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Aramis

Clássicos

Definitivamente comprovado: existe um mercado sofisticado no Brasil que já justifica, plenamente, edições de coleções destinadas ao público classe A, requintado, de bom gosto. E as constantes edições de clássicos, jazz e [mesmo] trilhas sonoras comprovam isso. A Phonogram, uma das gravadoras de catálogo mais rico, em maio/junho/julho, está lançando uma nova fornada de discos de Pablo Records, de Norman Granz, que aqui registraremos nos próximos dias, enquanto que suas edições de música erudita aumentam cada vez mais. Além da música instrumental, a multinacional holandesa está intensificando agora o lançamento de caixas, contendo 4 ou 4 elepes, com óperas integrais. Na verdade, já há alguns anos ela vinha fazendo essa espécie de edições, mas agora está dando maior regularidade. Em menos de um mês colocou na praça duas óperas integrais que fazem a delícia dos apreciadores do bel-canto: "A Flauta Mágica", de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1910) compôs em seus últimos anos de vida e "Rigoletto" de Giuseppe Verdi (1813-1901), composta em 1851, da fase que seus biógrafos apontam como "maturidade" e na qual estão outras obras-primas operísticas como "La Traviata", "Il Trovatore" e "Les vêres siciliennes". "Die Zauberflote" (A Flauta Mágica) foi filmada, diretamente do teatro, por Ingmar Bergman, há dois anos e a produção lançada este ano no Brasil, contribuiu para divulgar mais esta belíssima ópera de Mozart. A Odeon lançou uma espécie de trilha sonora do filme, com as árias mais significativas e agora temos, a íntegra, ópera com a Orquestra Filarmônica de Berlim, sob regência de Karl Bohm, com [ o] Coro de Câmara Rias (maestro: Gunther Arndt) e os cantores líricos, cujos nomes são dos mais admirados pelos que apreciam o gênero: Franz Crass (baixo), Roberta Petters (soprano), Evelyn Lear (soprano), Fritz Wunderlich (tenor), Dietrich Discher- Dieskau (barítono), Lisa Otto (soprano), Hans Hotter (barítono), Martin Vantin (tenor), entre outros. Já "Rigoletto", de Verdi, libreto de Francesco Maria Piave, ópera em 3 atos, é oferecida num registro com os intérpretes do teatro Alla Scala, de Milão: coro sob regência de Roberto Benaglio e orquestra com direção de Rafael Kubelik. No elenco desta montagem participarão o tenor Carlo Bergonzi, barítono Dietrich Fischer-Dieskau, soprano Renata Scotto, baixo Ivo Vinco, contralto Fiorenza Cassoto, meio-soprano Mirella Fiorentini, baixo Lorenzo Testi, barítono Virgílio Carbonari, tenor Pierro Di Palma, baixo Alfredo Giacomotti, meio-sopranos Catarina Alda e tenor Gioseppe Morresi. Além da alta qualidade técnica e artística destas gravações integrais, as caixas são acompanhadas de um libreto e esclarecedores textos. Também para o mesmo público é outro lançamento da Phonogram/Deustche Grammophon: "Carmina Burana", com as chamadas "Cantiones profaene cantoribus et choris cantadae" da obra de Carl Orff, na interpretação de três marcantes artísticas líricos Gundula Janowitz (soprano), Gerhard Stolze (tenor) e Dietrich Fischer-Dieskay (barítono), com coro orquestra da Ópera Alemã de Berlim, sob regência de Eugen Jochum. Numa prova de que os grandes tenores também podem gravar música ligeira, o elepê "Be My Love" (Phonogram-Deutsche Grammophon, 2530700, junho/77), registra Plácido Domingo, há muito considerado o maior dos tenores europeus, interpreta "canzones" como "Granada" (Lara), "Core'ngrato" (napolitano, de Cordiferro/Cardillo), "Siboney" (D. Morse/Leucona), "Magic Is The Moonlight" (Grever), "Ich schenk dir eine neue Welt" e "Mattinata", entre outros. Uma espécie de "intermezzo" numa carreira brilhante, este lp de Plácido Domingo encontrou excelente aceitação. A RCA Victor, que tem na etiqueta Erato excelentes lançamentos de música erudita, acaba de colocar nas lojas um dos mais belos discos da temporada: "Chansons A Cappella", com o grupo vocal Philippe Caillard. Como ensina o especialista Carlos Vergueiro ("O Estado de São Paulo", 3/7/77), a expressão "a capella", significa "como na capela", "escrito para a capela". Trata-se de composições para canto coral, sem acompanhamento instrumental ou com acompanhamento uníssono ou oitavos, sem partes independentes. Algumas vezes pode ser sinônimo de "Canto Orfeônico". Neste belo elepê, com o coral de Philippe Caillard, temos uma série de canções " a capella", de autores franceses, todos nascidos no século XIX e falecidos no nosso tempo. Em ordem cronológica, o disco contém de Bussy (1862), "Três canções sobre rondôs de Carlos D'Orleans", obras de 1908 e Florent Schmidt, "Seis canções" editadas em 1942 de Maureci Ravel (1875), "Três canções" sobre versos de sua própria autoria, composta em 1815; de Darius Milhaud (1892), "Quatrains valaisans", obras de 1939 de Paul Hidmith (1895), "Seis canções originais, sobre poemas de Rainer Maria Rilke", compostas em 1939 e de Francis Poulenc (1899), "Cinco pequenas canções", obra de 1935. As interpretações do "Grupo Coral, da Caillard são perfeitas. Um excelente lançamento da RCA/Erato, enriquecida ainda por belíssima capa. Considerado um [das] maiores expressões da música sinfônica entre os séculos XIX e XX, o finlandês Jean Sibelius (1865-1957), tem uma de suas mais belas obras, a Sinfonia nº 2, em Ré Maior, opus 43, editada aogra no Brasil pela Orquestra Filarmônica de Londres, sob regência de John Pritchard, num registro original de Pye Records, aqui representada pela Chantecler. E pela CBS/Odyssey, um [álbum] marcante: "Bis Célèbres", com o violinista Jean-Jacques Kantorow e o pianista Jacques Rouvier, executando peças de autores como Henryk Wieniawsky, Paganini, Leclair, Tartini Saint-Saens, Szymanowsky, Polenk e Belá Bartok.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
29
17/07/1977

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