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Aramis

Clubes se esvaziam e as oposições se fortalecem

Pelo visto a crise financeira atingiu mesmo a classe média superior, haja visto o número de associados que estão em atraso com suas mensalidades nos mais diversos clubes. O advogado Athos Abilhoa, que encabeça a chapa "Cinco Estrelas", que hoje disputa a diretoria do Santa Mônica Clube de Campo, ficou impressionado com o "demonstrativo" de caixa do clube, assinado pelo contador Irani Presser e gerente financeiro Eduardo Lange Filho: dos Cr$ 28.321.904,7 que o Santa Mônica tem na coluna de "direitos", nada menos que Cr$ 21.680.707,00 constam como "taxa de manutenção a receber". Calculando-se que o "maior da América do Sul" (sic) já conta com cerca de 8 mil sócios, é de imaginar que a maioria dos sócios está sem pagar há tempos. As dívidas do clube somam Cr$ 13.658.115,59, entre obrigações trabalhistas, financiamentos e descontos em bancos, além de Cr$ 4.484.007,33 a fornecedores. xxx Ao decidir concorrer a reeleição, o atual presidente Ivo Arzua Pereira [se] dispôs a um risco. Afinal para um homem que já ocupou a Prefeitura de Curitiba, em eleições diretas, e, posteriormente, no governo Costa e Silva, foi ministro da Agricultura e um dos signatários do AI-5, o risco de perder uma eleição clubística não deixa de ter reflexos políticos. Homem de amplo relacionamento em alguns setores, bom administrador, Arzua não esconde seus sonhos de voltar a ocupar cargos públicos. Há dois anos, procurado por um grupo de associados descontentes com os propósitos continuistas do industrial Ari de Paiva Siqueira, aceitou encabeçar uma chapa oposicionista. Eleito com uma boa margem de votos, imaginava-se que não se deixaria morder pela mosca-azul do continuismo - já que foi este o pecado que levou o campeão-de-tiro Leonel Amaral a sofrer fragorosa derrota, em 1976, quando os associados revoltados com as suas constantes e nebulosas reeleições, apoiaram vigorosamente a Ari de Paiva Siqueira, até então anônimo industrial do setor madeireiro, que ao menos interrompeu o continuismo do grupo que detinha o poder do clube desde a sua formação, há 18 anos passados. E a disposição de evitar que o continuismo prossiga agora, com o grupo de Ivo Arzua Pereira, é que solidificou a campanha de Athos Abilhoa, advogado dos mais (bem) relacionados na cidade, e cuja chapa recebeu inúmeros apoios nos últimos dias - o que torna a eleição de hoje tão movimentada quanto foi a dos últimos 2 anos. Surpreendente foi a atitude do engenheiro Ivo Arzua Pereira: irritou-se com notícias publicadas a respeito da chapa de oposição, ao ponto de ter rompido com pessoas que não se dispuseram a badalar a sua reeleição. Para um homem que já disputou eleições diretas e deve aceitar as regras da Democracia, uma atitude no mínimo surpreendente. Principalmente porque a oposição manteve as críticas em nível mais elevado, não caindo em momento algum na retaliação pessoal. xxx Pelo menos 16 sócios do Centro Israelita do Paraná não apoiarão o nome de Jacques Riegler para uma reeleição. Afinal, não devem ter gostado de terem seus nomes publicados num "edital de intimação", convocando-os "a saldarem seus débitos em atrasos e superiores ao limite estatutário permitido". Os sócios convocados publicamente pelo Conselho Diretor do CIP são os seguintes: Peter Aizescu, Paulo Roberto Bronfman, Szloma Diamant, Jaques Hamani, Wolf Ingberman, Waldemar Pudles, José Szchman, Isaac Szwarc, Bernardo Tockus, Yucuda Yonayov, Josef Miguel Kalter, Josef Kohane, Melvim Kohane, Wolf Zockner, Bernardo Boiko e Flávio Slud.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
14/12/1980

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