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Aramis

Cinema I fechou, faz frio e só acontecem 3 estréias

Uma semana fria, Não apenas a temperatura que cai na madrugada abaixo de zero, fazendo com que só os bravos se disponham a sair à noite para ir ao cinema (e com isto ganham as locadoras de vídeo), mas também no que concerne aos lançamentos: três estréias, das quais uma é realmente importante - "Anjos do Arrabalde - As Professoras", de Carlos Reichenbach, o grande premiado no XV Festival de Cinema Brasileiro de Gramado: melhor filme, melhor atriz (Betty Faria) e melhor atriz coadjuvante (Vanessa Alves). As outras duas estréias são "Máquina Mortífera", um policial com muita violência e "O Rapto do Menino de Ouro", filme de aventuras, na linha Indiana Jones. Fora isto, apenas reprises e continuações. Máquina Mortífera Em lançamento nacional "Máquina Mortífera" (cines Astor e Itália) chega com pretensões de fazer boa bilheteria, já que tem um argumento de agrado do grande público. Se o cine Vitória não tivesse fechado no início do ano, era o tipo do filme para ser exibido naquela saudosa sala. A propósito, também o Cinema I está fechado desde ontem, oficialmente para reformas (quais? quanto tempo?), e com isto o circuito de exibição se reduz ainda mais, sem maiores oportunidades de bons filmes ganharem uma segunda semana. As últimas duas programações do Cinema I foram esplêndidas produções distribuídas pela Columbia, com condições de serem lembradas entre os melhores do ano: "Deserto em Flor", de Eugene Corr e "O Romance de Murphy", de Martin Ritt (ambos comentados em detalhes, em nossa coluna "Tablóide", nos dias 19 e 26 de maio, respectivamente). Fica a sugestão para o bom Francisco Alves dos Santos reprisar estes dois ótimos filmes nas salas da Fundação, onde poderão fazer melhor carreira. Voltemos, porém, a "Lethal Weapon", direção de Richard Donner ("A Profecia, "Super-Homem", "The Toy", "Ladyhawke", "Os Goonies"), um diretor eficiente e que trabalhou aqui com dois bons intérpretes: Mel Gibson, ator revelado em "Mad Max", de Gerge Miller (e que retornou em "Mad Max II" e "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão"), já mostrou ser um ator marcante, em dramas como "Galipoli", e "O Ano Em Que Vivemos Perigosamente", de Peter Weill. Ao lado de Mel Gibson, o ator negro Danny Glover, marcante revelação (para o público) de "A Cor Púrpura", de Steven Spielberg - mas que já foi visto como o fazendeiro que se une a Sally Field em "Um Lugar No Coração" e o simpático "Mal" do Western "Silverado", além do policial que persegue Harrison Ford em "A Testemunha". Gibson e Glover interpretam Riggs e Murtaugh, dois veteranos do Vietnã, policiais na violenta Los Angeles. Martin Riggs é, numa frase só, "uma máquina de matar". Policial violento, amargurado pela morte da esposa, encarna um tira disposto a qualquer missão suicida, em contraposição a Roger Murtaugh, especialista em homicídios, com uma reputação sólida e uma ficha impecável. Juntos, eles têm que desvendar um crime complicado. Assim, há toques de "Cobra" (o fascistóide filme estrelado por Sylvester Stallone) neste thriller ambientado em L.A. - cidade que tem comparecido com regularidade como cenário de filmes de ação, o que se justifica pelas próprias facilidades de produção. No elenco de suporte de "Máquina Mortífera" não há nomes conhecidos: Gary Busey, Mitchel Ryan, Tom Atkins, Darlene Love e Tracy Wolfe. Já a trilha sonora é de Eric Clapton e Michael Kamen, com interpretações dos dois - mais o bom saxofonista David Sanborn. Pode ter momentos agradáveis. Nas Trilhas de Spielberg O esquema dos filmes de aventura de Steven Spielberg - especialmente "Indiana Jones" - mais o astro negro de maior popularidade atualmente na América - Eddie Murphy - e eis a fórmula para tentar um novo sucesso de bilheteria: "O Rapto do Menino Dourado" ("The Golden Child"), estréia