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Aramis

Cinema

A margem das sessões plenárias, em que dois temas de grande interesse para todos que se preocupam com a cultura cinematográfica em nosso País estão sendo discutidos com a máxima seriedade - fixação de uma Legislação Específica para o cinema de Arte no Brasil e criação do Mercado Paralelo - a VIII Jornada Nacional de Cineclubes, ontem iniciada em Curitiba, oferece ao público a oportunidade de assistir, em pré-estréias, dois filmes da maior importância. O primeiro deles é "São Bernardo" de Leon Hirzman, realizado entre 1972-73 e apontado quase que por unanimidade, o melhor filme nacional do ano que passou. O segundo é "A Noite Americana", a mais recente fita de François Truffaut (foto), lançada na Europa há apenas 90 dias e que está saindo de Brasília, onde foi aprovado pelo Departamento de Censura e Diversões Públicas na semana passada. Só a projeção destes dois filmes, ambos inéditos em Curitiba - "São Bernardo" hoje à noite no auditório do Colégio Estadual, "La Nuit Americane" amanhã, as 20,30 horas, no Cine Flórida (Rua Marechal Floriano, ao lado do IMPC) já dá idéia da importância deste encontro de cineclubistas, prestigiado com a presença de personalidades como Alcino Teixeira de Mello, diretor do Departamento de Filme de Longa Metragem e que há dois anos reuniu, anotou e comentou toda a Legislação sobre o Cinema no Brasil, numa utilíssima edição do Instituto Nacional do Cinema. A presença de Alcino, um homem que conhece profundamente os problemas do cinema nacional, sem dúvida dará grande substância aos debates, em especial no que tange ao estabelecimento de uma Legislação que venha a permitir aos cineclubes, cinemas de arte e entidades que se dedicam a difusão da cultura cinematográfica, melhores condições de desenvolver um trabalho em favor do público. Pois o fato de inexistir uma legislação que proteja esta faixa de exibição cria problemas sérios impedindo a realização de muitos projetos da maior importância. Por exemplo, há um mês, um Festival Akira Kurosawa que daria a última oportunidade do público curitibano conhecer as obras-primas do cineasta japonês teve que ser cancelado, inesperadamente, pelo simples motivo de que os certificados de censura estavam com as datas vencidas, impossibilitando assim de serem projetados em cinemas comerciais. Em São Paulo, no Museu de Arte Assis Chateaubriand e, ultimamente, também no Museu Lasar Segall, na Guanabara, na Cinemateca do MAM ou em cineclubes que dispõe de aparelhagem de 35mm, obras-primas são constantemente exibidas, mas embora disponíveis para serem levadas a Estados, esbarram com a dificuldade de há muito estarem sem certificados de Censura tornando assim problemática a sua apresentação em cinemas que não sejam pertencentes a entidades culturais. E como em Curitiba, só o auditório do Colégio Estadual dispõe de aparelhagem em 35mm o fato é que o nosso público tem sido privado de conhecer muitos grandes momentos da sétima arte. Saindo da Jornada ora em realização em Curitiba ao menos uma definição neste campo, já será dos mais válidos e encontro idealizado por Carlos Vieira, presidente do Conselho Nacional de Cine Clubes e trouxe a nossa cidade neste fim-de-semana, pessoas que amam o bom cinema, de todos os cantos do Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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12
02/02/1974

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