não foi sem razão que todo um cult se formou ao seu redor, especialmente, sabendo-se da trajetória dramática de Baker, drogado, preso, perseguido, vítima de violências - e que, há 4 anos, ao vir ao Brasil para o primeiro Free Jazz, mostrava no rosto e no comportamento, aspectos de uma velhice prematura - mas em deixar de ser o grande artista - gravando inclusive um álbum com seu amigo brasileiro Rique Pantoja. São 8 standards ("All of You", "Body And Soul", "Look For The Silver Lining", "I Can't Get Started", "My Funny Valentine", "Alone Together", "Somenone To Watch Over Me" e "How Deep Is The Ocean"), que fazem deste álbum um momento de maior emoção - único e indispensável. Comparável a Chet Baker - também pela genialidade como vocalista e trágica vida, Billie Holiday, quase 30 anos após suas morte ( Nova Iorque, 17 de julho de 1959, aos 44 anos) continua a ser descoberta no Brasil. Dois álbuns com Billie são ;lançados: o volume 3 da série "The Quintessential Billie Holiday" (CBS), com registros de sua fase de ouro (1936/37), quando ainda não havia sido vítima de drogas e da bebida - e era a belíssima Miss Day; "Lady Blues" (Imagem/ Musissom), também traz Billie de seus anos dourados, começando pelo dilacerante "Strange Fruit" (numa gravação de abril de 1939), incluíndo "I Cover The Waterfront", "Embreceable You", uma profunda leitura de "As Time Goes By", feita em abril/ 44, quando o tema de Hubert Hupfield não havia ganho ainda a popularidade cinematográfica via "Casablanca"), "Lover Come Back To Me" e duas versões diferentes de "I Love My Man". Dois discos esplêndidos, documentados da maior cantora de jazz de todos os tempos. Não perca tempo: procure-os já, antes que desapareçam das lojas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
10
31/07/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br