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Aramis

Chico Anisio também é bom em música...

Hoje sem dúvida o mais popular humorista brasileiro o cearense Chico Anísio é, também, reconhecidamente, um homem inteligente em busca de afirmação profissional/pessoal em outros setores. Dono de uma crescente fortuna, lotando permanentemente teatros em qualquer parte do Brasil que se apresente, disputado pela Rede Globo de Televisão para os horários de maior audiência, Chico Anísio se tornou um dos autores mais vendidos do Brasil ao decidir reunir em uma série de simpáticos livros, colocados em bancas de revistas de todo o País, suas estórias mais engraçadas. "O enterro do anão", "O casamento da vaca", "A curva do calombo", e outros títulos, todos lançamentos da José Olympio, através da Sabiá, contribuíram para que engordasse ainda mais a sua já respeitável conta bancária. Homem ligado ao show-business musical Chico, nunca esteve distante da música: há 6 ou 7 anos gravou um lp na Philips, produzido por seu amigo Nonato Buzar (hoje em Paris) chamado "Chico Anísio inaugura o humor dançante". Seu fiel amigo e co-roteirista de seus programas, Arnaud Rodrigues, também já havia feito um interessante) lp na Copacabana, anos atrás. Assim, não é surpresa o lp "sangue no Cacto" (Companhia Industrial de Discos 8005) cujo bom humor já inicia no subtítulo irônico: "Baiano & Os Novos Caetanos", sugerindo a sátira na capa em que Chico e Arnaud aparecem de cabeleiras mil colares, no melhor estilo da baianada cantante. Lúcido e preocupado em manter o seu público, Chico Anísio tem evitado cometer o erro que, segundo muitos observadores condenou o fracasso dos últimos anos do excelente humorista José de Vasconcelos: fazer um lp apenas de piadas. Além de se tornar maçante após as primeiras audições (o que acontece inclusive com os discos de Juca Chaves, apesar das apelações do cantor compositor-show man, que tem seus discos proibidos para execução pública), a gravação de um lp neste gênero corre o risco também de esvaziar o seu público como humorista. Assim Chico prefere atacar de cantor-compositor com sátiras inteligentes e fazendo com que o público que é imenso, adquira o disco para conhecê-lo nesta sua nova, e pouco divulgada faceta. Mas na verdade Chico é um bom letrista, com muitas músicas de nível já gravadas por artistas de expressão e além do mais, convém, lembrar que seu irmão, Elano de Paula - hoje próspero industrial no Ceará, foi o letrista de uma das obras-primas do repertório de Elizeth Cardoso: "Canção de amor", com musica do sambista Chocolate (Dorival Silva, Rio, 20/12/23), hoje em imerecido esquecimento. Neste "Sangue no Cacto", subintitulado na folha colorida que acompanha o lp de "Não durma... ou durma de olho aberto/ Há sempre outro olho, querendo enxergar a sua", Arnaud Rodrigues e Chico Anísio fazem deliciosas sátiras aos vários modismos da música brasileira e internacional (em "Nega", de Arnaud, sucesso nas vozes de outros cantores, a introdução é uma sátira ao estridente estilo das músicas de Isaac Hayes, na fase "Shaft"). Todas as faixas são interessantes, bem humoradas, demonstrando que também em disco é grande o talento deste cearense chamado Chico Anísio: "Vô batê pa tu" (Arnaud/Orlandivo") "Nega" (Arnaud), "Cidadão da mata"(Arnaud/Chico), "Urubu tá com raiva do boi"(Geraldo Nunes/Venâncio). "Aldeia" (Arnaud/Chico), "Ciranda" (adaptação da dupla de tema nordestino), "Folia de rei"(Arnaud/Chico) "Véio Zuza" (Arnaud/Chico/Sebastião Valentim), "Selva de feras"(Arnaud/Orlandivo) "Tributo ao regional" e "Dendalei" (ambas da dupla). LEGENDA FOTO 1 - BAIANOS & OS NOVOS CAETANOS.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
12
16/01/1975

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