Choque de geração
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de junho de 1979
Um dialogo travado entre uma criança de 7 anos (incompletos) e um garotão, de 22 anos, vestibulando de Medicina, dá bem a dimensão de quanto vale a influência famíliar na formação intelectual dos jovens. Paulo de Tarso de Oliveira Tavares, 7 anos, que tem na convivência com sua mãe, Marlete Oliveira, uma carga diária de informação de várias áreas, e que desde os 4 anos sabe ler e escrever corretamente, disse a um amigo da família, Renê, 22 anos, que limita suas leituras à revista "Pop" e tem como principal hobbie as travoltas na discotheques da cidade:
-Sabe Renê, você não vai conseguir passar no vestibular, já que o seu português é muito fraco.
-Por quê? Afinal V. nunca leu nada do que eu escrevi.
-Nem preciso, respondeu Paulinho, basta ouvi-lo falar. E você só fala por evasivas...
-O que é falar por evasivas?
-É falar de forma lacônica.
-E o que é falar de forma lacônica.
-É utilizar monossílabos.
-E o que é monossílabos?, acrescentou Renê.
Nestas alturas, Paulinho sorriu na sabedoria de seus 7 anos. E Renê saiu para ir mais uma vez ao Pappete mostrar os últimos passos que havia ensaiado à tarde.
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