Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de março de 1974
A repetição da dobradinha Renê Clement-Sebastian Japriset que tão bons resultados (crítica-público) alcançou em << O Passageiro da Chuva >>, há 4 anos, justificava muitas esperanças em << O Homem Que surgiu de Repente >> (cine Glória, hoje último dia em em exibição). Mas infelizmente a fusão não repetiu o mesmo bom resultado anterior, embora o mestre de << Brinquedo Proibido >> seja daqueles cineastas seguros, capazes de sempre tornar interessante a mais convencional das situações. E nesta crônica de gangsters em fins-de-carreira - o vento Charley interpretado com amargor por Robert Ryan (1909-1973), em seu último trabalho no cinema, o gordo Mattone (Aldo Ray) - na preparação do Grande golpe - René Clement não conseguiu o timing exato, embora obtido algumas boas soluções e a fotografia em cores de Edmundo Richard seja das mais expressivas. A reunião de Ryan, que estivera, juntos em 1957, no antológico << O Pequeno Rincão de Deus >> (God`s Litte Acre, de Anthony Mann), a melhor adaptação cinematográfica feita em torno de um romance de Eskine Caldwell, e mais a presença na sempre sensível Lea Massari, constituem, para o público mais ligado ao trabalhar dos bons interpretes, atrações a parte nesta produção, embora o francês Jean-Louis Trintignant, repita aqui suas corretas interpretações que nós já habituamos a ver. A impressão que este << Le Course de la Lievre sur les champs >> é de um filme cansado: diretor, roteirista e interpretes melancolicamente decepcionados e que levam adiante situações sem nelas acreditarem. Resultado: o público também se cansa. Mesmo os mais tolerantes fãs de Clement e dos bons interpretes reunidos no elenco.
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