de ontem no Condor - substituindo a deliciosa comédia "Perigosamente Juntos" ("Legal Eagles"), de Ivan Reitmann (com Robert Redford, Debra Winger, Dary Hannah e Terence Stamp), que a partir de amanhã volta ao Lido II - substituindo a comédia "Fábrica de Loucuras", que pelo visto não emplacou. Além da presença de Eddie Murphy ("48 Horas", "Trocando as Bolas", "Um Tira da Pesada"), "O Rapto do Menino Dourado" tem outras atrações. Por exemplo, os efeitos visuais, a cargo da famosa Industrial Light & Magic, de George Lucas. O próprio Murphy associou-se a esta produção dirigida por Michael Ritchie ("Corrida Para a Morte", "O Candidato", "A Ilha", "Assassinato por Encomenda"), com roteiro de Dennis Feldamm, fotografia de Donald Thorin e música de Michael Colombier - que já fez óperas-pop interessantes ("Wings") e é parceiro de Iana Purim, cantora/compositora brasileira. Aliás, na trilha sonora deste filme (editada pela EMI/Odeon), temos Ann Wilson cantando "The Best Man In The World" (John Barry/ Ann e Nacy Wilson), "Body Talk" e até um antigo sucesso de Irving Berlin, "Puttin On The Ritz". A história reúne elementos de fantasia com ação contemporânea: Chanler Jarrel (Eddie Murphy), um assistente social de Los Angeles, é encarregado por Kee Nang (Charlotte Lewis) para encontrar o "menino dourado" - que surge em cada mil gerações, com poderes mágicos para espalhar o Bem na Terra. A ação envolve vilões e heróis e tem, naturalmente, muitas seqüências no Oriente. Charles Dance interpreta Sardo, o misterioso e maléfico representante do diabo e a bela modelo Charlote Lewis, que estreou em "Piratas", de Polanski (inédito no Brasil, mas disponível em fita). Um filme aparentemente destinado ao público infanto-juvenil, mas que pode conquistar os adultos. Outras opções Infelizmente o belíssimo "Tangos - O Exílio de Gardel", de Fernando Solanas, não ganhou uma terceira semana no Luz e é substituído por um dos melhores filmes nacionais de 86 - "Fulaninha", de David Neves, com Cláudio Marzo, Katia D'Angelo, Flávio São Thiago (melhor ator coadjuvante/Gramado 86) e apresentando a bela e sensual Mariana de Moraes, neta do poeta Vinícius de Moraes e também a veterana atriz Maria Barreto Leite - que passa uma longa temporada e volta ao palco com o monólogo "Diálogos Comigo". Outra reprise interessante: "Lili Marlene", de Werner Fassbinder, com a bela Hanna Schygulla, Giancarlo Giannini e Mel Ferrer (cine Groff). Um dos melhores - e mais comunicativos - filmes de Fassbinder, levemente inspirado na canção que Marlene Dietrich consagrou nos anos 20 e que se tornou uma espécie de hino nostálgico dos soldados alemães durante a II Guerra Mundial. No Ritz, com ótimo público, continua "Platoon", de Oliver Stone. Seguramente uma das maiores bilheterias do ano. Também continuam em cartaz, "A Mosca" ("The Flay"), de David Grohemberg, com Jeff Goldblun e Geena Davies (Plaza), "A Casa do Espanto" ("House"), de Stive Miner (Palace Itália), e "Por Favor...Matem Minha Mulher" ("Ruthless People"), do trio Jim Abrahms, David e Jerry Zucker, com Bett Midler, Danny DeVito e Helen Slater (Lido I). Nas sessões de amanhã à meia noite e domingo, 10 horas, o Groff reprisa o belíssimo "Que Viva o México", que Sergei Eisenstein (1898-1948) rodou no México, em 1931, com financiamento do escritor Upton Sinclair, mas que não pode montar - o que só veio a acontecer na década de 70, por um de seus colaboradores daquela época. O documentário é belíssimo (existe também em vídeo, pela Globo) e merece ser revisto. No cine Luz, finalmente um novo programa para a garotada na manhã de domingo: "1.000 Façanhas do Lobo Bom", desenho russo de longa-metragem. LEGENDA FOTO - Danny Glover e Tracy Wolfe em "Máquina Mortífera", um thriller policial em lançamento nacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
14
29/05/1987

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