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Aramis

Cinema para Leitura - O que se publicou em 88 (I)

Como as opções cinematográficas têm se reduzido, sobra mais tempo para leitura. E para os cinéfilos nunca houve tantas opções à biografia que, até pouco, era mínima. Como bem observou o pesquisador Cosme Alves Neto, diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - que anualmente faz um levantamento do que é publicado em cinema no Brasil - "Apesar de todas as crises, nunca se editou tanto um tipo de literatura que seja consumida por especialistas". Em 1987 bateu-se o recorde: 23 textos originais foram editados, além de 13 traduções. Para orientação de nossos leitores, vamos dedicar duas colunas a respeito (registrando os livros de cinema que saíram em 1988, alguns dos quais, infelizmente, edições limitadas, de difícil acesso. Outros, nas livrarias - especialmente nas livrarias Curitiba, Ao Livro Técnico e do Chaim, as casas que mantém as melhores estantes especializadas em obras de arte. xxx O livro mais sofisticado e amplo sobre nosso cinema foi "História Ilustrada dos Filmes Brasileiros" (1929-1988), de Salvyano Cavalcanti de Paiva (Livraria Francisco Alves NCz$ 50.000,00). Em formato 33 x 30 centímetros, aborda os principais filmes realizados no Brasil entre 1929/88, com capítulos introdutórios a cada década e comentários específicos de 734 filmes selecionados. Contém índice onomástico e índice dos títulos de filmes. Apresentação de Geraldo Edson de Andrade. Na área de ensaios, há vários estudos interessantes: "O Negro Brasileiro e o Cinema", de João Carlos Rodrigues (Editora Globo, 122 páginas, com ilustração) sobre as diversas formas pelas quais o negro brasileiro é apresentado no cinema através de arquétipos e caricaturas. Prefácio de João Luiz Vieira, diretor da Cinemateca-MAM. "50 Anos de Cinédia", de Alice Gonzaga (Record, 176 páginas ilustradas) traça a história da produtora Cinédia e do homem que a construiu: Adhemar Gonzaga. Já "90 Anos de Cinema: Uma Aventura Brasileira", de Helena Salem, visualização gráfica da série de televisão apresentada pela Manchete, produção Metalvídeo, teve uma edição privada para as instituições Financeiras Sogeral. Em março será colocada nas livrarias pela Nova Fronteira. Em "Cinema e História de Brasil" (Editora Contexto-USP, 93 páginas) Jean-Claude Bernardet e Alcides Freire Ramos, fazem um estudo didático sobre as relações entre o cinema brasileiro e a história do Brasil. Em "Cinema: Literatura e Psicanálise" (Editora Pedagógica e Universitária, SP, 104 páginas), Antônio Carlos Pacheco da Silva Filho, faz uma análise, a partir da teoria psicanalítica, de alguns filmes e livros. xxx Em traduções, sem dúvida a obra mais importante editada no ano que passou foi a "Cidade das Redes" (City of Nets), de Otto Friedrich (tradução de Angela Melin com supervisão de Sérgio Augusto, 480 páginas, Companhia das Letras). Um magnífico ensaio sobre Hollywood dos anos 40, com bibliografia e índice remissivo. Outra interessante tradução é "Elenco de Assassinos" (A Cast of Killers), de Sidney Kirkpatrick, tradução de Newton Goldman, Editora Rocco, 272 páginas, com ilustrações). Trata-se de uma pesquisa iniciada pelo cineasta King Vidor (1895-1982), em 1967, para a preparação de um filme sobre o ator e diretor William Desmond Taylor (assassinado na década de 20) e retomada pelo autor que reúne suas próprias investigações àquelas de Vidor. "De Caligari a Hitler" (1947), de Siefried Krakauer, escrita em 1947 (tradução de Tereza Ottoni, Jorge Zahar Editora, 441 páginas, com ilustrações) é um clássico estudo sobre o cinema alemão entre 1895 e1933, incluindo apêndice sobre a propaganda e o filme de guerra nazista. Contém biografia e índice remissivo. Houve também coletâneas de críticos, ensaios e textos avulsos sobre cinema: "Cinema e Verdade" (Companhia das Letras, selecionados por Flora Christina Bender e Ilka Brunhilde Laurito, com prefácio de Carlos Augusto Calil. Orelha de Sérgio Augusto. "Cinema Brasileiro - Idéias e Imagens" (Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 112 páginas) é uma coletânea de artigos sobre cinema brasileiro, publicados pelo cineasta e ensaísta Carlos (Cacá) Diegues entre 1980/87. Volume 6 da coleção "Síntese Universitária". O cinema de Ingmar Bergman, através de cada um de seus filmes e sua posição na história do cinema sueco, foi analisado por Carlos Armando em "O Planeta Bergman" (Editora Oficina de Livros, Belo Horizonte, 344 páginas). Texto complementar de Álida Pantuzza. Uma coletânea de críticas de Ely Azeredo ("O Globo") estão em "Infinito Cinema" (Unilivros Cultural Ltda., RJ, 230 páginas). Já "A Anarquia da Fantasia" (Die Anarchie der Phantasie/Filme Befrein den Kpf. 1984-1986), organizado por M. Toeber, reúne vários textos de Rainier Werner Fassbinder (1946-1981), originalmente publicados em dois livros editados na Alemanha. Contém filmografia e teatrografia. Prefácio de Michael Toteberg e orelha de José Carlos Avellar (Jorge Zahar Editor, 212 páginas).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
27/01/1989

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